A Macy’s, uma das maiores redes de lojas de departamentos dos Estados Unidos, enfrenta uma crise financeira após um funcionário fraudar registros contábeis e esconder mais de US$ 150 milhões em despesas de entrega.
Conforme o New York Times, a questão atrasou a divulgação de um relatório financeiro anual essencial para investidores, que fez as ações da empresa despencarem. O anúncio, a poucas semanas do Natal, ameaça seu desempenho no período mais importante do ano para a empresa.
Na quarta-feira (11), a Macy’s divulgou seus dados financeiros e explicou que, apesar da gravidade do caso, ele não afetou os resultados anteriores de forma significativa.
No entanto, a empresa teve que revisar suas contas dos últimos anos e reduzir as projeções de lucro para 2024, o que aumentou a preocupação dos investidores e fez as ações caírem ainda mais.
De acordo com a empresa, o funcionário responsável, que já foi demitido, manipulou os registros entre 2021 e o terceiro trimestre de 2024 para reduzir artificialmente os custos de entrega.
Como resposta, a Macy’s está reforçando seus controles financeiros e avaliando os riscos de novos casos como esse.
“Estamos focados em garantir que a ética e a integridade sejam valores presentes em toda a empresa”, afirmou o CEO, Tony Spring, ao NYT.
Cenário negativo para as lojas de departamentos
A crise não é apenas contábil. Macy’s enfrenta desafios maiores para reverter a queda nas vendas e lidar com acionistas ativistas que pressionam por mudanças radicais.
Analistas apontam que o mercado de lojas de departamentos tem perdido espaço à medida que os consumidores evitam shoppings e marcas tradicionais optam por vender diretamente ao público.
Jessica Ramírez, analista da Jane Hali & Associates, destaca que muitos consumidores têm migrado para outras experiências de compra: “O público busca opções que não envolvem lojas de departamentos. A Macy’s precisa oferecer produtos mais atraentes para recuperar esses clientes.”
A Macy’s também lançou uma nova estratégia de reestruturação no início do ano. Liderada pelo CEO Tony Spring, a iniciativa inclui fechamento de lojas pouco rentáveis, melhorias na experiência dos clientes e ajustes no mix de produtos. Apesar dos esforços, analistas afirmam que os planos não diferem muito de tentativas anteriores que falharam em revitalizar a rede.
“A Macy’s tem apostado constantemente em cortes e reestruturações, mas os resultados positivos não têm se sustentado”, disse David Swartz, analista da Morningstar.
Macy’s enfrenta concorrência acirrada
Enquanto lojas como T.J. Maxx e Walmart registram crescimento nas vendas, a Macy’s enfrenta dificuldades para atrair consumidores em um ambiente econômico desfavorável.
A alta nos estoques é um indicativo de que a empresa está apostando pesado no Natal, que em 2023 respondeu por 35% das vendas anuais. No entanto, analistas alertam que os consumidores estão mais cautelosos devido à inflação.
Oliver Chen, da T.D. Cowen, observa que os compradores estão priorizando presentes essenciais: “Eles sentem o peso da inflação e evitam itens caros, focando apenas no indispensável.”
Apesar disso, há sinais de esperança. As 50 lojas consideradas essenciais para o futuro da Macy’s mostraram um crescimento de 1,9% nas vendas comparáveis no último trimestre. Ainda assim, investidores permanecem céticos. A ação da empresa acumula queda de 15% em 2024.