Dois agentes haviam sido presos em setembro pela PF e outros quatro policiais, incluindo um delegado, foram detidos na terça (17). Eles foram denunciados por Vinicius Gritzbach. Empresário foi morto após dizer ao MP que grupo tentou extorquir dinheiro dele. Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa fica no Centro da capital paulista
Reprodução/Google Maps
Seis policiais civis de São Paulo já foram presos após terem sido delatados entre 2023 e 2024 por Vinicius Gritzbach. O empresário acusou os agentes da Polícia Civil de corrupção e de fazerem lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Dois policiais civis haviam sido detidos em 3 de setembro numa operação conjunta da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público (MP). Na terça-feira (17), mais quatro agentes da Polícia Civil, incluindo um delegado, foram presos pela PF e pelo MP.
Além deles, mais três pessoas, sendo um advogado, foram presas pela Polícia Federal e Ministério Público também na terça. Todos os seis foram delatados por Gritzbach e são suspeitos de colaborarem com a facção criminosa PCC.
O empresário foi morto a tiros em 8 de novembro quando desembarcava no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Câmeras de segurança gravaram o crime cometido por dois homens encapuzados e com fuzis que fugiram em seguida (veja vídeo abaixo). Um motorista por aplicativo foi atingido por um dos disparos e também morreu.
Caso Gritzbach: novas imagens mostram momento da execução do empresário
Dois suspeitos de participarem da execução dele foram presos dias depois pela força-tarefa criada pelo governo paulista para investigar o caso. Eles teriam ligação com o Primeiro Comando da Capital.
Além do possível envolvimento do PCC no assassinato de Gritzbach, as autoridades apuram a hipótese de que policiais possam ter participado do crime. O empresário atuava no ramo imobiliário e havia sido contratado por membros da facção para lavar dinheiro do tráfico de drogas para eles.
As delações feitas por Gritzbach ajudaram a PF e o MP a identificarem os policiais apontados pelo empresário como corruptos e ligados ao Primeiro Comando da Capital. De acordo com a investigação, o esquema envolvia manipulação e vazamento de investigações policiais, venda de proteção a criminosos e corrupção para beneficiar um esquema de lavagem de dinheiro do PCC.
Dois agentes detidos
Os policiais Valdenir Paulo de Almeida, apelidado de “Xixo”, e Valmir Pinheiro, conhecido como “Bolsonaro”, estão presos
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Os policiais presos em setembro durante a “Operação Face Off” foram:
Valdenir Paulo de Almeida, apelidado de “Xixo”, agente policial: suspeito de registrar o recebimento de R$ 800 mil em propina paga por criminosos da facção;
Valmir Pinheiro, conhecido como “Bolsonaro”, investigador da polícia: investigado por suspeita de cobrar suborno para interromper apurações sobre o Primeiro Comando da Capital e desviar drogas apreendidas com a quadrilha.
Delegado e mais três policiais
Delegado Fábio Baena e investigador Eduardo Monteiro
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Os quatro policiais detidos na terça na Operação Tacitus, da PF e do MP, são:
Fábio Baena, delegado: suspeito de cobrar R$ 40 milhões de propina de Gritzbach para não responsabilizá-lo pelos assassinatos de dois membros do PCC. O empresário era investigado pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) por suspeita de ter mandado matar Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue” em 2021;
Eduardo Lopes Monteiro, investigador: suspeito de fazer parte do mesmo esquema criminosos de extorsão, ele tinha patrimônio e bens incompatíveis com o salário que ganhava na Polícia, segundo a PF e o MP.
Marcelo Roberto Ruggieri, investigador: suspeito de integrar o grupo de policiais que cobravam propinas de Gritzbach e de membros do PCC;
Marcelo Marques de Souza, o Marcelo “Bombom”, investigador: apontado pela PF e pelo MP como membro do esquema criminoso de corrupção policial.
Advogado e outros dois presos
Ahmed Hassan Saleh, o “Mude”, advogado
Reprodução/Divulgação
Outras três pessoas também foram presas na terça na mesma operação:
Ahmed Hassan Saleh, o “Mude”, advogado: suspeito de tentar cooptar policiais a mando do PCC para realizarem tarefas para a facção. Num áudio gravado por Gritzbach e entregue a PF e ao MP, o empresário diz ter pego a conversa de Ahmed com agentes da Polícia Civil combinando um valor de R$ 3 milhões para matá-lo;
Ademir Pereira Andrade e Robinson Granger de Moura, o “Molly”, são empresários: são investigados por suspeitas de envolvimento com o Primeiro Comando da Capital no esquema de lavagem de dinheiro.
