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Canal do Panamá ‘não é uma concessão nem um presente’ dos EUA, diz presidente panamenho


José Raúl Mulino rejeitou ameaças de Donald Trump, que prometeu retomar o controle do canal. Pessoas tiram fotos próximos ao Canal do Panamá a partir de um novo mirante. O canal completa 98 nesta quarta (15).
Arnulfo Franco/AP
O Canal do Panamá “não é uma concessão nem um presente” dos Estados Unidos, disse o presidente panamenho, José Raúl Mulino, nesta quarta-feira (22) após novas ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, de “retomar” o controle da hidrovia interoceânica.
Em uma mesa redonda no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, Mulino rejeitou “tudo o que o Sr. Trump disse, primeiro porque é falso e, segundo, porque o Canal do Panamá pertence ao Panamá e continuará a pertencer ao Panamá”.
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“O Canal do Panamá não foi uma concessão ou um presente dos Estados Unidos. O Panamá está avançando, o Panamá não se distrai com esse tipo de pronunciamento”, afirmou Mulino.
Mulino também demonstrou destempero ao ser perguntado se temia uma possível invasão dos EUA, à qual respondeu “fala sério, fala sério”.
Em seu discurso de posse na segunda-feira (20), Trump reiterou sua intenção de assumir o controle do Canal do Panamá. “A China está operando o Canal do Panamá e nós não o demos à China. Nós o demos ao Panamá e vamos tomá-lo de volta”, afirmou.
No entanto, o presidente panamenho defende, como disse na segunda-feira, que o canal “não foi uma concessão de ninguém”, mas o resultado de lutas populares e dos tratados assinados em 1977 pelo então presidente Jimmy Carter, segundo os quais o controle do canal foi entregue ao Panamá em dezembro de 1999.
Por sua vez, a China insistiu novamente na quarta-feira que “não participa da administração e da operação do canal e nunca interferiu nos assuntos do canal”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, nesta quarta-feira.
“Não se pode passar por cima do direito internacional público (…) para impor critérios em uma era muito distante da de Teddy Roosevelt”, disse o presidente panamenho em Davos, referindo-se ao presidente dos EUA que supervisionou a construção do canal interoceânico há mais de um século.
Mulino pediu cooperação com Washington em outras questões, principalmente de segurança.
“A partir dessa crise, vamos chamá-la de crise, também deve haver oportunidades de trabalhar em outras questões que nos interessam com os Estados Unidos e nas quais temos trabalhado ao longo do tempo, questões de segurança”, disse ele. “Temos um enorme problema de migração na fronteira com a Colômbia”, disse ele.
O Canal do Panamá, construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, tem os Estados Unidos e a China como seus dois maiores usuários.
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