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Barbosa, Vampiro Vlad e personagem adolescente aos 33 anos: relembre carreira de Ney Latorraca


Ator, que lutava contra um câncer de próstata, morreu nesta quinta-feira (26), aos 80 anos. Ney Latorraca estrelou a TV Pirata
Acervo/TV Globo
Filho de cantor e uma corista, Ney Latorraca começou sua carreira artística ainda na infância. O ator lutava contra um câncer de próstata e morreu nesta quinta-feira (26), em decorrência de uma sepse pulmonar.
Ney soma mais de 50 trabalhos na TV entre novelas, séries e programas. Além de 20 filmes. Seus primeiros trabalhos foram aos 6 anos. “O ator já nasce ator”, afirmou Latorraca em uma entrevista ao Memória Globo.
FOTOS: relembre carreira do ator
“Aprendi desde pequeno que precisava representar para sobreviver, o que nunca me deixou um trauma, pelo contrário. Sempre fui uma criança diferente das outras, tive uma história instigante. Às vezes, eu tinha que dormir cedo porque não havia o que comer em casa. Então, até hoje, para mim, estou no lucro. Minha vida é sempre lucro”, refletiu ele ao relembrar o momento de dificuldade financeira com a família.
Ney conta que usava sua arte inclusive para passar de ano escolar. Ele analisa que começou a fazer teatro quando descobriu, na época do colégio, que um de seus professores era espírita.
“Então, eu recebia entidades para passar de ano. Eu me jogava no chão para conseguir nota, babava. E passava. Eu era um pequeno monstrinho”, relembra.
Aos 19 anos, Ney Latorraca passou em seu primeiro teste nos palcos e fez “Pluft, o Fantasminha”, de Maria Clara Machado, em Santos, litoral de São Paulo. Com o sucesso, se mudou para São Paulo e passou em um outro teste. Desta vez, para a peça “Reportagem de um Tempo Mau”, de Plínio Marcos. Mas o espetáculo acabou barrado pelo governo militar, que mandou prender o elenco. “Fiquei completamente arrasado, queria me matar. Voltei para Santos.”
Antes de voltar para a atuação, trabalhou em banco, em loja de roupa feminina e vendeu pedra semipreciosa.
Início na TV
Ney Latorraca em “A Grande Família”
Tv Globo
Na TV, iniciou seus trabalhos com figurações e pontas. Ele relembra, inclusive, que teve uma inimizade com Lima Duarte, que na época dirigia a novela “Beto Rockfeller”, de Bráulio Pedroso
“Fiz figuração porque Lima Duarte, que dirigia a novela, não gostou de mim, falou que a minha voz era muito afetada. Fiquei fazendo ponta – pela qual não me pagaram. Quer dizer, pagaram com uma coisa chamada dinheiro, que você trocava por artigos de uma loja que só tinha roupa feminina. Troquei por duas calcinhas e um sutiã para minha mãe.”
Ney Latorraca iniciou na Globo em 1975. Antes, passou pelas TVs Tupi, Cultura e Record.
Após a estreia televisiva, fez uma listra de trabalhos inesquecíveis como Barbosa, na “TV Pirata”; e Cornélio em “O Cravo e a Rosa”. Em “Um Sonho a Mais”, fez cinco personagens e se destacou também em seu Quequé na minissérie “Rabo de Saia”.
Sua estreia na Globo foi em “Escalada”, de Lauro César Muniz. Seu personagem, Felipe, um personagem mudo. “Eu nunca apresentei aquele padrão imposto de galã, que precisava ter uma virilidade explícita. Pelo contrário. Mas Felipe fez sucesso, principalmente com o público feminino. Na época, havia um concurso em nível nacional para eleger o rei da televisão. Em seis semanas, eu já estava concorrendo com Tarcísio Meira e Roberto Carlos.”
Em 1976, Ney Latorraca, já com 33 anos, deu vida a um adolescente de 17 anos. “Queria abandonar, não ia mais fazer. Primeiro me botaram de peruca, todo maquiado. Quando me vi caracterizado como o personagem, falei: ‘Estou parecendo um macaco’. Falei que ficava com uma condição: ‘Quero escolher meu figurino’. Me vesti todo de preto, sem maquiagem alguma, e pedi uma lambreta preta. Batizei-a de Brigite. Comecei a falar coisas assim: ‘Vamos lá, rapazes, não temos tempo a perder’. E para dizer que eu era jovem, andava com um gingado característico. Virou um grande sucesso, estourou mesmo”, relembra o ator.
Depois disso fez dezenas de novelas, minisséries e seriados especiais.
Ney Latorraca
Acervo Globo
Em “Coração Alado” (1980), de Janete Clair, interpretou a primeira cena de estupro em uma novela das oito junto a Vera Fischer. “Eu acho que mexer com a sociedade é função da dramaturgia.”
Quatro anos depois, esteve em “Anarquistas, Graças a Deus”, que considerava uma de suas minisséries preferidas.
Um de seus trabalhos mais marcantes, o vampiro Vlad da novela “Vamp” (1991) quase foi negado pelo ator. Como estava em cartaz com a peça “O Mistério de Irma Vap, em São Paulo”, Ney não queria acumular trabalho. Mas acabou aceitando, já que estaria em poucos capítulos da novela. Com a peça, um grande sucesso do teatro brasileiro, ficou 11 anos em cartaz.
Outro papel que marcou a carreira de Latorraca foi como o personagem Barbosa, o velhinho beiçudo de TV Pirata. A forma melosa de pronunciar o nome do ator ganhou as ruas e todo mundo imitava.
“O Médico e o Monstro”, “Zazá”, “Bang Bang” e “Negócio da China” foram outras novelas que contaram com a participação do ator.
Em 2013, fez “Alexandre e Outros Heróis”, depois de se recuperar de uma internação de mais de 40 dias. No ano seguinte, fez uma participação especial em “Meu Pedacinho de Chão”.
Seu trabalho mais recente na TV foi em 2019, na série Cine Holliúdy, onde reviveu o personagem Vlad.

Ney Latorraca em “Vap”
Acervo Globo

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