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Viagens, cesta de Natal, 14º e 15º salários: como é o fim de ano do ‘CLT Premium’


Especialistas dizem que os benefícios acima da média do mercado são boa estratégia para dar motivação extra e fidelizar bons funcionários. Para o empresário, é importante ser estratégico e olhar além dos números no orçamento. Já pensou ganhar da firma uma viagem, cesta de Natal com ceia completa, 14º e 15º salário, e muito mais? Parece mentira, mas tem empresas que pagam esses benefícios para seus funcionários: é o fim de ano do “CLT Premium”.
Nas redes sociais, virou moda o trabalhador compartilhar vídeos abrindo a cesta de Natal que recebeu da empresa em que trabalha. Em alguns casos, os itens são entregues em malas de viagem, caixa organizadora, e até cooler.
“Receber a cesta de Natal é um momento de muita expectativa dentro da empresa, a gente se sente privilegiado e valorizado. Quando chega essa época, eu nem me preocupo com a ceia”, explica Fernando Colli, técnico multimodal especializado na VLI Logística.
Ele chegou a fazer um post nas redes tentando mostrar todos os brindes de Natal que já recebeu em quatro anos de empresa. “Não cabem todos na foto”, escreveu Fernando no Linkedin.
Funcionários da VLI Logística mostram a cesta de Natal que receberam
Divulgação/Reprodução/VLI Logística
Além de brindes e do 13º salário (que é obrigatório por lei), tem trabalhador que recebe também o 14° e 15º salários.
“O 14º é referente ao primeiro semestre, pago em duas parcelas: a primeira em abril e a segunda em junho. Já o 15º, que correspondente ao segundo semestre, é pago nos meses de agosto e dezembro”, explica Daniele Schmidt, diretora de pessoas e cultura da Sicredi.
Outra estratégia para fidelizar o funcionário é investir em viagens para o fim de ano. Entre os meses de outubro e novembro, toda a operação do FI Group para por alguns dias para momentos de lazer.
A empresa já levou os trabalhadores para Trancoso (BA), Angra dos Reis (RJ), cruzeiro de 4 dias pelo litoral brasileiro e Cartagena, na Colômbia. Neste ano, a celebração ocorreu em um Resort em Atibaia, no interior de São Paulo, e durou dois dias.
Segundo Vanessa Montagnoli, gerente de recursos humanos do FI Group, um dos objetivos das viagens é reunir os 400 funcionários da empresa, que estão espalhados por Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Manaus (AM).
“É uma cultura da companhia. O FI Group é uma empresa multinacional, e temos sócios que acreditam muito nessa proximidade com os colaboradores”, explica Vanessa, destacando que as viagens acontecem sempre em dias úteis de trabalho.
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Funcionários da FI Group em confraternização no Bourbon Resort Atibaia
Digulgação/FI Group
Já a farmacêutica Cimed, todo fim de ano, realiza o sonho de parte dos trabalhadores: os colaboradores depositam as próprias histórias na árvore de desejos da companhia, junto a um pedido especial que gostariam de realizar para si ou familiares.
Um júri interno da empresa faz a seleção daqueles que serão contemplados. Tem trabalhador que já recebeu festa de casamento, de aniversário, presentes como eletrodomésticos, eletrônicos, aparelhos auditivos, viagens e até tratamentos de saúde.
O motorista de carreta Antônio Santigo, por exemplo, ganhou um vale material de construção para realizar o sonho da casa própria. Já Roberta Cordeiro, que atua no controle de qualidade, conseguiu presentear a filha com uma festa de 15 anos.
“Ver os sonhos dos nossos filhos realizado, não tem coisa melhor nesse mundo. É melhor que realizar um sonho próprio nosso. Quando cheguei em casa e contei, ela não acreditou, achou que era brincadeira. Lembro que ela até chorou”, conta Roberta.
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🤔 Qual é a obrigação da empresa?
Segundo a advogada trabalhista Djulia Portugal, não existe uma legislação específica que estabeleça para as empresas a obrigatoriedade de pagar por esse tipo de benefícios aos trabalhadores no fim de ano.
“Caso não haja essa previsão em acordo ou convenção coletiva, a concessão ocorre por mera liberalidade do empregador”, completa a especialista sócia no Dalazen, Pessoa & Bresciani.
Quando existe acordo ou convenção coletiva, os benefícios de fim de ano como cesta de Natal, 14º salário ou vale-presente tornam-se obrigatórios. Isso porque, as decisões possuem caráter normativo e devem ser respeitadas pelas empresas.
Na VLI Logística, um acordo coletivo prevê a entrega da cesta de Natal de forma igualitária para todos os trabalhadores. Porém, o formato e conteúdo são escolhidos pela própria empresa.
“É um desafio entregar a cesta, que poderia vir em caixa de papelão ou embalagem plástica, de forma diferenciada. Esse ano foi na mala de bordo, mas já tivemos cooler, bauzinho de madeira, bolsa de viagem”, lembra Carla Campos, gerente de desenvolvimento organizacional da VLI.
Além dos produtos dentro da mala, todos os funcionários receberam como extras um cartão presente para cada filho com até 11 anos e uma cesta fria — que é uma bolsa térmica com uma ave congelada para a ceia.
Em geral, contudo, benefícios de fim de ano são concedidos por conta própria. É o caso da CNH Industrial, que leva até Papai Noel para distribuir brinquedos para os filhos dos 7,6 mil funcionários.
“Tem a cesta típica, com champanhe e panetone, além de outros 27 itens. Também tem a cesta de congelados, com uma ave natalina e um suíno para ceia. E depois tem o kit dos brinquedos, para os funcionários com filhos até 11 anos”, explica Bruno Nogueira, que atua na aérea de remuneração e benefícios.
Funcionários da CNH Industrial mostram a cesta de Natal que receberam
Divulgação/Reprodução/Tiktok
💸 Benefícios para atrair talentos
Muitas empresas têm investido em benefícios adicionais para atrair profissionais da geração Z — os que são nascidos entre 1995 e 2010 (entenda a ostentação de “luxos trabalhistas”).
Segundo a consultora organizacional, Caroline Marcon, alguns exemplos são a flexibilidade de horário, planos de saúde mais completos e sem coparticipação, academia, ambientes pet friendly, vales refeição/alimentação mais generosos, entre outros.
As gratificações de fim de ano também são uma forma de reconhecer o bom desempenho do trabalhador durante o ano, além de fazer com que os funcionários se sintam mais valorizados e engajados.
Ainda de acordo com a consultora, quando se trata de ações de reconhecimento é importante olhar além dos números no orçamento. O ideal é priorizar o “o efeito psicológico na moral da equipe”.
“Se soubermos usar as gratificações para atender às necessidades emocionais das pessoas, de reconhecimento, valorização, carinho e cuidado, teremos pessoas mais engajadas e dispostas a ir além para gerar bons resultados para o negócio”, afirma.
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