Investigador foragido
O policial civil Rogério de Almeida Felício, o ‘Rogerinho’, procurado pela Polícia Federal na operação deflagrada nesta terça-feira (17), em São Paulo, ao lado do cantor Gustavo Lima.
Reprodução/Redes Sociais
O policial que é considerado foragido e está sendo procurado pela PF e pelo MP é:
Rogério de Almeida Felício, o “Rogerinho Punisher”, investigador: Segundo Gritzbach, o policial apareceu nas redes sociais com um dos relógios de luxo que apreendeu ilegalmente do empresário. Que o acusou ainda de cometer ilegalidades e arbitrariedades contra ele durante as investigações por causa das mortes do dois membros do PCC. “Rogerinho” ainda trabalhava como segurança do cantor sertanejo Gusttavo Lima.
Dois suspeitos de matarem empresário
Matheus Augusto de Castro Mota foi preso em Praia Grande (SP)
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Os dois suspeitos presos em dezembro pela força-tarefa pelo assassinato de Gritzbach são:
Matheus Augusto de Castro Mota: suspeito de ligação com o PCC e de emprestar dois carros usados na fuga dos dois atiradores;
Matheus Soares Brito: investigado por suspeita de integrar a facção criminosa.
‘Olheiro’ procurado
Kauê do Amaral Coelho, suspeito de participação no assassinato do delator do PCC
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O terceiro suspeito procurado como foragido pelo homicídio do empresário é:
Kauê do Amaral Coelho: foi gravado por câmeras de segurança do aeroporto momentos antes da chegada de Gritzbach. Segundo a força-tarefa, ele agiu como “olheiro” do grupo que avisou os assassinos para matarem o empresário. Para as autoridades, ele seguiu e monitorou a vítima até ela ser emboscada pelos atiradores.
O que dizem os citados
PF prende delegado e mais 3 policiais civis de São Paulo suspeitos de atuar para o PCC
O advogado Daniel Bialski, que faz a defesa de Baena e de Monteiro, disse que considera as prisões de seus clientes uma “arbitrariedade flagrante”.
Afirmou ainda que os fatos que embasariam as detenções “já foram investigados e arquivados pela Justiça, por recomendação do próprio Ministério Público”. E acrescentou que “ambos compareceram espontaneamente para serem ouvidos e jamais causaram qualquer embaraço às repetidas investigações”.
A defesa de Ruggeri disse que ainda não teve acesso aos autos, mas que considera a prisão prematura.
Os advogados de Rogerinho informaram que aguardam ter acesso integral ao processo “para analisar o caso e tomar as medidas legais cabíveis, reafirmando a confiança na Justiça para a comprovação de sua inocência”.
A defesa de Robinson Granger de Moura afirmou que ele “é pessoa de conduta ilibada, prestou todos os esclarecimentos que lhe competia a cerca do caso em questão, na oportunidade em que se apresentou a Justiça depois do Decreto de sua Prisão Temporária em 2022”. E completou: “Vale frisar que, naquela oportunidade, ele se apresentou espontaneamente à Justiça e desta feita não foi intimado a prestar qualquer esclarecimento antes da decretação de sua Prisão Temportis”.
O g1 tenta localizar as defesas dos outros presos.
Segurança Pública
Operação da Polícia Federal prende policiais civis em São Paulo
Procurada pela equipe de reportagem para comentar as prisões de seis de seus policiais, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) divulgou a seguinte nota:
“A Corregedoria da Polícia Civil investiga todos os policiais citados na delação, incluindo os agentes presos. O órgão também acompanha os desdobramentos das demais operações relativas aos fatos e, confirmadas as denúncias, adotará as medidas legais cabíveis em relação aos policiais civis.
A Polícia Civil é uma instituição legalista e não compactua com desvio de conduta, punindo com rigor todos os casos constatados. Uma força-tarefa foi criada para investigar o homicídio ocorrido no Aeroporto Internacional de Guarulhos e dois suspeitos já foram presos. As corregedorias das polícias Civil e Militar colaboram com as apurações e todos os agentes envolvidos, sejam civis ou militares, estão afastados das atividades operacionais até a conclusão dos trabalhos investigativos.”
Veja o que se sabe sobre dinâmica do atentado
Arte/ g1