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Saiba quem é Wilson Pollara, preso em operação que investiga irregularidades na Saúde em Goiânia


Ex-secretário formou-se em medicina pela Universidade de São Paulo (USP). Operação apura pagamentos irregulares em contratos administrativos. Secretário de Saúde de Goiânia é preso em operação contra pagamentos irregulares
Wilson Pollara, preso na operação do Ministério Público de Goiás que investiga irregularidades na Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, ocupava o cargo de titular da pasta desde setembro de 2023. O médico exerceu diversos outros cargos administrativos na área da saúde ao longo de sua carreira.
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A defesa do médico Wilson Pollara informou que impetrou habeas corpus em favor do cliente, argumentando que ele não representa risco algum à investigação. Segundo o advogado Thiago Peres, a prisão é “desnecessária” – leia nota completa ao final do texto.
A Prefeitura de Goiânia, por meio de nota, informou que “está colaborando plenamente com as investigações conduzidas pelo Ministério Público de Goiás” – leia nota completa ao final do texto.
Também foram presos na operação o secretário executivo, Quesede Ayres Henrique, e o diretor financeiro, Bruno Vianna Primo. A defesa de Quesede Henrique informou que ainda não teve acesso e, por isso, “não pode emitir considerações detalhadas sobre as alegações que embasam a medida judicial” – leia nota completa ao final do texto. O g1 não localizou a defesa de Bruno Vianna até a última atualização desta reportagem.
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O ex-secretário formou-se em medicina pela Universidade de São Paulo (USP) em 1973, com mestrado e doutorado em clínica cirúrgica pela mesma instituição. No currículo, Pollara destaca que sua atuação tem ênfase em cirurgia gastroenterológica.
Wilson Pollara foi secretário adjunto da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo de 2013 a 2016 e secretário municipal da Saúde de São Paulo de 2017 a 2018. De 2019 a 2023, ocupou o cargo de superintendente do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE). Também foi conselheiro da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares.
Ex-secretário municipal de Saúde em Goiânia, Wilson Pollara
Diomício Gomes/O Popular
Além disso, o ex-secretário presidiu o Colégio Internacional de Cirurgiões no período de 1999 a 2000 e foi membro do Conselho Gestor dos Hospitais Camilianos de São Paulo entre 1998 e 2004.
Durante a carreira, Pollara atuou como coordenador-geral de cirurgia no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo de 2008 a 2011 e como diretor executivo do Instituto Central do Hospital das Clínicas da FMUSP de 2011 a 2013.
Operação do MP
Wilson Pollara, Bruno Vianna Primo e Quesede Ayres Henrique, secretário, diretor financeiro e secretário executivo da pasta em Goiás
Divulgação/Prefeitura de Goiânia, Redes Sociais e Carlos Costa
O então secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, o secretário executivo, Quesede Ayres Henrique, e o diretor financeiro, Bruno Vianna Primo, foram presos durante uma operação do Ministério Público de Goiás (MP-GO), que apura pagamentos irregulares em contratos administrativos e a possível formação de uma associação criminosa na secretaria.
As prisões ocorreram na quarta-feira (27). Segundo o MP, as investigações começaram em maio deste ano, após denúncias recebidas pelo órgão.
Em coletiva de imprensa, os promotores explicaram que foram feitos pagamentos “fora dos canais oficiais”. Esses pagamentos “extra caixa” não eram registrados na contabilidade pública.
“Nós identificamos o direcionamento de pagamentos a determinadas pessoas jurídicas credoras da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas, em detrimento de outros credores. Identificamos também pagamentos feitos de maneira irregular, podemos dizer, clandestinamente, fora dos cofres ou caixas oficiais, sem a devida declaração na contabilidade pública”, disse o promotor Rafael Correa Costa.
Na investigação, foi identificado ainda que a Secretaria Municipal de Saúde não estava respeitando a ordem cronológica ao fazer pagamentos. De acordo com o Ministério Público, a manobra viola o princípio da impessoalidade, conforme previsto em lei.
Os promotores explicaram que a Lei de Licitações e Contratos garante o princípio da impessoalidade, que assegura que todos sejam tratados igualmente. A lei exige que os pagamentos a fornecedores e prestadores de serviços sigam uma ordem cronológica, para evitar qualquer favorecimento indevido.
Se a regra for descumprida em benefício de alguém, isso configura um crime. A Lei de Licitações prevê punições para quem violar a norma. Segundo os promotores, atualmente a investigação está focada em garantir o cumprimento dessa ordem e a igualdade no tratamento dos envolvidos.
A promotoria destacou que, com base nos elementos já identificados, há indícios de possível atuação direta na omissão de provas, incluindo orientações para que potenciais testemunhas permanecessem em silêncio. Em razão disso, foi solicitado o pedido de prisão temporária.
Segundo os promotores, a investigação busca delimitar os fornecedores privilegiados e os vínculos suspeitos com agentes públicos. O Ministério Público não divulgou qual seria a participação de cada preso no esquema.
Crise na Saúde
O Ministério Público ressaltou que o esquema teria agravado a crise na saúde pública de Goiânia, afetando o repasse de verbas para entidades como a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc). Segundo a promotora Marlene Nunes, a dívida da Saúde de Goiânia com hospitais chega a quase R$ 300 milhões, dos quais cerca de R$ 120 milhões são referentes à Fundahc.
