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Enfrentar o estigma da obesidade é mais um desafio na jornada de perda de peso


Psicóloga conta como tem sido seu processo em busca da saúde e os julgamentos enfrentados com reganho de peso após cirurgia bariátrica. Hadassa fez bariátrica, teve reganhos e hoje mantém jornada de controle de peso.
Arquivo pessoal
Já parou para pensar em tudo que envolve a obesidade? Doença crônica (de longa duração) que se desenvolve quando há uma quantidade excessiva de gordura acumulada no corpo¹, ela compromete não só a saúde. Além de se deparar com os riscos, precisam lidar com o estigma que acompanha a doença1,2. O resultado é constrangimento, desconforto e questionamentos que se tornam cansativos.
A psicóloga Hadassa Schkolnik Volyk, 54 anos, enfrenta isso desde muito jovem e hoje vê a filha Daniela, 14 anos, passar por situações semelhantes – a menina, diferentemente do irmão gêmeo, também convive com o excesso de peso.
Hadassa passou por uma bariátrica aos 22 anos, quando pesava 107kg, e chegou a eliminar 27kg na época. O reganho de peso após a cirurgia, especialmente depois da gravidez, potencializou estigmas que associam a doença apenas a questões comportamentais 2,,3.
Os julgamentos e preconceitos podem se tornar um desafio para quem vive nessa condição¹, e contar com uma rede de apoio pode fazer muita diferença. A psicóloga aprendeu a lidar com tudo ao compreender que o excesso de peso vai além de fatores controlados pela própria pessoa – assim como ela, os pais e os irmãos também estão ou foram impactados pela doença. A compreensão tem sido fundamental em uma jornada contínua em busca de saúde e qualidade de vida.
“É uma luta, fico oscilando. Para mim, perder peso não é uma questão de estética, é muito mais questão de saúde. Para as minhas dores, estar com o peso que estou não serve”, afirma, citando problemas que incluem 11 hérnias e um joelho desgastado.
Outras dores não são físicas, mas também machucam. Hadassa conta que cansou de entrar em lojas e ouvir que não havia roupas para “pessoas como ela” ou falas e questionamentos como “você é tão linda, por que não emagrece?”. A filha chegou a deixar uma escola que não disponibilizava uniformes no tamanho que precisava.
“Ela sofreu bullying em duas escolas por estar acima do peso. O mundo é cruel”, lamenta.
Em nenhuma situação houve desleixo ou falta de cuidado, como muitos apontam. Daniela é atleta e tem rotina de treinos, enquanto Hadassa mantém acompanhamento médico, faz atividades físicas três vezes por semana e busca manter uma alimentação saudável.
Hoje, mantém o peso na média de 90kg, variando entre o sobrepeso e a obesidade leve, considerando o Índice de Massa Corporal (IMC), medida que relaciona peso e altura para classificar se um adulto está abaixo do peso, com sobrepeso e obesidade – calcule o seu.
Estigma tem consequências profundas, diz médica
Situações como as mencionadas por Hadassa, como julgamentos e preconceitos, podem ser agravantes para pessoas impactadas, reforçando a associação do sobrepeso e obesidade a desleixo, preguiça e mau comportamento, e desconsiderando tantos outros fatores que causam obesidade.
“A obesidade é uma doença complexa e tem várias causas, posso elencar pelo menos 10. É um problema de saúde mundial, crônico, que não tem cura. Tem tendência a retornar
ou a se repetir, e com base genética e ambiental forte. Só que é tratável, controlável, e não é culpa de ninguém. Não é algo que a pessoa tem que controlar sozinha”, afirma a médica Paula Pires, endocrinologista pela USP.
Os estigmas também colaboram para números como os revelados por uma pesquisa realizada em junho pelo Instituto Datafolha em parceria com a Novo Nordisk4: embora tenha apontado que 59% da população pode ter sobrepeso ou obesidade, apenas 11% dos entrevistados afirmaram ter recebido um diagnóstico médico formal a respeito de seu estado de saúde.
“A pessoa vai internalizando, acreditando que ela é mais fraca, que tem culpa, que tudo que ela faz é errado, e isso vai dando uma série de consequências”, afirma Paula, alertando para o risco de ansiedade e depressão, por exemplo, resultando no agravamento da doença.
A endocrinologista explica que há todo um processo que leva a esse estigma, começando por um viés – quando há uma inclinação até inconsciente de pensar que uma pessoa com obesidade não se esforça ou ignora as recomendações. A partir disso vem o preconceito, uma atitude baseada no estereótipo, relacionado ao peso.

“O estigma é um processo social que desvaloriza com base no peso, e isso traz consequências profundas, como ser excluído de vaga de emprego, não ter lugar para sentar, ser alvo de piadas e comentários maldosos”, exemplifica.
Para começar a jornada, segundo a médica, é preciso entender que não existe solução simples para um problema complexo e, se tratando de uma doença, é necessário buscar tratamento.
“A obesidade precisa e merece tratamento médico, assim como qualquer doença crônica. O objetivo não é a magreza, e sim diminuir riscos para a saúde e melhorar a qualidade de vida, e você não precisa fazer isso sozinha”, recomenda, em orientação direta a quem tem ou está perto de desenvolver a doença.
Acesse o site Meu Peso, Minha Jornada e encontre um médico especializado.
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Referências
1. World Health Organization (WHO) [Internet]. Obesity and overweight; Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight. Acessado em 07.11.2024
2. Obesity Stigma: Important Considerations for Public Health https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2866597/. Acessado em 07.11.2024
3. Fulton M, Dadana S, Srinivasan VN. Obesity, Stigma, and Discrimination. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK554571/. Acessado em 07.11.2024
4. Instituto Datafolha. Pesquisa Meu Peso, Minha Jornada, realizada pela Novo Nordisk. Disponível em https://www.novonordisk.com.br/noticias-e-imprensa/busca-noticias/pesquisa-revela-que-sobrepeso-e-obesidade-afetam-mais-da-metade-.html. Acesso em 07.11.2024

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