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Caprinocultura em Santa Catarina impulsiona pequenos produtores com genética de qualidade

Caprinocultura em Santa Catarina impulsiona pequenos produtores com genética de qualidade

Caprinocultura em Santa Catarina impulsiona pequenos produtores com genética de qualidade – Foto: Divulgação

Santa Catarina desponta como referência na caprinocultura brasileira, uma atividade que cresce com rapidez e combina tradição, inovação e viabilidade econômica. O Estado abriga 44 mil caprinos e mais de 3.800 produtores rurais, que encontram na criação de cabritos uma alternativa acessível e adaptável para a agricultura familiar.

Com manejo facilitado e investimentos menores em infraestrutura, a atividade mostra-se especialmente promissora em terrenos irregulares e pequenas propriedades, características comuns no Estado. No município de Irani, por exemplo, a história da Cabanha Vitória, administrada pela família Fabrício, revela o potencial dessa atividade.

O início modesto, lembrado por seu Alberto Fabrício, reflete a simplicidade das origens: ele conta que em uma festa na cidade, ganhou uma cabrita em período de gestação e depois de vê-la criando, ficou animado para comprar mais uma. Hoje, a cabanha conta com 140 animais e tornou-se pioneira na utilização de tecnologias genéticas que elevam o padrão da produção.

A virada de chave ocorreu com o investimento em melhoria genética, impulsionado pela introdução da raça Boer, originária da África do Sul e reconhecida pela qualidade da carne. “Aqui nasceu em fevereiro de 2022 o primeiro Boer do Brasil proveniente de Fertilização in Vitro, em parceria com o laboratório de São Paulo”, destaca Airton Fabrício, filho de seu Alberto. A transferência de embriões e a inseminação artificial garantem um rebanho produtivo, saudável e adaptado ao mercado, o que colocou a cabanha em posição de destaque.

Além de atender o mercado de carne, a genética de qualidade também gera novas oportunidades de comercialização, incluindo a venda de reprodutores para outros estados, como Paraná e Rio Grande do Sul. A busca por animais puros de origem é crescente na região Sul, onde o mercado ainda carece de genética especializada.

Sucessão familiar e manejo eficiente

O Capril Amanhecer, na região Oeste, é outro exemplo de como a caprinocultura tem gerado oportunidades e fortalecido a sucessão familiar no campo. Elemar Wolfer iniciou a atividade pela paixão pela carne de cabrito, e o filho Jonathan Wolfer, técnico agrícola, decidiu aprimorar a criação.

A propriedade mantém 140 animais e aposta na raça Boer para a produção de carne. Segundo Jonathan, a escolha foi estratégica para atender ao mercado consumidor, que busca qualidade e sabor diferenciado: “As raças antigas deixavam uma ideia errada de carne dura e seca, mas a Boer trouxe uma carne macia, que vende bem”.

O manejo eficiente inclui áreas de pastagens sombreadas, galpões organizados e alimentação balanceada, garantindo o bem-estar dos cabritos e a produtividade da propriedade.

Um dos grandes atrativos da caprinocultura é a facilidade de adaptação dos animais, como explica um produtor: “Onde se tem uma vaca se alimentando, tu pode alimentar dez cabras”. Isso torna a atividade viável mesmo em pequenas áreas e regiões montanhosas, comuns em Santa Catarina.

Tradição e transformação no campo

Em Marechal Bormann, distrito de Chapecó, a família Zuffo carrega mais de 50 anos de tradição na criação de cabritos. Seu Walmor Zuffo, pioneiro na atividade, se emociona ao falar sobre a trajetória: “A gente trabalha anos para conseguir um produto que nem todas essas cabras que eu tenho aqui”. A propriedade mantém as raças Saanen, voltada para a produção de leite, e Anglo-Nubiana, para a carne e o sistema de venda direta ao consumidor garante o sucesso da comercialização. Além disso, o manejo adequado e o melhoramento genético garantem o padrão do rebanho, com destaque para os bons resultados no cruzamento com reprodutores puros.

Seu Walmor destaca a importância de investir em genética de qualidade: “Todo pequeno produtor que não tem matrizes puras, com um bom reprodutor, consegue dominar o rebanho que ele quiser”.

Desafios e novas oportunidades

Apesar do crescimento, a caprinocultura enfrenta desafios importantes, como o baixo consumo de carne caprina no Brasil. O consumo anual por habitante é de apenas 500 gramas, reflexo de uma falta de conhecimento sobre os benefícios da carne.

Para reverter essa situação, a recém-criada Câmara Setorial de Ovinocaprinocultura aposta em ações educativas e promocionais para popularizar o consumo e destacar os benefícios nutricionais.

Especialistas ressaltam que a carne caprina é uma excelente alternativa: tem menos gordura, é mais digestiva, menos calórica e com o mesmo valor nutricional de outras carnes. Além disso, a leveza e maciez do produto têm conquistado cada vez mais consumidores que buscam uma alimentação saudável.

Outro desafio é o acesso a linhas de crédito para pequenos produtores. Um programa de fomento previsto para 2025 e 2026 pretende impulsionar o setor, com ações voltadas para a produção, industrialização e comercialização. A expectativa é que o projeto beneficie mais de 30 mil propriedades rurais, modernizando a caprinocultura e ampliando a competitividade do estado no cenário nacional.

Uma atividade em crescimento

A caprinocultura catarinense une tradição e inovação em uma cadeia produtiva que fortalece a agricultura familiar, promove a sucessão no campo e gera oportunidades de crescimento econômico.

Com investimentos em genética, manejo eficiente e políticas de incentivo, Santa Catarina se prepara para ocupar uma posição de destaque nacional na produção de caprinos, consolidando-se como um modelo de sucesso no agronegócio e se você quer saber mais sobre a atividade, aproveite e assista na íntegra ao episódio do programa Agro, Saúde e Cooperação.

O projeto é desenvolvido pelo Grupo ND em parceria com a Ocesc, Aurora, SindArroz Santa Catarina e Sicoob.

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