Em agosto deste ano, a Fundahc suspendeu atendimentos nas maternidades Dona Íris, Nascer Cidadão e Célia Câmara, mantendo apenas os atendimentos eletivos, que são procedimentos médicos não considerados de urgência ou emergência.
O Ministério Público ressaltou que a rede pública de Goiânia enfrenta uma grave crise na assistência hospitalar, com restrições no acesso a leitos de enfermaria e Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Além disso, a prefeitura estaria descumprindo decisões judiciais relacionadas à saúde.
“Houve serviços indispensáveis que foram suspensos, como, por exemplo, a colocação de marca-passo. Cirurgias deixaram de ser realizadas porque não se pagava anestesistas. Isso foi gerando, então, uma bola de neve”, disse a promotora Marlene Nunes.
“O Araújo Jorge está com equipamentos cuja vida útil já foi ultrapassada, necessitando de reformulação. Esses pacientes estão sendo obrigados a se submeter à radioterapia nas madrugadas, porque a máquina precisa de descanso. Isso é uma violação sem precedentes, do paciente com câncer, porque sabemos que, a cada dia que passa, a doença se agrava. Esse é só um exemplo do impacto dessa gestão”, completou.
Mortes
Nos últimos dias, pelo menos cinco pessoas morreram à espera de leitos de UTI em Goiânia. As vítimas são Severino Santos, Katiane Silva, Janaína de Jesus e Luiz Felipe Figueiredo da Silva. Além de João Batista Ferreira, que morreu no início desta semana. As famílias contaram que procuraram auxílio do MP-GO e da Justiça para conseguir atendimento, mas o serviço de saúde pública não chegou a tempo.
Sobre a morte de Severino, a SMS de Goiânia informou que o paciente, com quadro clínico relacionado a uma fratura ortopédica, estava sob cuidados e a Secretaria buscava por vagas na rede SUS, o que inclui hospitais estaduais. Sobre Katiane Silva, foi informado que ela morreu de dengue hemorrágica e que não houve falta de assistência. Em relação à Janaína não houve resposta e no caso de Luiz Felipe a Secretaria disse que “a causa da morte vai ser investigada pelo Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) do município.
Nova secretária
Cynara Mathias Costa, assume a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Goiás
Diomício Gomes/O Popular
Após a prisão de Wilson Pollara e dos outros dois servidores da pasta, a Prefeitura de Goiânia anunciou os novos ocupantes dos cargos na Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A cirurgiã-dentista, odontopediatra e superintendente de Gestão de Redes de Atenção à Saúde, Cynara Mathias Costa, foi nomeada nova secretária municipal de Saúde.
Acácia Cristina Marcondes Almeida Spirandelli assumirá o cargo de secretária executiva. A servidora é especialista em Saúde e mestre em saúde coletiva. Bruno Costa assumirá o cargo de diretor financeiro da SMS. De acordo com a prefeitura, ele é servidor efetivo e especialista em Saúde.
Isadora Morais Parreira Rodrigues acumulará o cargo de Gerente de Saúde Bucal de Urgência e Emergência Especializada com a Superintendência de Redes de Atenção à Saúde.
Defesa de Wilson Pollara:
A defesa do médico Wilson Pollara informa que impetrou habeas corpus para seu cliente, tendo em vista que em momento algum ele representou qualquer risco à investigação – notadamente, porque a própria decisão judicial que decretou a prisão já adotou medidas suficientes para assegurar o curso do processo.
Dentre as medidas adotadas destacam-se o afastamento do cargo, a suspensão do exercício de suas funções, a proibição de sua entrada em prédios relacionados à prestação de serviços de saúde e a restrição de contato com testemunhas ou outros investigados. Portanto, a defesa entende que a prisão temporária de Pollara é desnecessária.
Estamos aguardando a realização da audiência de custódia, bem como a análise do pedido de habeas corpus, para que liberdade de Pollara seja restabelecida. A defesa reitera sua convicção de que, ao longo do processo, será comprovada a inocência de seu cliente em relação às acusações levantadas de forma precipitada pelo Ministério Público de Goiás.
Thiago M. Peres
OAB/SP 257.761
OAB/GO 70.310
Defesa de Quesede Ayres Henrique:
Em relação aos fatos noticiados na data de hoje, a defesa informa que ainda não teve acesso à íntegra do processo e, por essa razão, não pode emitir considerações detalhadas sobre as alegações que embasam a medida judicial.
No entanto, reforçamos que o cliente está à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários às autoridades, visando à plena elucidação dos fatos.
A defesa mantém total confiança na demonstração de sua inocência e reitera o compromisso com o respeito ao devido processo legal e à ampla defesa.”
Márcio M. Cunha Advogado
Nota da Prefeitura de Goiânia:
A Prefeitura de Goiânia informa que está colaborando plenamente com as investigações conduzidas pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) no âmbito da Operação Comorbidade.
A gestão municipal reitera seu compromisso com a transparência e com a lisura na administração pública, colocando-se à disposição para fornecer todas as informações e documentos necessários ao esclarecimento dos fatos.
A Prefeitura reforça que tomará todas medidas administrativas cabíveis, conforme o desdobramento das apurações.
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