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Reserva de emergência: como se organizar e o que levar em consideração antes de começar


Especialista em renda fixa diz que é necessário escolher um investimento seguro, com fácil acessibilidade e sem marcação a mercado para colocar esse dinheiro. Veja o que levar em consideração para começar uma reserva de emergência
Montar uma reserva de emergência é um dos primeiros passos na vida de quem quer ter mais saúde financeira. Como o próprio nome sugere, essa reserva é o dinheiro que fica guardado para eventualidades, de um eletrodoméstico que dá defeito até uma demissão.
O fim de ano pode ser uma boa oportunidade para começar a montar essa reserva porque é uma época marcada pelo pagamento do 13° salário e eventuais bonificações por cumprimento de metas.
O primeiro passo (e mais intuitivo) é poupar o dinheiro, mas só isso não basta. É importante começar saneando possíveis dívidas e outras gorduras que possam comprometer o orçamento.
Para o dinheiro que sobra, vale começar uma reserva colocando os valores economizados na poupança, caso a pessoa não tenha nenhum conhecimento sobre investimentos. Vale a pena “desde que comece a estudar para investir”, diz Marilia Fontes, especialista em renda fixa e sócia-fundadora da Nord Investimentos.
Há opções tão seguras quanto a poupança, mas que rendem muito mais. Para escolher onde investir esse dinheiro, só é preciso ter atenção a detalhes como liquidez, segurança e marcação a mercado.
Marilia falou ao podcast Educação Financeira, que fala sobre como organizar as contas ainda neste ano para começar 2025 com o pé direito.
Veja a íntegra da entrevista ou os principais cortes da conversa mais abaixo:
mariana fontes INTEGRA
Nesta reportagem, você vai ver:
O que é e como montar uma reserva de emergência
Se vale a pena começar uma reserva ainda em 2024
A liquidez necessária para a reserva de emergência
A importância de buscar segurança para a reserva
Os cuidados com a marcação a mercado
O que é e como montar uma reserva de emergência
Marilia Fontes explica o que é uma reserva de emergência
Marilia descreve a reserva de emergências como “uma das coisas mais importantes dentro de uma carteira de investimentos”, capaz de salvar uma pessoa de “várias furadas”.
O próprio nome já diz: é uma reserva de dinheiro que deve ficar guardada para o momento em que algo extraordinário acontecer. O dinheiro que fica nessa reserva serve como um colchão para ser gasto no caso de uma emergência, sem que a pessoa precise se endividar para pagar as contas.
“Quando as pessoas, para alguma emergência, acessam cartão de crédito ou crédito rotativo etc, você já vai para uma taxa de juros muito mais alta”, destaca Marilia.
Segundo a especialista, a reserva de emergência precisa ser um dinheiro “sem risco” e “rapidamente acessível”, que corresponda, se possível, a um período de seis meses a um ano dos gastos mensais de uma pessoa.
Se o custo de vida mensal de alguém — contando todas as contas básicas, alimentação, mensalidades e outras coisas importantes e necessárias — for de R$ 2 mil por mês, por exemplo, então a reserva de emergência deve ser de, idealmente, R$ 12 mil a R$ 24 mil.
Para isso, a forma de montar uma reserva é simples e sem segredos: é preciso pegar um pouco de dinheiro, sempre que possível, e colocar em uma aplicação segura, como um investimento em renda fixa. E isso pode ser feito com pouco e gradativamente, dentro das possibilidades de cada um.
Em uma emergência, mesmo que o valor da reserva não seja suficiente para arcar com seis meses do custo de vida, ter uma quantia guardada já ajuda a passar pelo momento, e pode evitar a necessidade de contrair uma dívida.
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Vale a pena começar uma reserva ainda em 2024?
Vale a pena começar uma reserva ainda em 2024? Marilia Fontes responde
Para Marilia Fontes, vale a pena começar uma reserva de emergência ainda em 2024. Essa é uma época no ano em que as pessoas costumam estar com mais dinheiro na mão, por conta do pagamento do 13° salário e eventuais bônus pagos por empresas aos funcionários.
A especialista considera que, para quem tem dívidas, geralmente é melhor priorizar a quitação dos valores devidos porque os juros de empréstimos costumam ser bem maiores dos que o de qualquer investimento seguro. Dessa forma, o 13° salário pode ser direcionado para esse propósito.
No entanto, se sobrar uma fatia do 13º, ou mesmo com um valor pequeno do salário habitual, pode ser mais interessante começar a montar uma reserva do que deixar o dinheiro na conta para outros gastos.
Marilia comenta que, mesmo quando não há nenhuma compra prevista, o dinheiro na conta tende a ser usado porque a pessoa pode associar o valor a um “dinheiro sobrando”. Assim, a opção mais correta é já destinar uma parte para os investimentos para começar a montar esse fundo emergencial.
“Mais (importante) do que você conseguir montar uma reserva de emergência rápido, é você começar”, diz Marilia sobre o “efeito bola de neve dos juros compostos” — que fazem o dinheiro render mais. Ela explica que, mesmo que não seja possível colocar dinheiro na reserva em algum mês, o que você já colocou vai rendendo.
