Pelo menos sete pessoas têm mandados de prisão expedidos pela Justiça, mas ainda não foram presas. Em três casos, julgamento já terminou e réus estão soltos. Pelo menos sete pessoas procuradas pela Justiça na região de Ribeirão Preto (SP) continuam vivendo em liberdade mesmo anos após os crimes cometidos.
Algumas delas já acusadas e outras suspeitas de homicídios, todas têm mandados de prisão em aberto, mas seguem foragidas. Em três dos casos, os julgamentos até já aconteceram e estas pessoas foram condenadas.
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Para o advogado João Pedro Silvestrini, uma das explicações pode ser a própria condição geográfica brasileira, que possibilita a fuga para locais distantes daqueles onde o crime aconteceu.
“O Brasil é um país muito grande, suas fronteiras são muito vastas e, geralmente, não são tão fiscalizadas por conta do tamanho. Então, estas pessoas costumam ou se evadir para o exterior, passando por uma fronteira sem fiscalização da Polícia Federal, ou fugir para um outro estado muito afastado do seu local de origem”.
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Na sexta-feira (3), Daniel Valeriano de Brito, de 39 anos, suspeito de espancar e matar Francisco Machado Fortuna, namorado da ex-companheira, foi preso em Petrolina (PE), a 2.124 quilômetros de distância de Ribeirão Preto.
O crime aconteceu no dia 31 de outubro e ele estava foragido desde 1 de novembro, quando teve a prisão decretada. O caso chamou a atenção pela brutalidade das agressões. (veja vídeo abaixo – imagens fortes)
Homem é espancado no meio da rua ao chegar em casa em Ribeirão Preto; VÍDEO
Segundo Silvestrini, até o fato de o país contar com muitas florestas, zonas rurais e comunidades pode ajudar foragidos a se esconderem da Justiça, mas ele diz que ‘é uma ilusão acreditar que a vida vai ser normal’.
“Essa pessoa não vai conseguir, por exemplo, ter uma carteira de trabalho. O patrão pede certidão negativa, se ela for registrada. Se ela precisa passar por atendimento médico na UPA, pode chegar a ser presa porque precisa de um documento de identificação, se renova um documento no Poupatempo, pode sair presa de lá, todos esses dados estão conectados no Poder Público. Aí, geralmente, ela começa a praticar outros crimes, falsificar documentos, praticar golpes para conseguir dinheiro, e a vida dela vai se tornando cada vez mais difícil, a pena vai aumentando”.
Suspeitos foragidos
Entre as pessoas que se encontram foragidas neste momento, estão três suspeitos de matar um empresário e a advogada dele em um galpão abandonado em Jardinópolis (SP). O crime aconteceu no dia 30 de outubro do ano passado.
Carlos Alberto Orioli Salomão é investigado por atirar no irmão, Rogério Salomão, por conta da herança da família. Ele teve a prisão decretada dois dias após o crime, em 1 de novembro.
Carlos Salomão Rogério Salomão Jardinópolis, SP
Arquivo pessoal
O filho dele, Bruno Carlos Orioli, e o funcionário, Wagner Queiroz do Nascimento também estão envolvidos.
Procurada pela EPTV, afiliada da TV Globo, as defesas de Salomão e do filho disseram que entraram com um pedido para derrubar as prisões preventivas, mas não tiveram uma decisão da Justiça até o momento. O advogado de Wagner não deu retorno até a publicação desta reportagem.
Outros três foragidos já foram condenados pelos crimes. Em um dos casos, o homicídio aconteceu há mais de dez anos.
Erick Mateus de Oliveira Arantes, que pulou da janela do prédio da Polícia Federal enquanto prestava depoimento, também está na lista. Ele foi detido após ser flagrado com uma carga de cigarros contrabandeados, no dia 28 de agosto de 2024.
Para Silvestrini, há esperança de captura de todos eles, uma vez que os crimes não prescrevem.
“A prescrição é bastante difícil, porque temos prazos muito grandes no nosso jurídico, quase 30 anos. É muito raro de acontecer”.
Erick Arantes fugiu após pular do prédio da Polícia Federal, em Ribeirão Preto, SP, enquanto prestava depoimento
Redes sociais
Condenados foragidos
Três dos foragidos já foram condenados por homicídios cometidos em 2008, 2012 e 2016. Os casos vão desde atropelamento após discussão até tiro nas costas por briga causada por cone de trânsito e morte por ciúmes.
Veja abaixo caso a caso:
Alexandre Luis Maturana – condenado por homicídio duplamente qualificado em dezembro de 2016
O advogado é acusado de ter atropelado e matado o adolescente Rubem Falconi de Oliveira, de 16 anos, em maio de 2008. Ele conseguiu o direito de recorrer em liberdade, mas depois que foram rejeitados todos os recursos da defesa e foi determinada a prisão dele, Maturana nunca mais foi visto.
Rubem foi atropelado após uma confusão na saída de uma festa em um clube em Ribeirão Preto. Ele morreu horas depois, em uma unidade de saúde da cidade. Em depoimento à polícia, Maturana chegou a dizer que o jovem se jogou em frente do carro. A defesa dele não foi encontrada neste sábado para comentar o assunto.
Alexandre Luis Maturana – condenado por homicídio duplamente qualificado em dezembro de 2016
Reprodução/EPTV
Thiago Ferreira da Silveira Moreira – condenado por homicídio em maio de 2024
O ex-carcereiro é responsável pelo assassinato de Thiago Xavier de Stéfani. O crime foi em maio de 2003 e, segundo o Ministério Público, Thiago foi morto a tiros em casa, no bairro Jardim Independência, zona norte de Ribeirão Preto, por ciúmes, já que estava se relacionando com uma mulher que mantinha contato com o ex-policial civil Ricardo José Guimarães.
Ainda segundo o MP, Moreira foi quem fez os disparos que mataram a vítima a mando do então investigador de polícia. A denúncia diz ainda que, para mascarar o crime, Guimarães plantou drogas e armas na casa de Thiago.
A EPTV entrou em contato com o advogado de defesa dele, mas ele não quis se pronunciar.
Thiago Ferreira da Silveira Moreira – condenado por homicídio em maio de 2024
Reprodução/EPTV
Valdinei Cecílio de Brito – condenado por homicídio duplamente qualificado em abril de 2023
O policial militar aposentado foi condenado pela morte do adolescente Luciano Ângelo de Lima Filho, após uma discussão motivada por um cone de trânsito, também em Ribeirão Preto, em outubro de 2012.
Ele foi levado a júri popular em abril de 2024, 12 anos após o crime, e condenado a 24 anos de prisão, mas conseguiu permanecer em liberdade enquanto o recurso em segunda instância estava pendente.
Uma recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, derrubou esse benefício e determinou que réus condenados nesta modalidade de julgamento sejam presos imediatamente. De acordo com o Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP), o mandado foi expedido no dia 10 de outubro do ano passado.
A EPTV também entrou em contato com o advogado de defesa dele neste sábado, mas ele não quis se pronunciar.
Valdinei Cecílio de Brito, ex-PM condenado pela morte de adolescente em Ribeirão Preto, SP, segue foragido
Arquivo pessoal
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