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Queda de ponte entre Tocantins e Maranhão completa duas semanas e três pessoas continuam desaparecidas em rio 


Os corpos de 14 pessoas foram localizados e apenas um homem sobreviveu à tragédia na BR-226. Buscas seguem com equipamentos tecnológicos e mergulhadores. Buscas de vítimas após queda da ponte de Estreito, entre o TO e o MA
Luiz Henrique Machado/Corpo de Bombeiros
A queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga os estados do Tocantins e do Maranhão, completou duas semanas neste domingo (5). São 14 dias de luto para as famílias de 14 vítimas localizadas e angústias aos parentes de três pessoas que ainda estão desaparecidas nas águas do Rio Tocantins.
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O desabamento da ponte aconteceu na tarde do dia 22 de dezembro de 2024. Era pouco antes das 15h quando o vão central da estrutura, que tinha mais de 60 anos, se rompeu levando junto aos escombros dez veículos e seus ocupantes. Ao todo, 18 pessoas foram vítimas do colapso da ponte, sendo que apenas um homem conseguiu sobreviver.
Antes da ponte cair, moradores dos dois estados já alertavam as autoridades sobre a situação da estrutura. A queda aconteceu no exato momento que o vereador de Aguiarnópolis, Elias Júnior (Republicanos), filmava o local para denunciar os problemas da ponte que liga a cidade a Estreito, no Maranhão.
Ela servia de travessia entre os estados e para atender o corredor Belém-Brasília desde a década de 1960, quando foi inaugurada. Segundo documentos de inspeção feita em 2019 pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), houve uma recuperação estrutural entre os anos de 1998 e 2000, mas passados mais de 20 anos, ainda havia muito o que fazer para torná-la segura. A Polícia Federal e órgãos ministeriais estão apurando as causas do desmoronamento.
Ao longo das últimas duas semanas, os trabalhos da Marinha do Brasil, Corpo de Bombeiros Militar, Defesa Civil, polícias Civil e Militar dos dois estados e outros órgãos se concentraram no resgate às vítimas que afundaram junto com os veículos.
Para isso, foi preciso empregar o trabalho de mergulhadores e equipamentos de última geração para analisar a situação dos veículos que caíram no Rio Tocantins. Ao todo, são quatro caminhões, duas caminhonetes, um carro e três motos.
Fotos usadas em relatório do Dnitsobre a ponte entre o TO e o MA, finalizado em 2020
Divulgação/DNIT
Primeiras preocupações
Na primeira semana, a preocupação se formou em torno das cargas que estavam sendo carregadas pelos caminhões. Dois estavam com 70 toneladas de ácido sulfúrico e um com 22 mil litros de agrotóxicos. Tanto que foi preciso suspender os trabalhos dos mergulhadores nos primeiros dias para análise da situação da água e descartar ou afirmar possível vazamento das cargas, que comprometeria ainda o meio ambiente.
Até a autorização das equipes para conseguirem chegar ao fundo do rio, os corpos de algumas vítimas acabaram submergindo, permitindo assim o resgate na superfície.
No dia 25 de dezembro, equipes da Secretaria do Meio Ambiente do Maranhão e da Marinha informaram que não houve contaminação na água, por isso as buscas com mergulhadores foram retomadas.
Por causa dos riscos perto dos pilares da ponte que ainda ficaram em pé, foi preciso instalar equipamentos para medir possíveis abalos na estrutura e garantir a segurança dos mergulhadores.
Buscas pelas vítimas de ponte são retomadas após instalação de sensores em pilares
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Profundidade dificulta
O ponto do Rio Tocantins por onde a ponte JK atravessava tem cerca e 48 metros de profundidade. Além desse fator, os escombros acabaram dificultando as buscas pelos desaparecidos.
Para os trabalhos, estão a força-tarefa organizada com os mergulhadores e utiliza drones e equipamentos subaquáticos da Polícia Federal, da Transpetro/Petrobras e da Marinha do Brasil. Também integram as equipes 87 militares da Marinha, além dos 20 militares que participam remotamente, em Belém (PA), do planejamento e da logística da operação.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) organizou profissionais papiloscopistas e legistas na força tarefa, que trabalham na identificação e liberação dos corpos.
Conforme a Marinha, foram disponibilizados veículos subaquáticos operados à distância (ROVs), que permitem a realização de investigações em ambientes aquáticos de difícil acesso, garantindo segurança tanto para as equipes de mergulho quanto para as operações de resgate.
Equipados com câmeras e iluminação, os robôs ROVs possibilitam visualizar e mapear o fundo do rio, identificando possíveis vítimas e objetos de interesse sem a necessidade da presença de mergulhadores, conforme explicou o almirante
Marinha faz registro durante buscas por desaparecidos no rio Tocantins
Vítimas
Nas duas últimas semanas foram encontrados 14 dos 17 corpos desaparecidos após a queda da ponte. As buscas tentam localizar mais três pessoas.
Veja quem são as vítimas encontradas:
Na terça-feira (24), o corpo de Lorranny Sidrone de Jesus, de 11 anos, foi encontrado no rio, segundo os bombeiros do Maranhão. Ela estava em um caminhão que transportava portas de MDF, com origem em Dom Eliseu, Pará.
Por volta das 9h, também foi achado o corpo de Kecio Francisco Santos Lopes, de 42 anos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ele era o motorista do caminhão de defensivos agrícolas.
Ainda na terça-feira (24), por volta das 11h20, o corpo de Andreia Maria de Souza de 45 anos foi encontrado. Ela era motorista de um dos caminhões que carregavam ácido sulfúrico.
No domingo (22), o corpo de Lorena Ribeiro Rodrigues de 25 anos foi localizado. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que ela é natural de Estreito (MA), mas morava em Aguiarnópolis (TO).
