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Relatório da PF destaca eventos em Brasília que evidenciaram atuação coordenada para golpe de Estado


A Procuradoria Geral da República (PGR) já concluiu que a cúpula da Polícia Militar do DF tinha plena consciência da gravidade dos atos daquele dia e deixou de agir para impedir o vandalismo contra as sedes dos três poderes, PF: eventos em Brasília evidenciaram atuação coordenada para golpe de Estado
Segundo a Polícia Federal, alguns eventos ocorridos em gabinetes e nas ruas de Brasília evidenciaram uma atuação coordenada dos conspiradores para dar um golpe de Estado.
O marco dos movimentos é a chegada de pessoas de fora para iniciar a montagem do acampamento no quartel-general do Exército, uma área de segurança nacional onde não se permite manifestações. Mas nos primeiros dias de novembro de 2022, os manifestantes radicais começaram a chegar e foram autorizados a se instalar ali, em frente ao prédio onde fica o comandante da força.
As faixas pedindo intervenção militar e prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ficavam expostas o dia todo e convidavam para a posse de Jair Bolsonaro, mesmo ele tendo sido derrotado por Lula na eleição presidencial. A PF afirma que os acampamentos foram o epicentro do golpe.
Enquanto um grupo de investigados era responsável por insuflar os manifestantes, outros planejavam os próximos passos da trama golpista. Um deles foi a elaboração do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que buscava o assassinato do presidente eleito Lula, o do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
No dia 12 de novembro, militares se reuniram no apartamento do general Braga Netto, então candidato derrotado à vice-presidência na chapa de Bolsonaro, na Quadra 112 Sul.
Além de Braga Netto, estavam presentes o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens da Presidência da República, e dois tenentes-coronéis: Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima. Segundo a PF, no encontro, os tenentes receberam sinal verde para ações clandestinas e para tirar do papel as intenções golpistas. Começava o monitoramento de Moraes.
Nos dias que se seguiram, a Polícia Federal afirmou que o então presidente Jair Bolsonaro discutiu com ministros e a alta cúpula militar estratégias para o golpe de estado, incluindo uma minuta que previa uma intervenção no TSE e prisão de ministros do STF.
Os ânimos seguiam estrategicamente inflamados nos acampamentos e os radicais já tinham uma data para ir às ruas com violência.
Muitos dos manifestantes que incendiaram carros e tentaram invadir a sede da Polícia Federal vieram, segundo investigação da própria PF, do acampamento do QG do Exército.
A quebradeira, que aconteceu nessa área, foi no dia 12 de dezembro, dia da diplomação do presidente eleito Lula e do vice, Geraldo Alckmin.
Acampamentos em frente a quarteis
Reprodução/TV Globo
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A essa altura, as ações clandestinas dos militares já previam ações mais graves. A principal era eliminar autoridades, tidas como os principais obstáculos para o golpe de estado.
Este estacionamento em frente a um restaurante no Parque da Cidade, zona central de Brasília, era um dos pontos de apoio para a operação que pretendia sequestrar o ministro Alexandre de Moraes. Às 20h33 do dia 15 de dezembro de 2022, estava ali um dos integrantes da tropa de elite do Exército, chamada “Kids Pretos”. Rodrigo Bezerra de Azevedo aguardava uma ordem para entrar em ação.
Enquanto isso, a 6 km, em um local próximo onde morava o ministro Alexandre de Moraes, outro integrante dos “Kids Pretos” também aguardava uma ordem. A postos, ele esperava para agir a qualquer momento.
A operação foi cancelada no último minuto. Segundo as investigações, porque não houve apoio do alto comando do Exército e da Aeronáutica para o golpe planejado.
Mesmo assim, as articulações dos conspiradores seguiram adiante. Segundo a Polícia Federal, no acampamento no QG do Exército foram feitos os planos para um ataque que poderia causar uma tragédia.
Na noite do dia 24 de dezembro, véspera de Natal, neste ponto, próximo ao aeroporto de Brasília, George Washington de Oliveira colocou uma bomba em um caminhão cheio de querosene para abastecer aviões. A intenção dele era detonar a bomba assim que o caminhão chegasse na área aeroporto.
Mas o motorista do caminhão descobriu o artefato e chamou a polícia. Mesmo depois da chegada da polícia, o criminoso acionou o disparador da bomba, que falhou.
George Washington de Oliveira colocou uma bomba em um caminhão cheio
Reprodução/TV Globo
Preso e condenado por terrorismo, George Washington revelou que havia planos também de espalhar outras bombas de menor efeito no saguão do aeroporto. Ele queria dar início ao caos para que o então presidente Jair Bolsonaro decretasse um estado de sítio no país.
Em vez disso, Bolsonaro foi para os Estados Unidos, sem passar a faixa presidencial. Segundo a PF, um gesto para escapar de uma possível prisão e aguardar os desfeixos dos atos que viriam a seguir.
Todos esses movimentos culminaram com a violência no dia 8 de janeiro de 2023, na Esplanada dos Ministérios. Os golpistas não desistiram, mesmo após a posse do presidente Lula.
A Procuradoria Geral da República (PGR) já concluiu que a cúpula da Polícia Militar do DF tinha plena consciência da gravidade dos atos daquele dia e deixou de agir para impedir o vandalismo contra as sedes dos três poderes, em razão do alinhamento ideológico com os manifestantes golpistas.
Depois de horas de depredação e desrespeito à democracia, centenas de pessoas foram presas. O Exército impediu que o acampamento golpista fosse desmontado naquela noite. Foi só no dia seguinte que os manifestantes foram retirados do local. E começou ali uma investigação que levou quase dois anos para detalhar e apontar os responsáveis pela trama golpista.
8 de janeiro
Reprodução/TV Globo
O que dizem os citados
A defesa de Estevam Theophilo negou que ele tenha apoiado qualquer ação contrária à democracia e aos poderes constituídos. E disse que não há provas contra ele.
A defesa de Braga Netto afirmou que os documentos encontrados serviriam de material preparatório para respostas a jornalistas e para pessoas que iriam comparecer a CPIs. E que os materiais seguiam o artigo da Constituição que assegura a liberdade de manifestação do pensamento, de criação, de expressão e de informação.
Mauro Cid não quis comentar. Não deram retorno ao contato do Jornal Nacional Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão, Rodrigo Bezerra Azevedo e Alexandre Ramagem.
A reportagem não conseguiu contato com Hélio Ferreira Lima, Rafael de Oliveira e Sérgio Cavalieri.
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