Há 20 anos, na manhã de 26 de dezembro de 2004, algo incomum chamou atenção no Parque Nacional de Yala, no Sri Lanka. Elefantes e outros animais se afastaram da costa, como se pressentissem o que estava por vir. Mistério sobre animais que teriam pressentido tsunami de 2004 ainda intriga especialistas; entenda
Há 20 anos, na manhã de 26 de dezembro de 2004, algo incomum chamou atenção no Parque Nacional de Yala, no Sri Lanka. Elefantes e outros animais se afastaram da costa, como se pressentissem o que estava por vir. Naquele dia, um terremoto de mais de 9 graus de magnitude desencadeou um dos maiores desastres naturais já registrados no planeta: o tsunami de 2004. Veja no vídeo acima.
A tragédia causou a morte de cerca de 230 mil pessoas em vários países. O Sri Lanka foi o segundo lugar com maior número de vítimas, com 35 mil mortos. Apesar disso, no Parque Nacional de Yala, um fato curioso intriga até hoje os cientistas e as pessoas que conhecem a região: após a grande onda, não foram registradas mortes de grande animais na região. Saiba mais abaixo.
Intuição animal?
Vijitha Kumara já trabalhava no parque na época do desastre. Para ele, ainda deu tempo de acelerar e se afastar da tragédia.
Ele confirma que os guias do parque notaram a ausência dos animais na área costeira. Mas como nunca tinham visto um tsunami antes, nem ele, nem ninguém que estava ali percebeu que isso poderia ser um aviso ou um sinal da natureza.
Relatos e memórias de sobreviventes
Sobreviventes de tsunami que destruiu parte de Sri Lanka relembram dia da tragédia: ‘Ninguém sabia o que estava acontecendo’
O cenário que se viu no litoral do Sri Lanka foi devastador. Em Mirissa, uma das regiões mais afetadas pelo tsunami de 2004. Depois da primeira onda, a água recuou, expondo o fundo do mar e atraindo curiosos para tirar fotos e pegar peixes que ficaram pelo chão. Muitos se aproximaram sem saber que uma segunda onda, ainda mais destruidora, estava a caminho.
Lal Wickramaratne e a mulher dele sobreviveram à tragédia. Ao longo dos anos, eles reuniram fotos e vídeos que dão a dimensão da tragédia. Dois sobrinhos, de onze e cinco anos, nunca foram encontrados.
“As pessoas não sabiam direito o que estava acontecendo. Ninguém tinha vivido um tsunami antes. Por isso, as pessoas foram para água, quando a água recuou.
Terremoto de 2004 no Sri Lanka
Reprodução/TV Globo
Cerca de 20 anos depois, Lal ainda se emociona. Eles estavam em casa quando a primeira onda se formou. Ele notou um barulho diferente.
“Eu olhei para ver o que estava acontecendo e eu vi como se fosse uma fumaça em toda parte. Eu pensei: ‘o que aconteceu?’ Olhei e vi a grande onda vindo para terra. Peguei minha esposa nos ombros e atravessei 900 metros no meio de destroços”.
Ele achou as crianças 3 km dali, sentadas, chorando. Sem pai, nem mãe.
“Eu disse: ‘estamos aqui, vamos correr!'”, afirma Lal.
Hoje, Lal vive perto da praia, onde tudo foi reconstruído. Na mesma região, um trem lotado foi atingido pela força das águas.
“As pessoas pensaram que estariam seguras dentro dos vagões. Muita gente achou que eles formariam uma barreira e que a água não passaria por ali. Mas a força das ondas era tanta que ficou tudo retorcido”, conta.
Terremoto de 2004 no Sri Lanka
Reprodução/TV Globo
Kushan era criança e estava brincando com os amigos quando ouviu a mãe chamar por ele na manhã do tsunami. Eles correram para o alto de um morro. A mãe percebeu que viria outra onda, mas não sabia o tamanho dela, e ficou rezando. Kushan viu do alto, quando a segunda onda chegou.
“Eu tinha nove anos de idade em 2004. Foi uma experiência de vida muito forte. Nunca tinha acontecido nada parecido. Eu tive muito medo. Todo mundo estava chorando. Na verdade, tenho muito respeito pela minha mãe, porque ela teve uma boa ideia e reagiu a tempo. Para nós, é impossível navegar por essas águas sem pensar no que aconteceu aqui depois da grande onda”, relata.
Terremoto de 2004 no Sri Lanka
Reprodução/TV Globo
Veja a íntegra do programa abaixo:
Globo Repórter – Sri Lanka – 13/12/2024
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