O comandante do catamarã que virou após uma forte tempestade na praia do Capri, em São Francisco do Sul, no Norte catarinense, nesse domingo (15), afirmou ao ND Mais estar profundamente abalado e garantiu que a embarcação atendia a todos os requisitos de segurança.
A embarcação, que saiu da Marina Porto do Sol, em Joinville, para um passeio turístico promovido por uma empresa como parte das celebrações de fim de ano, tinha capacidade para 24 pessoas, mas transportava 14 passageiros, além do comandante Gean Carlos Schneider.
“Ainda estou profundamente abalado com o acidente. A embarcação cumpria todos os requisitos de segurança e não apresentava indícios de falhas estruturais ou operacionais. O ocorrido foi provocado por um fenômeno imprevisível, que impossibilitou qualquer ação preventiva”, afirmou Schneider em nota ao ND Mais.
O comandante relatou ainda que permaneceu a bordo durante todo o incidente, prestando auxílio aos bombeiros e às autoridades locais para garantir a segurança de todos “dentro dos limites impostos pela fatalidade”, descreveu. “A intensidade do fenômeno resultou nesta tragédia. A embarcação estava operando dentro da capacidade permitida”, completou.
Schneider também destacou se colocou à disposição das autoridades e órgãos competentes para colaborar com a apuração dos fatos e o esclarecimento da tragédia.
Investigação
A Delegacia da Capitania dos Portos em São Francisco do Sul informou que vai instaurar um inquérito administrativo para apurar as causas e possíveis responsabilidades pelo incidente. O prazo para conclusão é de 90 dias, com possibilidade de prorrogação. A Polícia Civil também está investigando os fatos.
Modelo do catamarã
O catamarã, um tipo de embarcação mais larga e menos profunda que os barcos convencionais, é comumente utilizado para fins turísticos. Este modelo específico tinha 33 pés de comprimento. Quando se diz que uma embarcação tem “33 pés”, isso se refere ao seu tamanho, com um pé equivalendo a cerca de 30,48 cm. Portanto, uma embarcação de 33 pés tem aproximadamente 10 metros de comprimento.
O que provocou tempestade em alto-mar?
A tragédia ocorreu na tarde de domingo (15), por volta das 13h30, na praia do Capri, durante uma forte tempestade. Testemunhas relataram que a embarcação virou devido a ventos intensos. A Defesa Civil de Santa Catarina descreveu o fenômeno como uma tempestade de verão passageira, caracterizada por chuva intensa, rajadas de vento e raios.
Conforme o órgão, o ciclone subtropical Biguá, localizado no Rio Grande do Sul, contribuiu para a instabilidade atmosférica na região Norte de Santa Catarina. O calor da tarde, com temperaturas entre 33 e 36°C, associado à umidade elevada, favoreceu o desenvolvimento de temporais convectivos, comuns nesta época do ano.
De acordo com os monitoramentos, o risco para tempestades na região era considerado baixo, mas não descartado. Tempestades convectivas podem se formar rapidamente em condições de calor e umidade, como aconteceu em São Francisco do Sul.
“Tudo muito rápido”
Um passageiro, que estava em outra embarcação e testemunhou o ocorrido, falou sobre o caso ao ND Mais e relatou que tudo “foi muito rápido”.
Salvamento após catamarã virar
No momento do acidente, o catamarã transportava 14 passageiros e um tripulante. Eles foram socorridos por outras embarcações que estavam próximas. Uma bebê de oito meses, que estava no deck superior no colo da mãe, desapareceu após a virada do barco.
“A água estava muito turva para achar a criança no local. O gerenciamento de toda a ocorrência durou cerca de 1h30. Os que estavam na embarcação pularam na água foram resgatadas graças a um iate”, relembrou o bombeiro voluntário José Nicolau Souza.
Equipes de resgate mobilizaram diversas forças de segurança e, após cerca de uma hora de buscas, a bebê foi localizada por mergulhadores que utilizaram equipamentos emprestados por um homem na região. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar, a criança foi encontrada às 15h23.
A bebê foi retirada da água em grau seis de afogamento e recebeu atendimento emergencial até ser levada ao Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, em Joinville, pela equipe do Águia 01 da Polícia Militar. No entanto, ela chegou ao hospital em parada cardiorrespiratória e não respondeu aos esforços da equipe médica.
Feridos
Além da bebê, um menino de três anos foi atendido com grau um de afogamento pelos bombeiros voluntários. Outras duas pessoas, de 36 e 37 anos, sofreram ferimentos. Uma delas teve um corte profundo no pé esquerdo, enquanto a outra relatou dores na cabeça.