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Estudando em casa, ele tirou nota máxima nas redações e passou em medicina na USP e Unicamp

Estudando em casa, ele tirou nota máxima nas redações e passou em medicina na USP e UnicampTaís Ilhéu

Marcelo Rigo dos Santos, de 23 anos, compartilhou da angústia de muitos estudantes que terminaram a escola durante a pandemia de Covid-19. Em Vila Velha, Espírito Santo, ele cursava o Ensino Médio junto com o profissionalizante em Eletrotécnica. Foi no curso, inclusive, que o jovem convenceu-se que a área de exatas não era para ele, e abandonou a ideia de ser engenheiro. Nasceu, com isso, o sonho da medicina. Três anos mais tarde, no início de 2024, o garoto das exatas realizou um feito para poucos: gabaritou a redação de dois dos vestibulares mais concorridos do país e foi aprovado em medicina na USP (Universidade de São Paulo), Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Conheça a trajetória de Marcelo, por que ele optou por estudar em casa para o curso mais disputado de todos e suas dicas para quem fará a segunda fase dos vestibulares.

O ano da aprovação

De 2020, quando cursava o terceiro ano do Ensino Médio, até 2022, Marcelo preparou-se para o vestibular de medicina. O que, afinal, fez a diferença em 2023, ano em que foi aprovado? “Foi ter tido constância e acreditar em mim mesmo”, respondeu, em entrevista ao GUIA DO ESTUDANTE.

Ele conta que, por circunstâncias além de seu controle, não pôde se dedicar tanto nos anos anteriores. Mas em 2023 estava decidido: matriculou-se em um cursinho online e passou a estudar todos os dias, a maior parte do tempo. Assistia a videoulas, fazia exercícios e revisava os conteúdos já aprendidos. Tudo isso sem sair de casa.

+ Teste: você sabe estudar em casa?

Ao invés de desembolsar pequenas fortunas em cursinhos renomados, Marcelo analisou seus pontos fracos e fortes. Percebeu que já dominava a maior parte dos conteúdos de exatas, por causa da formação em eletrotécnica, e que um cursinho online ofereceria maior flexibilidade para gerir o tempo e estudar apenas as disciplinas que tinha defasagem, como biologia e química.

Para manter a motivação, colou uma foto da fachada da Faculdade de Medicina da USP em seu guarda-roupa e sempre se recordava da onde queria chegar – tomando cuidado, é claro, para não tornar o sonho uma pressão. “Eu pensava, cara, se eu passar na UFES [Universidade Federal do Espírito Santo] eu vou ser feliz. Se eu passar na UFMG [Universidade Federal de Minas Gerais] vou ser feliz, na Federal de Pernambuco, da Bahia… E aí você vai tranquilo para a prova e dá o seu melhor”.

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Também neste sentido, o estudante lembra da importância de ter um “escape”, especialmente no final do ano quando os vestibulandos já estão exauridos. “Às vezes, pode ser futebol, pode ser acompanhar o seu time. Pode ser ir à praia, pode ser correr”, afirma, “esses escapes são fundamentais para você se manter ali”.

Durante sua jornada de preparação para os vestibulares, Marcelo contou com o suporte de muitos alunos já aprovados, que davam dicas de estudo e estratégia, mas também ofereciam um espaço de escuta. Por isso, quando passou em Medicina não teve dúvidas de que gostaria de fazer o mesmo, e hoje compartilha sua experiência em uma página no Instagram.

“Uma coisa que eu acredito muito é na humanização do processo do vestibular, que é algo de muita pressão. Você se cobra muito e eu queria falar para as pessoas ‘calma, você pode descansar, pode ter o seu lazer’”.

+ A trajetória da estudante aprovada em 7 universidades de Medicina

A fórmula nada mágica da redação

Quem está imerso no mundo dos vestibulares sabe que as redações exigidas pelas bancas podem ser muito diferentes entre si. No Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), por exemplo, o candidato deve escrever um texto dissertativ0-argumentativo acerca de um problema da sociedade brasileira, apontando uma solução no final. Na Unicamp, a redação é uma caixinha de surpresas: pode ser solicitada uma carta, um manifesto, um roteiro de podcast e por aí vai.

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Teria um segredo para ir bem em todas elas? Para Marcelo, sim – e de redação ele entende bem. O jovem tirou nota máxima na Fuvest (vestibular da USP) e na Unicamp, além de ter feito 980 pontos na redação do Enem.

Já adiantamos: não tem modelo pronto do TikTok e nenhuma outra fórmula mágica para escrever um bom texto. Para o estudante, é necessário prática, conhecimento da prova e acima de tudo leitura.

Isso mesmo, apesar de ter feito um curso técnico de exatas e considerar por um tempo ser Engenheiro, Marcelo considera a literatura “fundamental” Segundo ele, a leitura de autores como Nelson Rodrigues, Graciliano Ramos, Machado de Assis e Clarice Lispector ajudaram a construir um pensamento crítico – e, consequentemente, argumentar melhor na redação.

“Eles ajudam muito a você criar uma sensibilidade e uma capacidade crítica para poder expressar suas ideias”, conclui.

Leia, abaixo, os textos que renderam nota máxima ao estudante na Fuvest e Unicamp.

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Unicamp 2024: discurso acerca dos refugiados em uma simulação da ONU

A delegação brasileira compreende ser fundamental responder ao lamentável discurso proferido pelo delegado húngaro. As defender uma política de rejeição aos refugiados, suas palavras foram de encontro ao que deve ser defendido nesse plenário. Como sabemos, a definição da ACNUR explicita que os refugiados são pessoas em situação de extrema vulnerabilidade devido a diversas razões, como perseguição étnica e guerra. Conceder-lhes asilo é, sobretudo, um dever humanitário que deve estar acima de ideologias – ainda mais daquelas que tentam camuflar o preconceito e xenofobia.

