Desafio do novo governo é cumprir a promessa de erradicar o tráfico da pílula conhecida também como cocaína dos pobres, que transformou o país em narcoestado. Em seu discurso de vitória, há pouco mais de uma semana logo após capturar Damasco, Mohammad al-Jolani, o comandante do grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), prometeu erradicar o captagon da Síria.
O comércio desta droga ilícita, um tipo de anfetamina tachada como “cocaína dos pobres”, tem no país o seu principal hub e o caracteriza como um narcoestado. Encheu os cofres da família Assad, com lucros diretos de US$ 2,4 bilhões por ano.
“A Síria se tornou o maior produtor de captagon no mundo e hoje será purificada pela graça de Deus”, assegurou o comandante do HTS ao depor o governo. Na tentativa de cristalizar suas intenções, integrantes do grupo rebelde desmontaram laboratórios e armazéns onde a droga era produzida e queimaram toneladas de pílulas.
A dúvida é se o frágil governo de transição conseguirá fazer frente à poderosa economia gerada pelo cartel, que gera US$ 10 bilhões por ano e conta com uma rede de contrabando já entranhada no país. A associação entre a produção e comercialização do captagon e o regime deposto é explícita e tem como principal interlocutor Maher Assad, irmão do ex-ditador e ex-comandante da Quarta Divisão do Exército, que está foragido.
O captagon atuou como uma tábua de salvação para o regime sírio, asfixiado por uma uma década de guerra civil e duras sanções impostas pelo Ocidente. Para se transformar em narcoestado, Assad se beneficiou da demanda pela droga, principalmente nos países do Golfo, e do acesso às rotas marítimas do Mediterrâneo. Forneceu o aparato político e de segurança do Estado para assegurar o comércio.
Derivada da fenetilina, a pílula branca tem um par de meias-luas gravadas, e tornou-se popular no Oriente Médio — onde o álcool é proibido aos muçulmanos —, por ser barata e produzir um efeito conhecido como “coragem química”.
Dá foco, afasta a fome e mantém o usuário desperto por horas seguidas. A droga, que se originou na década de 1960 como medicamento para transtornos de déficit de atenção e hiperatividade e distúrbios do sono, tornou-se ilegal e foi banida em vários países, incluindo os EUA, por produzir efeitos colaterais como psicose. A versão ilegal foi encontrada em corpos de combatentes do Hamas.
“Faz a pessoa se sentir invencível e é incorretamente percebida como não perigosa”, explicou à ABC News a pesquisadora Caroline Rose, que estuda o comércio de captagon no think tank News Line Institute, sediado em Washington.
A queda de Assad foi desencadeada pelo abandono de seus aliados, como Rússia, Hezbollah e Irã, envolvidos em outras frentes de batalha, e também por um exército degradado e esvaziado, vinculado à produção do captagon. O desafio de erradicar o comércio ilegal e limpar o país da droga se mostra mais complexo do que as promessas proferidas pelo comandante do HTS em seu discurso de vitória.
O comércio desta droga ilícita, um tipo de anfetamina tachada como “cocaína dos pobres”, tem no país o seu principal hub e o caracteriza como um narcoestado. Encheu os cofres da família Assad, com lucros diretos de US$ 2,4 bilhões por ano.
“A Síria se tornou o maior produtor de captagon no mundo e hoje será purificada pela graça de Deus”, assegurou o comandante do HTS ao depor o governo. Na tentativa de cristalizar suas intenções, integrantes do grupo rebelde desmontaram laboratórios e armazéns onde a droga era produzida e queimaram toneladas de pílulas.
A dúvida é se o frágil governo de transição conseguirá fazer frente à poderosa economia gerada pelo cartel, que gera US$ 10 bilhões por ano e conta com uma rede de contrabando já entranhada no país. A associação entre a produção e comercialização do captagon e o regime deposto é explícita e tem como principal interlocutor Maher Assad, irmão do ex-ditador e ex-comandante da Quarta Divisão do Exército, que está foragido.
O captagon atuou como uma tábua de salvação para o regime sírio, asfixiado por uma uma década de guerra civil e duras sanções impostas pelo Ocidente. Para se transformar em narcoestado, Assad se beneficiou da demanda pela droga, principalmente nos países do Golfo, e do acesso às rotas marítimas do Mediterrâneo. Forneceu o aparato político e de segurança do Estado para assegurar o comércio.
Derivada da fenetilina, a pílula branca tem um par de meias-luas gravadas, e tornou-se popular no Oriente Médio — onde o álcool é proibido aos muçulmanos —, por ser barata e produzir um efeito conhecido como “coragem química”.
Dá foco, afasta a fome e mantém o usuário desperto por horas seguidas. A droga, que se originou na década de 1960 como medicamento para transtornos de déficit de atenção e hiperatividade e distúrbios do sono, tornou-se ilegal e foi banida em vários países, incluindo os EUA, por produzir efeitos colaterais como psicose. A versão ilegal foi encontrada em corpos de combatentes do Hamas.
“Faz a pessoa se sentir invencível e é incorretamente percebida como não perigosa”, explicou à ABC News a pesquisadora Caroline Rose, que estuda o comércio de captagon no think tank News Line Institute, sediado em Washington.
A queda de Assad foi desencadeada pelo abandono de seus aliados, como Rússia, Hezbollah e Irã, envolvidos em outras frentes de batalha, e também por um exército degradado e esvaziado, vinculado à produção do captagon. O desafio de erradicar o comércio ilegal e limpar o país da droga se mostra mais complexo do que as promessas proferidas pelo comandante do HTS em seu discurso de vitória.