Com os juros compostos, o dinheiro que é colocado no investimento (mesmo que na poupança) em um mês rende uma porcentagem. Nos meses seguintes, os juros do rendimento são calculados sobre o valor total (montante inicial mais o rendimento do mês anterior) — formando a bola de neve a que a especialista se refere. Portanto, quanto antes começar, inclusive em 2024, melhor.
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A liquidez ideal para a reserva de emergência
O primeiro ponto de atenção na hora de escolher onde colocar o dinheiro da reserva de emergência é a liquidez — que diz respeito à facilidade e velocidade com que se pode resgatar o dinheiro investido.
Na prática, quanto mais rápido o investidor recebe de volta o dinheiro investido mais os rendimentos obtidos no período, maior a liquidez do investimento.
Levando isso em conta, Marilia diz que a reserva de emergência precisa estar em um ativo com alta liquidez para que, em uma emergência, o dinheiro possa ser acessado com facilidade.
Nas emergências, a pessoa não consegue esperar muito tempo até receber os valores. Assim, um investimento com baixa liquidez — ou seja, que demora para devolver o valor investido — pode prejudicar o investidor e obrigá-lo a buscar o dinheiro de outras formas, como se endividando com um empréstimo.
O prazo ideal para esse resgate é de, no máximo, um dia útil.
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Segurança do investimento é ponto de atenção
Tão importante quanto a liquidez para garantir o acesso rápido e fácil ao dinheiro numa emergência é a segurança do investimento.
A escolha da aplicação deve levar em conta todas as características do produto, com destaque para a previsibilidade do retorno financeiro. Títulos da renda fixa são aqueles que já apresentam ao investidor logo de partida qual será a rentabilidade do investimento se ele for levado até o fim do prazo.
Além disso, também é importante analisar qual é o emissor do título — a instituição financeira que está disponibilizando o investimento no mercado.
Marilia diz que, para a reserva de emergência, é importante escolher bancos que já tenham tradição e bom histórico de pagador ou o próprio Governo Federal (que é o emissor mais seguro). Bancos com pouco tempo de mercado ou em uma fase financeira ruim podem passar por qualquer problema que leve o investidor a ter mais dificuldade em acessar o dinheiro.
“Durante a pandemia, muita gente precisou resgatar o dinheiro da reserva de emergência. Só que, em 2020, dois bancos foram liquidados extrajudicialmente pelo Banco Central. Quem estava com dinheiro investido nesses bancos e precisava resgatar, não conseguiu, e aí foi para a fila do FGC”, exemplifica.
O FGC é o Fundo Garantidor de Crédito, que garante, para alguns produtos, que os investidores vão receber de volta o dinheiro que investiram mais os rendimentos (limitados a R$ 250 mil por CPF por instituição financeira). Assim, mesmo que a pessoa tenha a garantia de que será paga, ela pode demorar mais tempo para ter acesso ao dinheiro.
O problema é que, em uma emergência, essa espera pode ser crucial.
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Cuidados com a marcação à mercado
Por fim, a reserva não pode estar em investimentos que sofram com a marcação a mercado, mecanismo que faz com que o preço do ativo valha aquilo que o mercado aceita pagar.
A marcação a mercado é fácil de ser entendida em ativos de renda variável, como nas ações. Ao comprar uma ação hoje, o investidor pode pagar R$ 10, por exemplo. Porém, com as oscilações naturais do mercado, essa mesma ação pode passar a valer R$ 5, gerando prejuízos para o investidor.
Na renda fixa, porém, isso também pode acontecer, a depender do tipo de rentabilidade do título escolhido. Em geral, são três as possibilidades: pós-fixados atrelados à Selic, prefixados e indexados à inflação.
No primeiro caso, o dinheiro vai sempre render o mesmo que a Selic, taxa básica de juros, ou o CDI (índice que acompanha a Selic) renderem, independente do valor ou de quando o dinheiro for resgatado.
Nos prefixados, a taxa do investimento é definida logo na compra, como 10% ao ano, e vai entregar exatamente essa rentabilidade somente no fim do prazo do investimento.
Os indexados à inflação têm uma taxa prefixada, que é somada à oscilação da inflação no período do investimento.
O problema é que, nos títulos com componentes prefixados, o investidor só vai conseguir se desfazer do investimento vendendo ele pelo preço que o mercado aceita pagar, que pode ser menos do que o valor de compra. (entenda melhor abaixo)
A reserva de emergência não pode ter esses prejuízos. Assim levando os três princípios em consideração, Marilia pontua que as opções de investimentos adequados para a reserva são limitadas: ou o Tesouro Selic, do governo, ou algum CDB pós-fixado no CDI com liquidez diária e emitido por algum banco seguro.
Entenda mais detalhes sobre a marcação a mercado abaixo:
Renda fixa: saiba como funciona a marcação a mercado
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