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Valdemar e Bolsonaro sabiam de relatório falso sobre urnas; Cid disse que equipamentos não tinham fraude


O relatório da Polícia Federal (PF) divulgado nesta terça-feira (26) aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e demais aliados sabiam que os argumentos usados para descredibilizar o sistema eleitoral brasileiro eram falsos.
No entanto, insistiam em produzir e disseminar esses conteúdos na tentativa de criar uma falsa narrativa contra as urnas eletrônicas, como parte importante do esquema para manter Bolsonaro no poder.
“Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro não apenas tinham ciência da elaboração de um relatório com dados falsos sobre as urnas eletrônicas, mas também foram os responsáveis por tomar a decisão de divulgar o conteúdo falso, que subsidiou a Representação Eleitoral do PL”, diz o documento da PF.
De acordo com a investigação, houve uma “atuação coordenada dos membros da organização criminosa”, afirmando que os citados na investigação abasteciam com informações falsas influenciadores que propagam fake news sobre urnas eletrônicas, “no sentido de incitar a população contra o resultado das eleições de 2022”.
Ex-Presidente Jair Bolsonaro fala com a imprensa após chegar no aeroporto de Brasília.
Ton Molina/Estadão Conteúdo
➡️As conversas obtidas pela investigação “revelaram que os investigados, apesar de todas as tentativas, tinham consciência da inexistência de fraudes nas eleições presidenciais realizadas em 2022”.
No entanto, seguindo o planejamento da empreitada criminosa, continuavam a utilizar a metodologia desenvolvida pela milícia digital para divulgar a ideia de que as eleições presidenciais foram fraudadas, estimulando seus seguidores a “resistirem” na frente de quarteis e instalações das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para o Golpe de Estado.
Entre os indícios, a PF inclui no relatório uma conversa entre o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, e o tenente-coronel do Exército Sergio Ricardo Cavaliere.
Nas mensagens, Cid afirma que as “descobertas” das possíveis fraudes expostas pelos hackers teriam sido feitas, na verdade, pelo o que ele denominou de “nosso pessoal” e que teria sido a base do estudo do “argelino”, possivelmente se referindo ao argentino Fernando Crimedo, ex-estrategista de Milei que também foi indiciado.
Diz: “Nosso pessoal que fez…Haaahahahaahha”; “Isso foi a base do argelino”, afirmou Cid.
Imagem conversa do tenente-coronel Mauro Cid
Reprodução
Em outra conversa, Cavaliere questiona Cid se houve, de fato, a identificação de uma possível fraude nas eleições de 2022. Em seguida, o ex-ajudante de Bolsonaro afirma que nenhuma falha foi identificada.
“A mensagem só ratifica o dolo criminoso dos investigados em continuar a propagar fake news sobre as urnas eletrônicas, mesmo sabendo da inexistência de fraudes”.
Conversa entre Cid e Cavaliere
Reprodução
Atuação da Abin
Os dados compartilhados também evidenciam, de acordo com a Polícia Federal, uma ação direta do então diretor da Abin, deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), “no planejamento e execução de medidas para desacreditar o processo eleitoral brasileiro”.
“Os novos elementos de prova compartilhados com a presente investigação, além de ratificar a hipótese criminal enunciada, evidenciaram a cooptação e adesão de servidores da Agência Brasileira de Inteligência – ABIN, na elaboração e difusão de informações falsas sobre o processo eletrônico de votação”, descreve o relatório.
Ademais, os investigados abasteciam influenciadores digitais com fake news, com o objetivo de amplificar os ataques ao regime democrático.
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