Exame de DNA confirmou a troca dos bebês que só foi descoberta dois anos depois das crianças nascerem. Uma ação está sendo movida contra o obstetra que fez o pré-natal e parto dos gêmeos. “Meu mundo caiu”, diz mãe que teve gêmeos trocados na maternidade
A Polícia Civil de Alagoas instaurou um inquérito para investigar a troca de bebês ocorrida em fevereiro de 2022 no hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, em Arapiraca, Agreste do estado. Um exame de DNA confirmou a troca das crianças, que são irmãos gêmeos.
Uma ação está sendo movida contra o obstetra que fez o pré-natal e parto dos bebês. Ele não quis dar entrevista. O hospital informou em nota que está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos.
“Recebemos o ofício do Ministério Público pedindo para que fosse instaurado o inquérito policial por uma troca de bebês em Arapiraca, no Hospital Regional. Iniciamos as apurações, já foram ouvidas testemunhas, enfermeiros, médicos, funcionários e essa investigação segue em curso”, disse a delegada Maria Fernandes Porto, responsável pelas investigações.
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Troca foi descoberta através das redes sociais
As crianças têm atualmente dois anos. As mães descobriram que os filhos haviam sido trocados após um vídeo compartilhado nas redes sociais onde aparecia um deles na escola. O menino era idêntico a outro da mesma região. Ao investigar, as mães descobriram que a troca na maternidade.
O casal Débora e Suelson, agricultores de São Sebastião, no agreste Alagoano, esperavam o nascimento dos filhos gêmeos. No oitavo mês, a mãe desenvolveu pressão alta e precisou ser encaminhada para um hospital em Arapiraca.
Os gêmeos Guilherme e Gabriel nasceram prematuros, no dia 21 de fevereiro de 2022. Para ganhar peso, eles precisaram ficaram alguns dias na UTI. Por causa dos casos de COVID, o hospital informou que os bebês não poderiam receber visitas.
“Eu até pensei que eu iria todos os dias para amamentar, mas não fui. O pediatra, me ligava e passava o relatório de como eles estavam”, lembra a mãe das crianças.
Os bebês foram liberados três semanas depois de nascerem, no dia 12 de março de 2022. Até então, Débora acreditava que tinha gestado gêmeos bivitelinos, pois o médico não havia dado certeza de que eles eram idênticos.
Quando as crianças tinham dois anos, uma amiga da Débora compartilhou com ela um vídeo que tinha visto na internet. Era Bernardo, filho da Maria Aparecida, que mora em Craíbas – cidade próxima de São Sebastião.
“Eu fiquei tão atordoada. Postei um vídeo, o vídeo dele na creche rezando e postei um vídeo chorando: ‘Vocês me perguntando se esse menino é o Gabriel, mas não é o Gabriel. Estou emocionada porque o menino é idêntico ao Gabriel’”, conta a mãe.
Outra mãe teve filho no mesmo hospital
Assim como Débora, Maria Aparecida também teve uma gestação tranquila até o oitavo mês. Bernardo nasceu no mesmo hospital dos gêmeos, em Arapiraca, mas três dias depois. Ele também precisou ficar internado para ganhar peso.
Depois de pouco mais de um mês, Bernardo foi liberado no dia 28 de março de 2022. No início de 2024, com dois anos, ele entrou na creche. Após a postagem nas redes sociais, as duas mães se encontram com a ajuda de uma conselheira tutelar.
Débora foi ao encontro sem os bebês, mas pôde conhecer Bernardo na casa de Maria Aparecida. Diante da conclusão de que os três meninos tinham passado pela UTI no mesmo período, as duas mães concordaram em realizar exames de DNA.
O resultado deu positivo: o DNA de Bernardo é compatível com o da Débora e do marido, portanto ele é irmão de Gabriel. Já o de Guilherme corresponde ao de Maria Aparecida.
Segundo o advogado de Débora, os exames feitos durante o pré-natal já indicavam que os gêmeos eram idênticos, mas essa informação não foi passada durante as consultas.
Impasse sobre a guarda das crianças
A família de Débora busca, na justiça, ter o gêmeo Bernardo de volta. A família também quer manter a guarda de Guilherme, que tem problemas graves de saúde.
Já a Maria Aparecida, representada pela defensoria pública, quer permanecer com Bernardo e manter uma relação de proximidade com Guilherme.
A posição da defensoria pública, que representa Maria Aparecida, é de que as mães devem permanecer com as crianças que saíram com elas da maternidade, mas manter uma relação próxima com os filhos biológicos.
Até a decisão da justiça, todos terão que aguardar para saber o destino das crianças. Por enquanto, os bebês visitam suas famílias biológicas de 15 em 15 dias.
Troca aconteceu no Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, em Arapiraca
Reprodução/ TV Gazeta
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