O início do ano é aquele momento em que tudo parece mais leve: férias escolares, pausas no trabalho. Mesmo para aqueles que seguem trabalhando, é um período mais tranquilo, pois as responsabilidades profissionais ou pessoais, que ao longo do ano parecem nunca ter fim, dão uma trégua. Com isso, sobra tempo para focar em algo que muitas vezes deixamos de lado: cuidar um pouco mais de si. Entretanto, o que pode parecer positivo também esconde uma armadilha, caso esse investimento aconteça apenas nesta época do ano.
Saúde mental é fundamental. Sem ela, nada funciona. Como trabalhar, estudar ou se relacionar de forma satisfatória quando estamos cansados, estressados, impacientes, ansiosos ou, em casos mais graves, depressivos? Tudo exige muito mais esforço. Por outro lado, tudo se torna mais agradável- e mais fácil de ser cumprido- quando estamos equilibrados emocionalmente. O problema é que, na maioria das vezes, só percebemos a importância da saúde mental quando adoecemos.
Vivemos em uma sociedade competitiva que valoriza a produtividade acima de tudo, o que leva muitos de nós a deixar em segundo plano, ou até mesmo negligenciar, a necessidade de autocuidado. O lazer é vivenciado com culpa por não ser “produtivo”, mas nem sempre nos damos conta disso.
Desconectar das exigências atuais, em uma sociedade que cobra tudo para ontem, não é fácil, principalmente quando ligamos no piloto automático. Movidos por preocupações excessivas e sentimentos de ineficiência, muitas vezes levamos ao extremo as pressões sociais de metas e ideais inatingíveis, que impactam a saúde mental. O resultado? Aumento da ansiedade e, muitas vezes, esgotamento.
O mais curioso é que muita gente acredita que descansar no final de semana ou tirar algumas semanas de férias é suficiente para recarregar as energias. Embora essas pausas ajudem, o resultado depende do estilo de vida diário de cada pessoa.
O autocuidado deve ser uma prática contínua, incorporado à rotina e não apenas reservada para momentos específicos do ano. Investir mais tempo em si deve ser encarado como uma espécie de dever. Não um dever imposto por obrigação e que, muitas vezes, nos causa mal estar, mas sim algo associado ao prazer e bem estar psicológico.
É essencial criar espaços na agenda para atividades que promovam prazer e bem-estar, como ler um livro, ouvir música, praticar exercícios ou qualquer outra ação que tenha significado para você, já que não há um padrão único. O que funciona para uma pessoa pode não fazer sentido para outra.
Por isso, reveja prioridades, assuma menos compromissos, reorganize o tempo, peça ajuda quando necessário e mude a rotina. Acima de tudo, lembre-se que, seja qual for a ação adotada, não podemos esquecer de uma regra básica: preservar momentos para aquilo que te faz bem é um ato de amor-próprio. Portanto, valorize-se. Sua saúde mental agradece. Créditos: Joselene L. Alvim- Psicóloga