Um homem de 36 anos foi encontrado com vida por moradores e levado ao hospital de Estreito.
Na quarta-feira (25), foram localizados os corpos de Anisio Padilha Soares, de 43 anos, e de Silvana dos Santos Rocha Soares, de 53 anos.
Na manhã de quinta-feira (26), mergulhadores localizaram dois corpos dentro de um veículo no fundo do rio. Um dos corpos é de Elisangela Santos das Chagas, de 50 anos, e foi resgatado na sexta-feira (27), após se desprender e aparecer na superfície no rio. O segundo corpo é de Ailson Gomes Carneiro, de 57 anos, e foi resgatado por mergulhadores na manhã de domingo (29).
Rosimarina da Silva Carvalho, de 48 anos, teve o corpo foi localizado no final da tarde de quinta-feira (26) fora da área de mergulho, a aproximadamente 16 km do local do desabamento.
Dois corpos foram encontrados dentro de um veículo voyage branco no fundo do rio no domingo (29). As vítimas foram retiradas na noite de terça-feira (31) e identificadas como Cássia de Sousa Tavares, de 34 anos, e a filha Cecília Tavares Rodrigues, de 3 anos. Elas são esposa e filha do homem que foi resgatado com vida.
Durante as buscas de domingo (29), Beroaldo dos Santos, de 56 anos, foi localizado em uma cabine de um caminhão. A vítima foi retirada da água no fim da manhã de quarta-feira (1º).
Na manhã de sexta-feira (3), um corpo foi encontrado no rio Tocantins, mas ainda não foi identificado.
Por volta das 10h25 de sábado (4), um corpo foi encontrado no rio Tocantins, mas ainda não foi identificado.
Vítimas da queda da ponte que ligava o Maranhão ao Tocantins
Arquivo pessoal
Trânsito interrompido, balsa e alternativas
Sem a ligação entre o Tocantins e Maranhão, os motoristas que precisariam passar pela ponte estão tento que optar por desvios em outras cidades da região nas últimas semanas, o que pode aumentar o trajeto das viagens. A situação vai permanecer até o início das operações da balsa no Rio Tocantins, promessa do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) em parceria com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
A travessia entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA) por meio de balsa teve o início anunciado duas vezes pelo Governo Estadual. Mas segundo a Marinha do Brasil, a empresa que vai ser responsável, a Pipes Navegações, atrasou a entrega da documentação necessária e também houve atrasos nas construções de acessos às margens.
Na sexta-feira (3), foram feitos testes com uma balsa de travessia usada somente para pedestres. A Marinha informou à TV Anhanguera que a liberação das balsas só deve ocorrer após o ajustamento de todos os trâmites.
A nova previsão é que a balsa para pedestres comece a fazer a travessia na segunda-feira (6). Para veículos, ainda não tem data marcada, mas deve ser em torno de um prazo médio de 20 dias.
Teste com balsa aconteceu na sexta-feira, no Rio Tocantins
TV Anhanguera/Reprodução
Desvios
A PRF alertou que os motoristas podem fazer o seguinte desvio para seguir viagem entre o Tocantins e Maranhão:
Sentido Belém/Brasília via Imperatriz/MA
Pela BR-010, sentido Belém/Brasília, em Imperatriz/MA, entrar à direita no km 249,6, na rotatória; atravessar a Ponte Dom Affonso Felippe Gregory; continuar pela TO-126 até Sítio Novo do Tocantins/TO; seguir para Axixá do Tocantins/TO pela TO-201; continuar pela TO-134 para São Bento do Tocantins/TO, seguir pela BR 230 para Luzinópolis/TO e, então, Aguiarnópolis/TO; acessar a BR-226 e seguir em direção a Brasília/DF.
Sentido Brasília/Belém via Aguiarnópolis/TO
Em Aguiarnópolis/TO, seguir pela BR-230 em direção a Luzinópolis/TO e São Bento do Tocantins/TO; seguir em direção a Axixá do Tocantins/TO, continuando pela TO-134; seguir pela TO-201 até Sítio Novo do Tocantins/TO; continuar para Imperatriz/MA pela TO-126; atravessar a Ponte Dom Affonso Felippe Gregory; acessar a BR-010 e seguir em direção a Belém/PA.
Alternativa para quem segue de Balsas/MA a Brasília/DF
De Balsas/MA, seguir para Carolina/MA; realizar a travessia do rio Tocantins na balsa para Filadélfia/TO; seguir pela TO-222 até Araguaína/TO; acessar a BR-153 e seguir em direção a Brasília/DF.
Alternativa para quem segue de Brasília/DF a Balsas/MA
Em Araguaína/TO, seguir pela TO-222 até Filadélfia/TO; realizar a travessia do rio Tocantins na balsa para Carolina/MA; seguir pela BR-230 para Balsas/MA.
Futuro da ponte
Partes da ponte que ainda estão resistindo em pé, inclusive com veículos em cima, provavelmente serão implodidas para a construção da nova estrutura já anunciada pelo Governo Federal. De acordo com o DNIT, ainda não há data para a demolição já que, no momento, os trabalhos no local se concentram na localização e resgate dos desaparecidos.
A realização da implosão controlada também vai depender da avaliação para para retirar os veículos que ainda estão no que restou da ponte. Todo o procedimento será feito junto com a empresa contratada para construção da nova estrutura e demais entidades e órgãos envolvidos.
Na sexta-feira (3) foi assinada a ordem de serviço para a construção e as etapas seguintes serão feitas no âmbito do contrato da nova ponte. O prazo para entrega da obra é de um ano, segundo o DNIT.
Ponte entre Maranhão e Tocantins desaba sobre rio
Arte/g1
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