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RS descarta R$ 32 milhões de reais em vacinas em 3 anos, aponta levantamento


Estado descartou R$ 7,8 milhões em imunizantes com validade vencida em 2024. Outra pesquisa mostra que faltam vacinas em 156 de 390 municípios. Aplicação de vacina
Reprodução/ RBS TV
Dois levantamentos exclusivos obtidos pelo Grupo de Investigação (GDI) da RBS revelam uma contradição: enquanto faltam vacinas em 40% das cidades do Rio Grande do Sul, o estado descartou, só este ano, R$ 7,8 milhões em imunizantes com validade vencida.
Em três anos e nove meses, foram descartados R$ 32 milhões em vacinas, segundo levantamento obtido com exclusividade pela RBS TV, com base na Lei de Acesso a Informações Públicas. Esse valor representa quase 1,5 milhões de doses.
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Considerando só as vacinas contra a Covid, foram descartadas quase 220 mil doses neste ano. A Secretaria de Saúde do estado aponta as seguintes causas para este cenário:
envio de doses pelo Ministério da Saúde com validade próxima de vencer;
descarte de imunizantes por estarem desatualizados em função do surgimento de novas cepas da doença;
desinformação.
“Acho que informações falsas sobre vacinas é algo que dificulta bastante. A gente percebia que antes as pessoas tinham mais segurança em vir procurar as vacinas porque a gente tem um insumo, tem um trabalhador qualificado e, infelizmente, em virtude de algumas informações que não são verdadeiras, que não são aliadas à questão da ciência, as pessoas começaram a ficar mais inseguras”, afirma Tatiana Castilhos, responsável técnica pela Central de Armazenamento e Distribuição dos Imunobiológicos da Secretaria da Saúde do estado.
Desinteresse pela vacinação
O governo do Rio Grande do Sul ainda diz que a principal causa do descarte é o desinteresse pela vacinação.
“Se lá na ponta, nas unidades de saúde, nos postos de saúde, nas salas de vacina, a procura pelas vacinas é baixa, é menor, a nossa demanda aqui também por distribuição acaba sendo afetada e nós acabamos não liberando o quantitativo de doses que o ministério nos envia mensalmente”, explica Tatiana Castilhos, responsável técnica pela Central de Armazenamento e Distribuição dos Imunobiológicos da Secretaria da Saúde do RS.
A baixa procura por vacinas é confirmada em postos de Saúde de Porto Alegre, que já percebe aumento de casos de doenças como a coqueluche. No Rio Grande do Sul, são 125 registros neste ano, contra 21 casos em 2023.
“A gente tem observado em algumas vacinas, uma diminuição da procura. A DTP, por exemplo, está em 78%, quando o recomendável é 95%. E a gente já está sofrendo as consequências. A gente aumentou muito, teve um estudo de 600%, o número de casos de internação por coqueluche, é muito alto”, alerta Eveline Rodrigues, diretora adjunta da Atenção Primária de Porto Alegre.
Para tentar convencer as pessoas a se vacinarem, as prefeituras têm apostado na busca ativa, ou seja, indo de casa em casa.
“Tem várias estratégias dos secretários municipais, dentro das escolas, terceiro turno nas unidades de saúde, vacinação em eventos, seja rodeio, seja eventos municipais. Em todo momento está lá um grupo de vacinação para vacinar as pessoas”, comenta Diego Espíndola de Ávila, diretor do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do estado do RS.
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Falta de vacinas
Por outro lado, boa parte dos municípios do RS enfrenta a falta de imunizantes. Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostra que faltam doses em 156 dos 390 municípios pesquisados no Rio Grande do Sul.
Em 101 cidades, os estoques de imunizantes contra Covid para crianças estão zerados. Já em outros 85 municípios, não tem vacina contra a doença para adultos.
O imunizante contra a varicela está em falta em 55 localidades. Outras 45 cidades enfrentam a ausência de vacina DTP, que previne contra tétano, difteria e coqueluche.
“Nós não estamos aqui interessados em jogar uma culpa em um para o outro. Nós temos que saber se o município está aplicando bem ou não e, eventualmente, se não está também. Mas, nesse momento, o que constatamos é que há falta de vacina. Estou falando em nível mais geral”, diz o presidente da CNM, Paulo Zilkoski.
O Ministério da Saúde afirma que só há atraso na vacina da varicela.
“Acho que vale a pena envolver um questionamento para todos os entes federados pra entender o que tá acontecendo, se é algo pontual ou se tem algum problema sistemático, mas o Ministério da Saúde cumpre o seu papel”, explica Éder Gatti, diretor do programa nacional de imunização do Ministério da Saúde.
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