As últimas descobertas no sítio arqueológico de San Casciano dei Bagni, na Itália, incluem não apenas estátuas em bronze e objetos em ouro, mas também oferendas vegetais e centenas de ovos, muitos deles surpreendentemente bem conservados ao longo de 2 mil anos.
Os achados foram encontrados na “piscina sagrada” de Bagno Grande, onde etruscos e depois romanos costumavam fazer oferendas a divindades para agradecer pela cura de doenças e outros problemas de saúde.
As primeiras análises, realizadas por Beatrice Demarchi, professora e pesquisadora da Universidade de Turim, revelam que se trata principalmente de ovos de galinha. “Não nos surpreende porque os ovos são símbolos regenerativos ligados à natalidade e à vida”, explica Jacopo Tabolli, arqueólogo e responsável científico pelas escavações em San Casciano.
“Não é estranho encontrá-los em santuários desse tipo em âmbito etrusco, itálico e romano, onde os ovos tinham uma longa tradição ritualística”, acrescenta.
O que surpreende, segundo o pesquisador, é o , que passaram 2 mil anos cobertos pela lama. Alguns se quebraram nas mãos de estudantes que colaboraram nas escavações, revelando um odor nauseabundo.
A hipótese, explica Tabolli, é de que “a deposição na lama ocorreu de forma rápida e simultânea com a das estátuas”, e que a camada de azulejos colocada sobre as oferendas de alguma forma selou todo o tesouro, retirando o oxigênio, como uma espécie de vácuo.
A ação teria ocorrido mais ou menos na época do imperador Cláudio (século I d.C.), quando, provavelmente após a queda de um raio que a danificou, os romanos renovaram e ampliaram a piscina herdada dos etruscos. “Para isso, retiraram todas as estátuas que adornavam o perímetro, as moedas e os objetos preciosos acumulados até então no santuário e os enterraram cuidadosamente, no fundo do local, com os ovos, para confiá-los à divindade da água”, diz Tabolli.
San Casciano dei Bagni se tornou mundialmente famosa em 2022, após a descoberta de um depósito com 24 estátuas de bronze no fundo de uma grande piscina da era romana, conjunto protegido pela lama e pela água durante 2 mil anos.
As peças foram esculpidas por artesãos locais entre os séculos 2 a.C. e 1 d.C., mas a piscina – que fazia parte de um complexo de águas termais – existia pelo menos desde o século 3 a.C. e permaneceu ativa até 5 d.C., quando foi lacrada.