O futebol brasileiro sofre com um calendário que desafia a lógica. Entre a base e o profissional, surgiu uma categoria não oficial: o “time do estadual”.
Esse Frankenstein tático e físico existe para encher estádios e equilibrar contas, mas sacrifica o espetáculo, a integridade dos atletas e o futuro do esporte.
Com estaduais comprimidos em dois meses, clubes grandes montam elencos paralelos com jogadores fora de forma, mas que atendem ao mínimo exigido.
Para os técnicos, o desafio é cruel: obter resultados em uma pré-temporada apressada e, ao mesmo tempo, preparar o elenco para competições mais importantes.
Impacto no futebol do Avaí
O impacto vai além do presente. O Avaí, na última Copa São Paulo, é um exemplo disso. Enquanto a Copinha deveria revelar talentos, alguns atletas ficaram em Florianópolis para compor o elenco no estadual, forçando o clube a recorrer ao sub-15 e ao sub-17. O resultado foi uma participação abaixo do esperado na maior vitrine da base no Brasil.
Esse atropelo não afeta apenas os clubes, mas o futebol nacional. Com elencos enfraquecidos e jogos de baixa qualidade, o público se afasta.
Estaduais que antes lotavam estádios se tornaram fardos obsoletos, sem retorno esportivo ou financeiro relevante. Se queremos preservar o esporte, é urgente repensar o calendário, priorizar a base e valorizar o torcedor. Caso contrário, estaremos destruindo uma paixão nacional e transformando um patrimônio cultural em um espetáculo vazio.