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Ucrânia recusa destruir seu estoque de minas antipessoais devido à invasão russa

Yevgeniy Kivshik, funcionário do Ministério da Defesa da Ucrânia, em uma cúpula sobre minas terrestres em Siem Reap, Camboja, em 26 de novembro de 2024Tang Chhin Sothy

TANG CHHIN Sothy

A Ucrânia rejeita o seu compromisso de destruir o arsenal de quase seis milhões de minas antipessoais herdadas da era soviética devido à invasão da Rússia, a qual acusou de utilizar estes armamentos em cidades, fazendas e estações de transporte público.

“Infelizmente, o cumprimento desta obrigação não é possível no momento”, disse Yevgeniy Kivshik, um representante do Ministério da Defesa da Ucrânia, em uma cúpula internacional em Siem Reap, no Camboja, nesta terça-feira (26).

“A agressão maciça, não provocada e injustificada da Federação Russa contra a Ucrânia implicou o ajuste dos planos de destruição de reservas”, declarou, observando que eles já haviam destruído 2,5 milhões do total de seis milhões de minas que haviam herdado.

A justificativa está associada aos recursos financeiros limitados em tempos de guerra, aos bombardeios “constantes” e à “ocupação” russa de alguns dos territórios onde as reservas estão localizadas.

Em seu discurso para as autoridades reunidas no Camboja, Kivshik não fez referência à oferta dos Estados Unidos de fornecer a Kiev minas antipessoais destinadas, segundo Washington, a atrasar o avanço das tropas russas no leste da Ucrânia.

Na mesma cúpula, outro representante do mesmo ministério, Oleksandr Riabtsev, acusou a Rússia de realizar “atividades genocidas” por meio do uso de minas antipessoais.

Segundo ele, Moscou coloca estes explosivos em “cidades, fazendas, estações de transporte público” em regiões onde vivem cerca de seis milhões de ucranianos.

Siem Reap sedia, até sexta-feira, a quinta conferência da Convenção de Ottawa, que a cada cinco anos analisa a implementação do texto que impede a aquisição, produção, armazenamento e uso de minas antipessoais.

Um total de 164 países ou territórios, incluindo a Ucrânia, assinaram o texto, com exceção de Estados Unidos e Rússia.

Em frente ao local da conferência, mais de 100 pessoas se manifestaram para recordar os danos causados por estas munições que, em sua maioria, matam civis, muitas vezes após o fim dos conflitos.

A diretora da Campanha Internacional para a Proibição de Minas Antipessoais (ICBL, na sigla em inglês), Tamar Gabelnick, denunciou Kiev por demonstrar “um flagrante desrespeito às suas obrigações” ao usar minas americanas.

“Estas armas não têm lugar nas guerras de hoje (…) O povo ucraniano já sofreu o suficiente com o horror destas armas”, disse ela.

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