O gabinete de segurança de Israel se pronunciará na terça-feira (26) sobre um cessar-fogo na guerra contra o Hezbollah no Líbano, indicou, nesta segunda (25), um funcionário israelense, enquanto os Estados Unidos afirmaram que um acordo “está próximo“.
A ONU reiterou nesta terça-feira (26) o apelo por um “cessar-fogo permanente” no Líbano, Israel e Gaza, algumas horas antes de um possível anúncio de trégua entre o Estado hebreu e o movimento islamista pró-Irã Hezbollah.
“A única forma de acabar com o sofrimento dos povos, de todos os lados, é um cessar-fogo permanente e imediato em todas as frentes, no Líbano, em Israel e em Gaza”, declarou Jeremy Laurence, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Os bombardeios israelenses contra redutos do movimento islamista pró-iraniano no Líbano se intensificaram nos últimos dias, apesar dos esforços internacionais para negociar uma trégua.
O Hezbollah abriu, em 8 de outubro de 2023, no dia seguinte ao início da guerra em Gaza, uma frente contra Israel em apoio ao Hamas.
Após quase um ano de hostilidades na fronteira, Israel iniciou em 23 de setembro uma campanha de bombardeios contra redutos do Hezbollah e, uma semana depois, começou operações terrestres no sul do Líbano.
Um funcionário israelense, que falou à AFP sob condição de anonimato, afirmou que o gabinete de segurança de Israel “se pronunciará na terça-feira à noite” sobre o cessar-fogo.
Os Estados Unidos avaliaram que um acordo está “próximo”, embora as negociações ainda estejam em andamento, e a França relatou um “avanço significativo” nas discussões.
“Grande erro”
De acordo com o portal de notícias Axios, o acordo se baseia em um plano dos Estados Unidos para uma trégua de 60 dias, durante a qual o Hezbollah e o exército israelense devem se retirar do sul do Líbano, na fronteira com o norte de Israel, e permitir o envio do exército libanês para a região.
O pacto inclui a criação de um comitê internacional para supervisionar a implementação do acordo, segundo o Axios.
A ONU reiterou nesta segunda seu apelo para que as partes em conflito “aceitem um cessar-fogo”.
As mediações estão sendo realizadas com base na resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que pôs fim à guerra anterior entre Israel e o Hezbollah em 2006 e que estipula que somente o exército libanês e os capacetes azuis da ONU podem estar na fronteira sul do Líbano.
Para o ministro israelense de Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, um político de extrema direita do Partido Judeu, um cessar-fogo seria “um grande erro”.
O partido de Ben Gvir é um aliado-chave para a sobrevivência da frágil coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O ministro evoca reiteradamente a ameaça de uma queda do Executivo se Israel aceitar uma trégua em Gaza ou no Líbano.
Dorit Sison, de 51 anos, natural do norte de Israel, também teme um acordo como o de 2006, que, segundo ela, permitiu ao Hezbollah “se rearmar”. Agora, “eles têm túneis, foguetes e todas as munições possíveis”, disse ela.
“Vasculhar o lixo” em busca de comida
Israel, que também está em guerra contra o Hamas em Gaza há mais de um ano, busca neutralizar o Hezbollah e o grupo palestino, ambos aliados do Irã, seu principal inimigo na região.
Na Faixa de Gaza, Israel prometeu aniquilar o Hamas após a mortal incursão de milicianos islamistas no sul do país, em 7 de outubro de 2023, a qual desencadeou a guerra. No Líbano, busca pôr fim aos disparos de foguetes que o Hezbollah lança contra o território israelense há mais de um ano.
O exército israelense informou que atingiu nesta segunda-feira 25 alvos do Hezbollah nos subúrbios do sul da capital, Beirute, e no sul e leste do Líbano.
A televisão estatal síria relatou bombardeios israelenses em pontos na Síria, perto da fronteira com o Líbano.
O Hezbollah disparou ao menos 30 projéteis contra Israel, segundo o exército israelense, um dia depois de lançar 50 ataques com mísseis e drones contra várias regiões israelenses, incluindo Tel Aviv, um recorde desde setembro.
De acordo com a agência de notícias libanesa, NNA, também ocorreram combates entre militantes do Hezbollah e tropas israelenses no sul do Líbano.
Pelo menos 31 pessoas morreram nesta segunda-feira no Líbano pelos bombardeios israelenses, indicou o Ministério da Saúde após os ataques no leste, no sul do país e próximo a Beirute.
Quase 3.800 pessoas morreram no Líbano desde outubro de 2023, a maioria desde setembro, segundo o Ministério da Saúde local.
Do lado israelense, 82 soldados e 47 civis morreram em 13 meses.
44.235 pessoas morreram em Gaza, devastada após mais de um ano de bombardeios israelenses, segundo o Ministério da Saúde do território palestino.
Combatentes islamistas mataram 1.206 pessoas no ataque de 7 de outubro de 2023, em sua maioria civis, e sequestraram outras 251, de acordo com um balanço da AFP baseado em números oficiais israelenses, que incluem as mortes de alguns reféns tomados pelo Hamas.
Dos 251 sequestrados, 97 ainda estão em cativeiro em Gaza, mas o exército israelense estima que 34 estejam mortos.
Louise Wateridge, porta-voz da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos (UNRWA), diz que a intensificação das operações de Israel no norte de Gaza obrigou a população a “vasculhar o lixo” em busca de comida.