Esse discurso se fundamenta na percepção, amplamente difundida pelo primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, de que os refugiados são uma ameaça cultural aos europeus. Além disso, Orbán também afirma não querer que o povo húngaro, nas suas palavras, se torne “mestiço”, associando a identidade coletivo à pureza racial – que é tão abjeta quanto é abominável. Apesar de parecer valorizar sua comunidade, essas afirmações, para além de seu caráter preconceituoso, são um modo de inflar, nas massas, um nacionalismo que enxergue no refugiado um inimigo a ser combatido, e não um ser humano a ser acolhido.

É importante ressaltar que ninguém arriscaria sua vida em uma travessia pelo Mar Mediterrâneo, por exemplo, se não estivesse absolutamente desesperado. Quem morre no barco dos imigrantes que afunda não é um número, mas um lembrete de que os países estão fracassando na tarefa de oferecer ajuda humanitária. A comoção gerada pela notícia de imigrantes afogados não é suficiente – é crucial acolher, visando evitar novas tragédias como essas.

À vista disso, reitero a posição assumida pelo Brasil de receber refugiados. A Constituição brasileira prevê a concessão de asilo político como um direito, pressupondo que isso é essencial às relações internacionais. Ademais, em consonância com a Carta Magna, pesquisas sugerem que a população brasileira possui, em relação à média global, maiores índices de preocupação com essa causa. Isso reforça que nossa posição é reflexo do sentimento comunitário, servindo de exemplo para as nações.

É claro que o acolhimento implica gastos públicos para a adaptação dos que chegam. Porém, no longo prazo, as custas se transformam em investimento, já que a inserção dos refugiados, na sociedade e no mercado de trabalho, caso seja bem realizada, retorna, por meio de impostos e contribuições na economia, para o Estado o que teve de ser custeado. Em um mundo onde cada vez mais se fala em muros, é função dos países abrir as portas da solidariedade e da empatia.

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Fuvest 2024: “Educação básica e formação profissional: entre a multitarefa e a reflexão”

O pote de burnout no fim do arco-íris

Na Grécia Antiga, o pressuposto para praticar a Filosofia era estar no tempo livre. A reflexão filosófica, pensavam os gregos, dependia da ociosidade, pois uma mente ocupada com outras questões não realizaria bem a atividade racional.Contudo, a sociedade contemporânea, influenciada pela ideologia neoliberal, em nome da produtividade suprime o ócio e condiciona os indivíduos a, sempre que possível, resolver mais de uma tarefa ao mesmo tempo. Como que em uma maratona interminável, eles percorrem um caminho cujo fim é a exaustão física e psicológica.

Nesse cenário, a educação é essencial para formar profissionais que saibam equilibrar o ofício com a qualidade de vida. Em primeiro lugar, o neoliberalismo, ao enfatizar a meritocracia, coloca o indivíduo como o único responsável pelo seu sucesso – ou fracasso – econômico. “Coaches”, por exemplo, com seus livros e suas palestras motivacionais, são contratados por empresas para aprimorar o rendimento dos funcionários. A figura do mentor – antes associada a um guia para a vida – se tornou crucial para quem quer progredir na carreira. O trabalho, nessa conjuntura, é a tônica da existência. Desse modo, o ócio não é experimentado com prazer, mas culpa – afinal, a diversão não ajuda a conquistar o cargo almejado. Ademais, a multitarefa, aparentemente, permite maior produtividade. Todavia, viver em um estado de atenção difusa intensifica o esgotamento o qual todos estão sujeitos na coletividade.

Em vez de transformar o homem em uma máquina mais eficiente, a tentativa de realizar vários compromissos ao mesmo tempo, além de diminuir a qualidade dos resultados, acelera a velocidade com que ele alcança o pote de burnout no fim do arco-íris. Logo, é imprescindível a mudança desses valores que impossibilitam o ócio saudável.

A educação, por sua vez, é o meio pelo qual a sociedade poderá superar esse desafio. Conforme afirmou Paulo Freire, não basta, durante o letramento, ensinar ao aluno que “Eva viu a uva”, mas apresentar o saber de forma que o aluno saiba refletir para contextualizar a frase aprendida na sua vivência. Essa posição pedagógica é relevante para o problema abordado, porque objetiva aliar o ensino técnico à formação de cidadãos com autonomia crítica — nesse caso, trabalhadores que consigam aproveitar o ócio.

Assim, uma escola que não opere em ritmo frenético, colocando os alunos para fazer mais e mais exercícios, por exemplo, contribui com o desenvolvimento de uma relação sadia com o tempo livre, ao não pressionar os discentes a produzir constantemente. A adoção, no ambiente educacional, de atividades voltadas para a introspecção, o convívio e as brincadeiras coletivas fortalecem o senso de que há, na vida, momentos nos quais o lazer é um imperativo para o bem-estar. Portanto, o sistema educacional pode ser o remédio para essa doença que só traz cansaço.

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Em suma, a necessidade de melhorar a produtividade e o uso da atenção dispersa em mais de uma tarefa extenuam o indivíduo da contemporaneidade. Diante disso, uma educação que priorize o desenvolvimento intelectual somado com uma contemplação saudável do ócio é o que pode resgatar o envolvimento adequado do homem com o lazer.

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