Suspeitos aparecem vinculados a uma rede de jogos de azar autointitulada ‘Paratodos’, que atua há décadas no estado. Mais de R$ 160 milhões foram bloqueados pela Justiça. Sede do Ministério Público da Bahia (MP-BA) no CAB, em Salvador
MP-BA
Uma operação deflagrada nesta quarta-feira (18), na Bahia, mirou envolvidos em um esquema que usou o jogo do bicho e máquinas caça-níqueis para movimentar cerca de R$ 5 bilhões no estado. Um grupo com 14 pessoas foi denunciado pelo Ministério Público (MP-BA) por lavagem de dinheiro.
Segundo o órgão, os envolvidos aparecem como sócios de 23 empresas que serviram de fachada para o crime, entre 2010 e 2020. O esquema tinha envolvimento com a rede de jogos de azar autointitulada “Paratodos”, que atua há décadas na Bahia. Até então, mais de R$ 160 milhões foram bloqueados pela Justiça.
As investigações mostram que parte das empresas funcionava para inserir o dinheiro do jogo do bicho e da exploração de máquinas caça-níqueis na economia formal. Já a outra parte, tinha como objetivo a blindagem patrimonial, por meio da mescla dos recursos ilícitos com recursos lícitos, obtidos com a exploração de atividades econômicas formais.
Ainda conforme apontou o MP-BA, as apurações, que contaram com quebra dos sigilos bancário e fiscal dos denunciados, apontam um aumento patrimonial significativa dos envolvidos, chegando a saltar, em um dos casos, de R$ 9 milhões para mais de R$ 65 milhões em nove anos.
Os denunciados foram identificados como:
Adilson Santana Passos
Adilson Santana Passos Júnior
Augusto César Requião da Silva
Frederico Pedreira Luz
Joana Mascarenhas Requião da Silva
João Carlos Pinto
José Geraldo de Sousa Almeida
José Fernando de Carvalho Júnior
José Luiz de Oliveira Simões
Júlio Vinícius Reis Almeida
Leandro Reis Almeida
Leonardo Reis Almeida
Marcos Augusto Pinto
Maria Teresa Carvalho Luz
O g1 tentou, mas não conseguiu contato com os envolvidos.
Apesar da “Operação Lei Para Todos” ter sido deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) somente nesta quarta-feira, os bloqueios e as denúncias tinham sido definidos desde o dia 9 de dezembro. Já foram sequestrados judicialmente:
91 veículos, com um valor total estimado de R$ 13 milhões
58 imóveis, os quais, somados, chegam ao total de aproximadamente R$ 55 milhões
R$ 92,8 milhões foram bloqueados em contas bancárias
Além disso, conforme pontuou o MP-BA, ainda foram expedidos ofícios para a apreensão de 13 lanchas, três motos aquáticas, um iate e 18 aeronaves. Os valores dos bens não foram detalhados para a reportagem.
Operação do esquema
O esquema seria operado a partir de três núcleos: do jogo do bicho, das máquinas caça-níqueis e do bicho eletrônico, liderados por Adilson Santana Passos Júnior e Leandro Reis Almeida, que são filhos e sucessores dos fundadores da “Paratodos”, identificados como Adilson Passos e José Geraldo.
Além deles, também aparecem como chefes na investigação Augusto César Requião da Silva, Maria Tereza Carvalho Luz e Frederico Pedreira Luz, segundo detalhou o MP-BA.
Cada núcleo era responsável por um ramo:
O primeiro núcleo controlava o tradicional e ilícito jogo do bicho na Bahia;
O segundo fazia a exploração das máquinas caça-níqueis, inclusive com a prática de contrabando das peças utilizadas nas máquinas;
O terceiro núcleo era responsável por modernizar o jogo do bicho com o sistema eletrônico de apostas (“bicho eletrônico”), principalmente por intermédio da empresa Projeta Tecnologias e Projetos Ltda.
A investigação aponta Augusto César como “patrono” do jogo no estado e ele aparece, junto com José Luiz de Oliveira Simões, outro denunciado, como sócio da empresa OM Recreativo Administração e Locação Ltda.
O MP-BA aponta que a instituição funcionou como “fortaleza do jogo bicho”, no bairro da Liberdade, em Salvador, sendo transferida posteriormente para Pituaçu, também na capital baiana. Nos dois locais, eles contavam “com forte esquema de segurança, com muros elevados, câmeras e vigias armados”.
A investigação mostra ainda que a sigla OM apareceu nas máquinas caça-níqueis identificadas durante as investigações.
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