Mandado de busca e apreensão ocorreu em Itabira (MG), cidade onde Thiago Borges mora. Ele também chegou a ser preso por resistir ao cumprimento, mas foi solto horas depois. Suspeito é investigado pela morte de Joycilene Sousa de Araújo, com que manteve um relacionamento à distância. Thiago Augusto Sampaio Borges tem 42 anos, é mineiro e acusado pela família da acreana Joyce Sousa
Cedida ao g1
O mineiro Thiago Borges, investigado pela morte da acreana Joycilene Sousa de Araújo, de 41 anos, teve o celular e o carro apreendidos pela Polícia Civil de Minas Gerais (PC-MG) nesta semana. Na ocasião, ele também chegou a ser preso por desobediência e falsa identificação, mas liberado horas depois. O cumprimento do mandado de busca e apreensão ocorreu em Itabira (MG), cidade onde ele mora. O g1 não conseguiu contato com o suspeito.
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A informação da prisão e do cumprimento do mandado, expedido pela Justiça do Acre no último dia 13 de dezembro, foi confirmada ao g1 pelo delegado Diogo Luna, titular da Delegacia Regional de Itabira. Ele informou ainda que o suspeito foi conduzido e ouvido na delegacia de plantão do município na última terça-feira (17).
“Por se tratarem de crimes de menor potencial ofensivo, um termo circunstanciado e ocorrência foi assinado, ficando o suspeito comprometido a comparecer perante o Tribunal Especial Criminal do município, em data a ser agendada”, disse o delegado.
👉 Contexto: A família de Joyce, como era conhecida, acusa o namorado dela, Thiago Augusto Sampaio Borges, de indução ao suicídio, violência psicológica e patrimonial, estimada em R$ 200 mil. A acreana morreu no dia 17 de novembro, no Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into-AC), em decorrência de uma parada cardíaca causada pela ingestão de comprimidos de uso controlado, uma semana antes. O g1 chegou a conversar com Thiago, com exclusividade, e ele disse que está sendo vítima de calúnia e difamação. Depois, desativou as redes sociais.
EXCLUSIVO: Polícia investiga namorado por morte de mulher no Acre; família acusa homem de violência patrimonial e psicológica
O carro apreendido, avaliado em R$ 100 mil, foi retirado em Belo Horizonte (MG). Segundo a família, ele deu a ideia de comprar o veículo no nome dela, já que ele supostamente recebe um benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por burnout, e isto impossibilitaria de colocar a despesa no nome dele. O boleto veio para Rio Branco.
Joycilene Sousa de Araújo tinha 41 anos, era gerente e morreu após uma parada cardíaca, sete dias após uma tentativa de suicídio em Rio Branco
Arquivo pessoal
O g1 também procurou a Polícia Civil do Acre, que informou que a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) fez o pedido à Polícia Civil de Minas Gerais. Como o caso corre em segredo de justiça, o órgão não confirmou quais hipóteses estão sendo investigadas.
Antes da morte de Joyce, mesmo ela ainda mantendo contato com Thiago, ela estava decidida a pedir uma medida protetiva contra ele e tentar reaver o carro que estava sob posse dele. Na madrugada do dia 11, por volta das 2h, Joyce se dirigiu até a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) para fazer o pedido da medida e poder dar entrada no pedido de devolução do veículo.
“Já na segunda-feira de manhã [11 de novembro], ela, minha tia e o advogado fizeram uma reunião e ela estava bem. Ela acordou, tomou banho, arrumou o cabelo, fez uma maquiagem […] ela pegou o prontuário para anexar com o advogado e estava feliz porque ela iria pegar o carro justamente porque estava difícil de ele devolver. Ele queria continuar com o carro, mas estava com duas parcelas em aberto e o nome dela sujo”, falou a filha de Joyce, Eduarda Cavalcante.
Caso Joyce
Thiago é de Minas Gerais, tem 42 anos e se descreve como engenheiro civil e analista administrativo. Em entrevista exclusiva ao g1, a irmã Jaqueline Sousa e Eduarda Cavalcante explicaram detalhes da relação conturbada de quase 10 meses entre a gerente e o suspeito, que elas consideram abusivas, bem como sobre a campanha em busca de respostas e celeridade ao caso.
“Eram informações que ele foi colhendo, e foram muitas em 10 meses de relação […] e aí depois ele foi já usou outra estratégia, dizendo ‘eu vou cuidar de você, nós vamos casar, eu vou cuidar da sua filha, nós vamos morar aqui perto do João Vitor [outro filho dela]. Eu vou te fazer feliz, grave isso. Eu nunca vou soltar a sua mão’. Essa era a frase que encantou a minha irmã porque ele dizia assim: ‘aconteça o que acontecer, mas eu nunca vou soltar a sua mão’, e ela foi se encantando e foi ficando mais apaixonada”, relembrou Jaqueline.
O g1 fez uma consulta no sistema do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJ-RN) e constatou que há três registros de processos no nome dele:
Inquérito policial de violência psicológica contra mulher, datado de 19 de agosto de 2022 e registrado na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Natal (RN), arquivado em 2 de março de 2023;
Petição criminal de vias de fato, datado de 1º de dezembro de 2022;
Ação penal de procedimento sumaríssimo [para agilizar processo] por ameaça, datado de 20 de julho de 2023.
Nesta foto, Thiago Augusto Borges foi filmado por Joyce Sousa após ter sido flagrado supostamente usando drogas dentro da casa dela, em Rio Branco
Cedida ao g1
Já no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) constam seis processos, sendo cinco cíveis já arquivados, e um criminal, referente ao Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC).
A irmã relata ainda que as torturas psicológicas foram se tornando frequentes. No entanto, ninguém da família sabia ao certo o que se passava entre os dois, já que ela dizia que Thiago era um homem rico.
“Ela estava com uma estafa [fadiga] física e mental porque ela não conseguia mais trabalhar. Ele a perseguia 24 horas, tinha vezes que ele tinha brigas surreais com ela que ela se levantava da cama, ia para o quarto da minha mãe e dizia assim: ‘mãe, eu não aguento mais, eu quero morrer’. Aí abraçava e ficava deitada com a mãe”, disse.
Joyce Sousa de Araújo tinha 41 anos, era gerente e morreu após uma parada cardíaca, sete dias após uma tentativa de suicídio em Rio Branco
Arquivo pessoal
Thiago veio ao Acre duas vezes: em maio, quando conheceu Joyce presencialmente; e no final de setembro para início de outubro, quando ocorreu os supostos episódios de importunação sexual contra a filha de Joyce, no dia 4, e uso de cocaína dentro da casa dela.
Em busca por respostas, a família decidiu expor o caso nas redes sociais. Depois da pressão popular, o caso agora está sendo acompanhado pelo Ministério Público do Acre (MP-AC). Segundo o órgão, a família foi recebida no dia 25 de novembro para receber apoio, por meio do Centro de Atendimento à Vítima (CAV), e discutir os desdobramentos das investigações.
VÍDEOS: g1