Francesa perdeu R$ 5,13 milhões após acreditar que estava tendo um relacionamento virtual com o ator a partir de imagens geradas com inteligência artificial. Brad Pitt posa no tapete vermelho do Globo de Ouro 2020
Jordan Strauss/AP
Depois de perder todas as suas economias para um “falso Brad Pitt” criado com inteligência artificial, uma francesa de 53 anos tenta encontrar os golpistas na Nigéria, um país onde esse tipo de fraude é comum.
Os criminosos enganaram a vítima, identificada como Anne pela emissora francesa TF1, fazendo-a acreditar que estava tendo um relacionamento virtual com a estrela de Hollywood de 61 anos, usando fotos geradas por inteligência artificial.
O caso ilustra como criminosos nigerianos, conhecidos por suas artimanhas na internet, usam novas tecnologias para enganar suas vítimas.
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Segundo o relato de Anne ao TF1, alguém se passando pela mãe de Brad Pitt a contatou no Instagram depois que ela postou algumas fotos esquiando nas montanhas francesas.
Os golpistas a convenceram de que o ator precisava urgentemente de dinheiro para pagar um tratamento renal porque suas contas estavam congeladas devido ao processo de divórcio de Angelina Jolie.
A advogada da vítima, Laurène Hanna, disse que sua cliente perdeu 830 mil euros (5,13 milhões de reais).
Anne e seu advogado recorreram ao fundador de um site de rastreamento de golpistas que, segundo o jornal francês Le Parisien, os localizou na Nigéria.
“Yahoo Boys”
O país mais populoso da África é conhecido por ser a base de muitos golpistas digitais, conhecidos em sua comunidade como “Yahoo Boys”.
A presença deles na cultura popular não para de crescer desde que o astro da música afrobeat Olu Maintain lançou sua música “Yahooze” em 2007, que elogia esses criminosos.
Desde então, muitas músicas sobre esses criminosos cibernéticos se tornaram grandes sucessos na Nigéria.
A inteligência artificial deu a eles “uma nova ferramenta” que “apagará o grande avanço feito” no combate a esses crimes, disse o especialista em crimes cibernéticos Timothy Avele.
Em julho, a Meta, dona do Instagram, Facebook, Threads e WhatsApp, removeu 63.000 contas do Instagram vinculadas a golpes de extorsão sexual no país do oeste da África.
Nesses casos, os criminosos geralmente se passam por mulheres jovens e convencem homens ou adolescentes a enviar fotos comprometedoras para que possam extorquir dinheiro deles.
Cerca de dois meses após a decisão de Meta, dois irmãos nigerianos, Samuel e Samson Ogoshi (24 e 21 anos), foram condenados a 210 meses de prisão cada um por terem “explorado sexualmente e extorquido mais de 100 vítimas”, incluindo 11 menores.
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Máfias estrangeiras
“Máfias estrangeiras do crime cibernético” também estão tirando proveito das fraquezas da Nigéria nessa área e encontram no país “um lugar lucrativo para estabelecer seus centros de operações”, diz Avele.
O porta-voz da agência anticorrupção Comissão de Crimes Econômicos e Financeiros (EFCC), Dele Oyewale, diz que sua equipe está preparada para “combater todos os crimes emergentes, incluindo aqueles baseados em IA”.
No mês passado, a EFCC disse ter prendido 792 suspeitos em uma única operação em um bairro nobre de Lagos, centro econômico e comercial da Nigéria. Pelo menos 192 suspeitos eram estrangeiros, 148 deles chineses, disse a agência.
Seu porta-voz disse que gangues estrangeiras recrutam cúmplices nigerianos para procurar vítimas na Internet, especialmente nos Estados Unidos, Canadá, México e Europa.
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