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Raia de grande porte é fisgada por pescador esportivo no Rio Madeira, em Rondônia


Luta com o animal durou cerca de 30 minutos e, após a captura, ele foi devolvido à água. Raia de grande porte capturada no rio Madeira, em Porto Velho (RO), surpreendeu pescador esportivo pela força e dificuldade da captura
Wladis Kucharski
Uma raia de grande porte capturada no Rio Madeira, em Porto Velho (RO), surpreendeu um pescador esportivo pela força e dificuldade da captura. Acostumado às águas da região desde criança, ele relata que o animal deu trabalho para ser retirado do fundo do rio, em uma luta que durou cerca de 30 minutos.
“Ela puxou a linha como se fosse um peixe enorme. Quando chegou perto do barco, ‘sentou’ no fundo do rio, e foi bem difícil trazê-la para a superfície por causa do peso”, conta o pescador Wladis Kucharski.
Wladis herdou a paixão pela pesca esportiva do pai, hoje com 80 anos
Wladis Kucharski
Nascido em Corinto (MG), o pescador mora em Porto Velho desde que tinha apenas um ano de idade. Apaixonado pela pesca esportiva, ele compartilha a atividade com o pai, hoje com 80 anos, que migrou para a região para trabalhar em uma usina hidrelétrica.
Frequentador assíduo dos rios amazônicos, como Jamari, Jaci, Mutum, Mucuim, Candeias e Preto, ele costuma buscar peixes de couro, como surubim, pirarara e jaú. Wladis relata já ter fisgado raias outras vezes, mas nunca havia capturado uma tão grande.
Pescador já fisgou uma pirarara de 70 kg no rio Madeira
Wladis Kucharski
A espécie
De acordo com a bióloga Patricia Charvet, especialista em raias de água doce, o indivíduo capturado pelo pescador pertence ao gênero Potamotrygon, o mais diverso entre as raias de água doce.
“Parece ser uma raia de bastante idade, então os padrões de cor não são os mais comuns. Chamamos essas raias mais velhas de ‘senis’, e elas geralmente são muito grandes, com a coloração ‘desbotada’, o que dificulta a identificação. Pelo tamanho e os detalhes que foram descritos, pode ser uma Potamotrygon motoro ou uma Potamotrygon pantanensis, ambas ocorrem no Rio Madeira”, explica.
Espécie fisgada pelo pescador pode ser uma Potamotrygon motoro, que ocorre em grande variedade de biótopos incluindo os principais rios e pequenos afluentes em meio a substrato lamoso ou arenoso
Patricia Charvet
A especialista estima que a raia capturada tenha mais de 25 anos, levando em consideração o tamanho e as características da coloração. “Pode ser até mais velha, mas para ter certeza seria necessário sacrificar o animal e analisar os anéis nas vértebras”.
A raia capturada por Wladis estava sem o ferrão, o que, segundo a pesquisadora, pode ser resultado da chamada “pesca negativa” – prática em que pescadores cortam a cauda e soltam o animal mutilado.
Raia capturada pelo pescador estava sem o ferrão
Wladis Kucharski
Importância das raias para o ecossistema
Segundo Patricia, as raias de água doce desempenham um papel essencial na manutenção dos ecossistemas onde vivem.
“Elas são predadoras de peixes, crustáceos, moluscos e insetos e ajudam a manter a saúde dos rios, lagos e lagoas. Embora sejam temidas, as ferroadas são apenas um mecanismo de defesa, nunca de ataque”.
A especialista também orienta sobre cuidados ao entrar na água para evitar acidentes. “Arrastar os pés rente ao fundo ou usar um bastão à frente do passo é uma boa prática para evitar pisar em raias e ser ferroado. Caso o acidente ocorra, mergulhar a região afetada em água quente ajuda a aliviar a dor, já que o calor desnatura a proteína responsável pelo incômodo”, recomenda.
Pescador já fisgou outras raias, como essa do gênero Heliotrygon
Wladis Kucharski
Além disso, Patricia reforça a importância de buscar atendimento médico para avaliar a gravidade da lesão e a possível necessidade de medicamentos, como antibióticos, que devem ser prescritos por profissionais. Ela ainda alerta sobre práticas caseiras inadequadas.
“Há crenças populares equivocadas, como aplicar fezes de animais ou outras substâncias na ferida, o que apenas agrava o quadro e pode causar infecções”, pontua.
A bióloga também chama a atenção para a situação delicada de muitas espécies de raias de água doce, que enfrentam riscos de extinção devido à pesca predatória e à poluição, especialmente em áreas impactadas pelo mercúrio utilizado em garimpos.
A captura da raia no Rio Madeira impressionou não apenas pelo tamanho, mas por destacar a importância de proteger essas espécies e os ecossistemas onde vivem.
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