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PEC do aborto: entenda a proposta que pode inviabilizar o aborto legal no Brasil

Avançou na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que pretende modificar pontos da legislação brasileira sobre os abortos autorizados no país.

Manifestantes protestando contra PEC do aborto

PEC do aborto foi votada sob protestos na CCJ – Foto: Lula Marques/ Agência Brasil / ND

Atualmente, o aborto é permitido apenas em casos de gravidez ocasionada por estupro, quando a gestação apresenta risco à vida da mulher e em caso de anencefalia do feto, ou seja, de má-formação do cérebro do feto.

Além disso, não existe limite máximo para interromper a gravidez de forma legal, quando a gestação se enquadra em um dos casos citados.

O que muda com a PEC do aborto?

O Projeto de Lei 1.904/2024 quer equiparar o aborto ao crime de homicídio e proibir qualquer tipo de interrupção da gravidez.

Se aprovado, grávidas que fizerem o procedimento após 22 semanas de gestação poderão ser punidas de seis a 20 anos de reclusão, mesmo se forem adolescentes vítimas de estupro.

A punição é maior do que a prevista para quem comete crime de estupro de vulnerável (de oito a 15 anos de reclusão).

Eduardo Cunha, ex-deputado cassado

Eduardo Cunha, ex-deputado cassado, é autor da proposta – Foto: Reprodução/ND

A proposta foi apresentada pelo ex-deputado federal cassado Eduardo Cunha (MDB na época, hoje Republicanos-RJ) e pautada pela presidente da CCJ da Câmara, a deputada federal catarinense Caroline de Toni (PL).

Quais os próximos passos da PEC do aborto?

Com a aprovação na CCJ, a PEC vai para uma comissão especial que poderá alterar o texto original da proposta. Depois dos debates nessa comissão, que pode ter até 40 sessões, finalmente vai para votação na Câmara dos Deputados.

Para ser aprovada, a PEC do aborto precisará de, pelo menos, três quintos dos votos favoráveis (308), em dois turnos de votação. Se receber todos os “sim” necessários, vai para o Senado.

Lá, são dois caminhos possíveis para a PEC, passar sem alterações e seguir para o Congresso Nacional promulgar a proposta em uma sessão conjunta de deputados e senadores.

Ou então, voltar para a Câmara dos Deputados caso algum senador modifique o texto da proposta.

Caroline De Toni (PL), presidente da CCJ da Câmara dos Deputados

Caroline De Toni (PL) é presidente da CCJ da Câmara dos Deputados – Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados/Reprodução/ND

Debate acalorado na CCJ

A votação terminou por 35 votos contra 15, mas antes tiveram protestos e debates divergentes no plenário. Com gritos de “criança não é mãe e estuprador não é pai” e “retira a PEC”, os deputados tiveram que trocar de sala para terminarem a sessão.

A deputada Dani Cunha (União-RJ), filha do autor da proposição, foi um dos votos favoráveis para a proibição do aborto em todos os casos.

“O aborto é nada mais, nada menos, que o assassinato de bebê indefeso. Não se trata de religião. Aqueles que, como eu, são radicalmente contra o aborto devem, em respeito à vida e à Convenção Interamericana de Direitos Humanos, votar sim nessa PEC. Peço o voto de todos que respeitam a vida”, afirmou na sessão.

Sessão da CCJ que aprovou a PEC do aborto

Sessão da CCJ que aprovou a PEC do aborto – Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados/Divulgação/ND

Por outro lado, a deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP) defendeu as vítimas de estupro e argumentou que a PEC do aborto obriga mulheres e crianças a manterem gestações que representam risco de perda da vida.

“Vocês não estão defendendo a vida de absolutamente ninguém. Querem condenar essas mulheres caso elas optem pela interrupção da gestação que representem risco de vida à gestante. Elas podem ser condenadas, criminalmente, inclusive, porque é isso que vai dizer a Constituição Federal. Além disso, obriga crianças e mulheres vítimas de violência sexual a serem mães”, destacou.

Três deputados de SC votaram a favor da PEC do aborto

Além da presidente da CCJ, Caroline de Toni (PL), também votaram a favor da proposta outros dois parlamentares de Santa Catarina com direito a voto na reunião: Júlia Zanatta (PL) e Valdir Cobalchini (MDB).

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