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Documentos detalham pagamento de propina em troca de contratos públicos no TO durante o governo de Mauro Carlesse


O ex-governador foi preso no domingo (15). Ele é acusado pelo Ministério Público do Tocantins de chefiar organização criminosa que atuava no estado. PF apreende documentos que detalham pagamento de propina no Tocantins
O Jornal Nacional teve acesso a documentos apreendidos pela Polícia Federal que detalham o pagamento de propina em troca de contratos públicos no Tocantins durante o governo de Mauro Carlesse. O ex-governador foi preso no domingo (15).
A Polícia Federal encontrou em um avião interceptado em Brasília, no início de dezembro, documentos que ligam o ex-governador do Tocantins Mauro Carlesse, do Agir, ao esquema.
No domingo (15), o Fantástico mostrou que o grupo criminoso atua em pelo menos 14 estados, onde mantém R$ 824 milhões em contratos públicos. Muitos deles, segundo os investigadores, com suspeita de superfaturamento e obtidos com fraudes em licitações.
No jatinho estavam Alex Parente, um dos chefes da organização criminosa, e Lucas Lobão, ex-coordenador na Bahia do DNOCS, o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca. Ambos foram presos na semana passada. Com eles foram encontrados R$ 1,5 milhão dentro de uma mala.
Uma planilha detalha os valores pagos em propina no Tocantins. Informações obtidas pela Polícia Federal indicam que o apelido “CAB” seria uma referência a Mauro Carlesse. São seis pagamentos ao longo de 2024, que somam mais de R$ 2,6 milhões.
Documentos detalham pagamento de propina em troca de contratos públicos no TO durante o governo de Mauro Carlesse
Jornal Nacional/ Reprodução
O ex-governador foi preso no domingo (15) na fazenda dele, a cerca de 300 km de Palmas. Ele é acusado pelo Ministério Público do Tocantins de chefiar uma organização criminosa que atuava no estado. Segundo as investigações, Carlesse planejava fugir do país, depois que a Polícia Federal prendeu um sobrinho dele. Claudinei Aparecido Quaresemin foi secretário de Parcerias Público-Privadas na gestão do ex-governador e é acusado de gerenciar o pagamento de propina no estado.
Segundo a Polícia Federal, os contratos foram firmados durante a gestão de Mauro Carlesse, que renunciou em 2022. Uma das empresas da quadrilha recebeu R$ 59 milhões em contratos no Tocantins. Todos, segundo a PF, suspeitos de superfaturamento.
Em três contratos com a Secretaria de Educação, o esquema teria garantido vitória de forma irregular à Larclean Saúde Ambiental. Em nenhuma das disputas, a empresa apresentou os melhores lances, mas todos os concorrentes foram eliminados. A PF afirma que as eliminações foram mal justificadas.
A investigação também descobriu que um escritório de advocacia em Brasília intermediava o pagamento da propina.
Alex Parente: Fala, jovem.
Homem: Você está bom, líder? Eu tenho que levantar recurso para poder fechar a conta do rapaz, sabe? É, aí eu estou coletando com quem pode. Pode ser físico, digital. Digital é escritório que não tem nenhuma vinculação, Brasília, advogado.
Segundo um documento, empresas ligadas a Alex Parente, o homem da mala de dinheiro, pagaram ao escritório França Sociedade Individual de Advocacia e ao dono, Luiz Claudio Freire de Souza França, R$ 510 mil entre março de 2021 e junho de 2024.
Luiz Claudio Freire de Souza França recebeu uma homenagem na Câmara dos Deputados, em Brasília, em dezembro, identificado como secretário-geral do Podemos.
O Podemos declarou que o secretário-geral do partido é outra pessoa e que a relação com o advogado Luiz Claudio França é apenas profissional.
O escritório de advocacia de Luiz Claudio França negou que tenha intermediado o pagamento de propina e afirmou que o dinheiro recebido foi referente a serviços de consultoria política e jurídica.
O advogado que representa Alex Parente e Lucas Lobão afirmou que não teve acesso ao material apreendido.
O Jornal Nacional não conseguiu contato com as defesas do ex-governador Mauro Carlesse e de Claudinei Quaresemin.
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