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Mulher morta em acidente com táxi clandestino passou festas de fim de ano com a família e voltava para Venezuela: ‘Amava os netos’


Migdalia Josefina Zamora, de 68 anos, era venezuelana de El Tigre e sempre que podia visitava família que vive em Boa Vista. Motorista do táxi clandestino também era migrante e vai responder por homicídio culposo e exercício ilegal de profissão. Migdalia Josefina Zamora tinha 68 anos e sofreu politraumatismo com o impacto da batida
Katiuska Zamora/Arquivo pessoal
Um vídeo de Migdalia Josefina Zamora dançando na véspera de 2025 é a última lembrança da mãe que a migrante venezuelana Katiuska Zamora, de 48 anos, tem guardada. A idosa de 68 anos morreu no acidente envolvendo táxi clandestino nessa quarta-feira (8), em Roraima. Ela tinha passado as festas de fim de ano com a família em Boa Vista e voltava para a Venezuela, onde vivia.
“Ela era alegre e amava os netos. Vai fazer muita falta”, disse a filha, emocionada, enquanto aguardava a liberação do corpo da mãe no Instituto Médico Legal (IML), em Boa Vista, na manhã dessa quinta (9).
O velório de Migdalia deve ocorrer nesta sexta (10) na casa de um dos filhos, onde ela passou os últimos dias de vida.
Ela viajava no táxi clandestino com um neto de 13 anos, que se feriu sem gravidade. Além dela, também morreu no acidente o migrante José Gregorio Guerra Rondon, de 40 anos – o corpo dele estava no IML até essa quinta aguardando familiares.
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O acidente ocorreu quando o carro clandestino entrou na contramão e bateu de frente com uma minivan de transporte intermunicipal, onde estavam o motorista e sete passageiros, na BR-174, em Pacaraima – todos tiveram lesões leves.
Acidente entre os dois carros na BR-174, em Pacaraima
Arquivo pessoal
O motorista do carro clandestino chgou a ser preso em flagrante, mas vai responder em liberdade pelos crimes de homicídio culposo na direção de veículo automotor e exercício ilegal de profissão.
“Minha mãe estava feliz e pensava um dia morar no Brasil”, afirmou a filha.
Migdalia era mãe de nove filhos e avó de “muitos netos”, como disse a filha. A idosa vivia na cidade de El Tigre, no estado venezuelano de Anzoátegui, distante 1034 km de Boa Vista, onde será sepultada.
Nas festas de Natal e Ano Novo, filhos e netos celebraram a visita dela com hallaca, um prato típico símbolo da ceia natalina venezuelana.
Com o impacto da batida entre os carros, Migdalia sofreu hemorragia intracraniana, traumatismo cranioencefálico grave causado por ação contundente e politraumatismo, conforme laudo do IML.
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Passagem em táxi clandestino custou R$ 1,2 mil
Katiuska disse que mãe ia pagar R$ 1,2 mil para a viagem entre Boa Vista a El Tigre no transporte clandestino. Segundo a filha, da capital roraimense a idosa iria até Pacaraima, na fronteira, depois pegaria outro carro até Santa Elena e, de lá, seguiria para El Tigre.
“Não conhecíamos esse motorista, ele foi indicação de um conhecido. Mas minha mãe já tinha feito viagens com essa ‘empresa'”, disse a filha, acrescentando que na hora do acidente era para a mãe estar com o dinheiro, mas a família não sabe o que aconteceu com o valor.
“Sumiu no acidente. Ela costumava guardar em uma carteira e colocava dentro da roupa”, disse a filha. Além do dinheiro, Katiuska também levada um fardo de alimentos e uma mochila com roupas dela e do neto adolescente, mas os pertences também não foram localizados.
A única coisa de Migdalia que a família conseguiu recuperar foi o celular. Segundo a família, o neto adolescente pegou o aparelho e conseguiu avisar Katiuska sobre o acidente. O menino teve um leve ferimento na perna, foi transferido para o Hospital Geral de Roraima, onde recebeu alta.
A Polícia Civil informou que foram entregues na delegacia apenas dois aparelhos celulares e documentos pessoais. “Não foi entregue qualquer valor em espécie ou outros itens materiais. Todos os bens apresentados foram devidamente catalogados em auto de apreensão.”
Carro clandetisno bateu de frente com carro legalizado do transporte intermunicipal de Boa Vista a Pacaraima
Reprodução
Cooperativa faz alerta sobre táxis clandestinos
A minivan onde estavam o motorista e os sete passageiros feridos sem gravidade é vinculada à Cooperativa de Transporte Alternativo de Pacaraima e Boa Vista (Cootap). Após o acidente, a instituição divulgou uma nota e fez um alerta sobre os riscos de andar em táxis clandestinos, como o que Migdalia estava.
“Esse triste incidente chama atenção para a crescente irresponsabilidade de transporte clandestinos que atuam sem qualquer regulamentação, oferecendo riscos incalculáveis à sociedade. Além de não seguirem os padrões de segurança exigidos, esses condutores ilegais desrespeitam as normas do transporte intermunicipal colocando vidas em perigo”, divulgou.
O presidente da Cootap, Leandro Passos, disse que, muitas vezes, pessoas que atuam com transporte clandestino ofertam aos passageiros “facilidades”, como buscar e deixar no endereço do passageiro. “Como passageiro muitas vezes tá cansado, ele só quer viajar”.
“Sabemos que acidentes são coisas que acontecem, são percalços que podem acontecer com qualquer pessoas, seja legalizado ou não legalizado. Nós sabemos disso, somos conscientes. Mas quando você anda num veículo dentro da legalidade você tem para onde recorrer em caso de imprevisto”, alertou Passos.
O acidente foi na comunidade Indígena Nova Esperança, a 5 km da sede do município de Pacaraima.
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