A música, a dança, o teatro e o circo se encontram em um espetáculo que fala de diversidade. Celebra as vidas negras através dos séculos, denuncia desigualdades e celebra o orgulho. Espetáculo de circo no Rio celebra a força e o protagonismo negros
No Rio de Janeiro, um espetáculo de circo está celebrando a força e o protagonismo negro.
Tem dança, tem música. Que espetáculo é esse?
“Ele conta uma história mais cotidiana, de como o povo preto é visto hoje dentro da cena, da sua comunidade, da rua, do mercado, dentro de um trabalho”, diz o palhaço Washington Gabriel.
No picadeiro, a cultura brasileira em muitas manifestações. A música, a dança, o teatro e o circo se encontram num espetáculo que fala de diversidade. Celebra as vidas negras através dos séculos, denuncia desigualdades e celebra o orgulho.
“A gente está aqui como referência para aqueles que podem vir depois da gente. Eu nunca me vi num espaço como esse quando era criança e agora eu posso trazer essa possibilidade para o público de hoje. Tanto os mais velhos, que esperaram muito para isso, como os mais novos, que veem que esse lugar é possível para eles também”, ressalta Ricardo Rodrigues, diretor do espetáculo.
O espetáculo no Circo Crescer e Viver, no Centro do Rio, reverencia o pioneirismo de Benjamim de Oliveira. Ele foi um dos primeiros palhaços negros do Brasil, e ainda compositor, produtor, diretor e ator.
“Ele foi o cara que inventou o circo teatro no Brasil. É um jeito de fazer teatro que até hoje se propaga, e foi um homem negro, Benjamim de Oliveira, que fugiu da escravidão, se trombou num circo e seguiu a vida. Não à toa a palavra ‘agô’ está entre chaves, porque chaves abrem portas, e esses antepassados nossos abriram portas para que nós pudéssemos estar aqui. E nós estamos abrindo outras tantas portas”, afirma Renato Ribeiro , palhaço e assistente de direção.
Chico Regueira: Para falar da cultura brasileira, vocês falam de ancestralidade. Quais ancestrais estão aqui nesse palco com vocês?
Mariana Per, cantora: Tem o Grande Otelo, tem o Jorge Lafond, que é uma grandíssima referência para quem está pensando esse corpo negro em cena. A gente vai ler bell hooks, a gente vai ler e se referenciar com Conceição Evaristo, que está bem perto da gente e nos alimentando com essa existência criativa. Nós não somos só feijoada e samba.
“O povo preto está em todos os lugares. É que as vezes não nos deixam aparecer, mas a gente está em todos os lugares. Agora, a nossa briga e luta é para que a gente apareça, para que a gente vá para frente, que a gente mostre”, fala o palhaço Washington Gabril.
Espetáculo de circo em cartaz no Rio de Janeiro celebra força e protagonismo negro
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