A proposta do Cosud (Consórcio de Integração Sul e Sudeste) defendida na reunião ocorrida durante três dias em Florianópolis, de criar um banco de desenvolvimento voltado exclusivamente para os Estados das duas regiões, é uma iniciativa ousada e necessária.
Há décadas, essas regiões enfrentam uma desigualdade estrutural no acesso a fundos de fomento, enquanto outras áreas do país contam com mecanismos de incentivo já consolidados, como o FNDE (Fundo de Desenvolvimento do Nordeste).
A criação de um “BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) regional” não é apenas uma questão de justiça econômica, mas também uma resposta pragmática para impulsionar investimentos estratégicos que beneficiem tanto o setor público quanto o privado.
Os governadores do Cosud demonstram uma postura assertiva ao propor soluções em vez de lamentar a ausência histórica de um fundo específico para suas regiões. Essa iniciativa reflete um olhar moderno e alinhado às demandas globais, como a sustentabilidade, a inovação e a transição para uma economia de baixo carbono.
Um banco de desenvolvimento com essa visão teria o potencial de financiar projetos de infraestrutura sustentável, fomentar a adoção de tecnologias verdes e alavancar o crescimento de setores estratégicos, criando um círculo virtuoso de desenvolvimento.
Além disso, a proposta de um banco regional é um exemplo prático de como a cooperação entre Estados pode gerar soluções eficazes. Diferente de depender exclusivamente do governo federal ou do Congresso Nacional, o Cosud busca uma alternativa que coloca o protagonismo nas mãos das regiões mais produtivas do país, responsáveis por 70% do PIB nacional.
Isso não apenas aumenta a autonomia financeira dos Estados, mas também demonstra que o Sul e Sudeste podem liderar iniciativas capazes de beneficiar todo o Brasil.
Porém, é essencial que a criação desse banco seja acompanhada por uma governança eficiente e transparente. Os erros de instituições nacionais devem servir de aprendizado para evitar excessos burocráticos ou investimentos que não gerem o retorno esperado.
O foco deve estar em financiar projetos com alto impacto econômico e social, especialmente em áreas como infraestrutura, educação, saúde e inovação tecnológica.
A proposta dos governadores é mais do que uma solução regional; é um modelo que poderia ser replicado em outras áreas do Brasil, descentralizando os instrumentos de desenvolvimento econômico.