De acordo com o delegado, o esquema funcionava em três fases: captação, despache e exame. Cada fase era feita por pessoas diferentes. Venda de CNH: polícia vai monitorar carteiras de motoristas envolvidos no esquema
A Policia Civil do Piauí realizou nesta segunda-feira (28) a Operação “Cribelo”, que investiga a venda de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH) no Piauí. Em entrevista a TV Clube, o delegado Filipe Bonavides, coordenador Geral da Força Estadual Integrada de Segurança Pública (Feisp), explicou como funcionava todo o esquema de corrupção e vendas de CNH. A operação foi realizada em Teresina e José de Freitas.
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De acordo com o delegado, o esquema funcionava em três fases: captação, despache e exame. Cada fase era feita por pessoas diferentes.
Entenda como funcionavam as fases:
Captação: nessa fase, o instrutor da autoescola tinha a responsabilidade de procurar os candidatos que “queriam garantir a aprovação”. Eles ofereciam aos candidatos um modo facilitado para o cumprimento da prova. Logo em seguida o aluno pagava o valor acordado ao instrutor. Em caso de não aprovação, o candidato recebia o dinheiro de volta.
Despache: após o pagamento, o instrutor repassava o valor para um dos despachantes que ficavam em frente a bares no Detran. Então, nos dias de exames, os servidores do Detran chegavam com antecedência nos bares e recebiam desses despachantes uma parte do dinheiro e as orientações sobre como identificar os alunos que estavam no esquema.
Exame: Os examinadores identificavam os alunos através de marcações como pinturas nas mãos. Durante o exame, os examinadores ajudavam os alunos com toques, gestos, sinais e até alteração de notas. Além disso, muitas vezes não computavam as faltas que eram feitas pelos alunos e nem ligavam os tablets de monitoramento, que serviam para identificação do percurso.
Ainda segundo o delegado, os alunos pagavam de acordo com com a categoria da CNH e do perfil do candidato. Além disso, os instrutores pressionavam os candidatos para que aderir ao esquema afirmando que, se ficassem de fora, a aprovação seria mais difícil.
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“Havia o pagamento de valores em espécie e comprovantes de Pix. Os valores começavam em R$ 400 e chegavam a até R$ 1 mil, dependendo da categoria da CNH e do perfil do candidato. Muitos eram levados a pagar porque tinham receio de serem sabotados [no exame] se não fizessem”, explicou o delegado.
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Ao todo, 17 pessoas foram presas: sete instrutores, seis examinadores do Detran, dois despachantes e outras duas pessoas que compravam veículos com o dinheiro recebido.
CNHs podem ser suspensas, alerta Detran
Departamento Estadual de Trânsito do Piauí (Detran-PI)
Mariana Alves/G1
A diretora-geral do Detran-PI, Luana Barradas, estimou que cerca de 5 mil CNHs foram obtidas de maneira ilegal durante o período da investigação policial. Ela declarou que, ao final do inquérito, os documentos podem ser identificados e suspensos.
“A gente está esperando a finalização da investigação para ter todos os dados em mãos. Mas, de antemão, já vamos fazer o afastamento administrativo de todos os envolvidos. Hoje, com a nova plataforma do Detran, temos um sistema totalmente auditável e transparente para colaborar com a SSP”, apontou a diretora.
Os suspeitos presos temporariamente devem responder pelos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa e associação criminosa. Eles foram encaminhados à sede da SSP-PI, na Zona Leste de Teresina.
A operação foi realizada pela Superintendência de Operações Integradas (SOI) da pasta, que contou com apoio da Polícia Civil e da Polícia Militar.
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