Mães de alunos de Apaes da região afirmam que buracos em ruas oferecem risco aos filhos. A Prefeitura de Itaquaquecetuba disse que, até agora, não recebeu nenhuma solicitação formal dos moradores sobre o problema, enquanto a Prefeitura de Mogi disse que o novo local do ponto de ônibus foi definido em conjunto com a diretoria da Apae. Problemas em vias públicas do Alto Tietê complicam a rotina de pessoas mobilidade reduzida
Pessoas com mobilidade reduzida enfrentam diversas dificuldades para se locomover pelas ruas das cidades do Alto Tietê. Buracos, degraus, subidas e descidas, calçadas minúsculas, muitas vezes com postes no meio do caminho, são alguns dos obstáculos encontrados no caminho.
Se dito popular diz que uma pedra no caminho já é um problema, imagina várias. Essa é a situação da Rua Joaquim Fabiano de Mello, de paralelepípedo, que fica no bairro Jardim Betânia, em Mogi das Cruzes, próxima da sede da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).
A dona de casa Eliane Maria da Silva leva sua filha todos os dias para as aulas na associação há mais de 15 anos. Algum tempo atrás, a rua até chegou a receber obras, o que trouxe uma certa esperança, mas não foi bem isso que aconteceu.
“Quando a gente viu a obra, ‘nossa, agora vai melhorar para as mães cadeirantes, que têm os filhos. Mas ficou uma coisa pior do que estava, porque é uma situação daquelas. Sem dizer que o ponto enche em horário de pico lá na parte da manhã toda. Se eu tô passando com a minha filha debaixo de chuva e a cadeira vira da forma que tá, é óbito. Porque olha a situação da rua. E não é de agora que essa rua tá assim, já faz muito tempo. Então, praticamente, parece um asfalto derretido à geleia, porque da maneira que tá, criança cair é óbito, bate a cabeça, como é que fica?”.
Rua próxima à Apae de Mogi das Cruzes tem paralelepípedos soltos
TV Diário/Reprodução
A obra mencionada por Eliane foi iniciada em abril de 2019 pela Prefeitura de Mogi, que informou que os trabalhos eram de ampliação de calçadas para facilitar o acesso de pessoas com dificuldade de locomoção. O investimento foi de mais de R$ 320 mil.
A obra também contou com a troca das redes de água e de esgoto da rua. Durante o andamento dos serviços, um funcionário do Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae) acabou morrendo soterrado.
Algum tempo depois, os trabalhos foram concluídos. Mas quem passa pelo local não está satisfeito com a situação.
“Eu pensei que eles iam fazer uma obra bem feita. E acabou estragando, porque esses paralelepípedos não são bons, principalmente pra mãe que precisa atravessar a rua também. É ruim, porque fica lapidando a cadeira de roda. É terrível [em dias chuvosos], porque como tá com a rampa ali no paralelepípedo. Então fica ruim, porque o ônibus quando vem até o carro, eles não querem saber quem tá e quem não tá, eles jogam água suja em cima de você”, contou Márcia de Souza Alcântara, mãe de um estudante cadeirante.
Márcia de Souza Alcântara também tem uma filha que estuda na Apae, assim como Neide de Almeida, que além de enfrentar o caminho todos os dias, disse que a mudança de um ponto de ônibus por exemplo é mais um item na lista de problemas que só tem aumentado após a obra.
“Aqui, com esse pedaço todo danificado, prejudica a gente que é mãe, prejudica os filhos da gente, prejudica as crianças cadeirantes, tem muito cadeirante aqui. O espaço também se torna pequeno para os cadeirantes, pra nós que somos os pedestres. Então tá bem difícil mesmo a situação aqui”, explicou a dona de casa.
Esse problema de acessibilidade e condições ruins das ruas que as mães usam para levar seus filhos até a Apae, se estendem para outras cidades da região.
Em Itaquaquecetuba, a reportagem do Diário TV conversou com Simone Bezerra de Freitas. A dona de casa mora com o filho em uma travessa da Rua Aurélio Perez, no bairro Jardim Odete II. Como o lugar está cheio de buracos, ela afirma que é impossível levar o menino, que usa cadeira de rodas até a rua principal para ele conseguir pegar a condução e ir para a Apae.
“A rua às vezes tá cheia de buraco. Aí às vezes eu tenho que sair pra resolver algumas coisas, tem que levar ele no médico, também com a rotina dele, aí eu não consigo. Aí eu subo com a cadeira de rodas, deixo lá em cima, aí volto e subo com ele no colo. Já escorreguei, já cheguei a cair com ele, mas graças a Deus não aconteceu nada, nem comigo, nem com ele. Quando tá chovendo fica muito escorregadio, porque é rua de barro, tem muito buraco, a cadeira de rodas sem chance. Samu, quando eu preciso, porque ele tem crise convulsiva, também não consigo, porque o Samu não desce aqui. Mesmo com a máquina, eles não têm condições de descer pra subir empurrando, não têm condições porque a rua é muito cheia de buraco”, detalhou Simone.
Além de ser íngreme, viela no bairro Jardim Odete II, em Itaquaquecetuba, está totalmente esburacada
TV Diário/Reprodução
Além das dificuldades encontradas, as mães de diferentes cidades compartilham também a mesma esperança.
“Eu espero a mudança do prefeito da cidade”, desabafa Márcia. “Vamos esperar que aconteça a melhoria pra que nossas crianças possam circular com total cuidado e em segurança”, disse Eliane.
A Prefeitura de Itaquaquecetuba, disse em nota, que na semana que vem vai enviar uma equipe até o local que a gente viu na reportagem, mas, que até agora, não recebeu nenhuma solicitação formal dos moradores sobre o problema.
Já a Prefeitura de Mogi das Cruzes disse que o novo local do ponto de ônibus foi definido em conjunto com a diretoria da Apae e que a estrutura fica a menos de um quarteirão da unidade. Sobre as obras de recolocação de paralelepípedos, a Prefeitura informou que foram feitas em 2020 pela administração anterior e que, desde que os problemas com as pedras na via começaram, a atual gestão notificou imediatamente a empresa responsável pelos trabalhos.
Ainda segundo a administração de Mogi, a execução do serviço está no prazo de garantia e, por isso, vem cobrando providências urgentes, inclusive tem reunião marcada com a empresa para a semana que vem.
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