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Com foco na ancestralidade, jovens quilombolas de Oriximiná debatem a formação de lideranças


Valorização da tradição, cultura e costumes foi um dos objetivos do encontro realizado no primeiro Território Quilombola titulado do Brasil. Jovens quilombolas participaram de encontro sobre formação de lideranças em Oriximiná
Martha Costa / Imaflora
Valorizar as origens e a cultura do povo quilombola, visando trabalhar a formação de jovens lideranças para a construção de estratégias de cidadania, foi um dos objetivos do II Encontro de Jovens Quilombolas realizado no município de Oriximiná, no oeste do Pará, que abordou o tema “Fortalecimento da juventude quilombola a partir do saber ancestral”.
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Segundo Rosimeire Borges, analista do Imaflora, o Programa Florestas de Valor atua no fortalecimento das cadeias da sociobiodiversidade em Oriximiná e o engajamento dos jovens nesta temática é importante para garantir a sucessão natural dos trabalhos no extrativismo, com o uso de tecnologias de monitoramento e mapeamentos das áreas produtivas e acesso ao comércio justo.
“Apoiar o fortalecimento da juventude quilombola é fundamental para a garantia de políticas públicas e direitos nos territórios. Somente a partir da mobilização e organização será possível que se empoderem”, frisou Rosimeire Borges.
Inspiração para o Encontro
Amanda Moura, liderança jovem do território quilombola Cachoeira Porteira, contou que toda a organização do evento partiu de uma conversa entre quatro jovens das comunidades Boa Vista Trombetas, Aracuã de Baixo, Aracuã do Meio e Cachoeira Porteira, que em 30 dias iniciaram a mobilização e organização do evento.
“Reunimos dois jovens de cada comunidade quilombola e buscamos trabalhar temas que façam o jovem refletir sobre as histórias dos territórios, a cultura e também passem a ocupar os espaços de liderança”, ressaltou Amanda.
Neidiane Soares, liderança jovem da comunidade do Aracuã de Baixo, falou que hoje Oriximiná possui 42 comunidades catalogadas dentro dos oito territórios quilombolas, e a proposta do encontro foi trabalhar o protagonismo jovem e a necessidade do empoderamento deles nos espaços de poder.
Em pequenas embarcações jovens cruzaram rios como o Erepecuru e Ariramba até chegarem ao Trombetas
Martha Costa / Imaflora
“No evento a gente trabalhou a ancestralidade em forma de linha do tempo, debatemos assuntos como a chegada da mineração e a criação das reservas biológicas. Precisamos nos apropriar da nossa história, pois não tem como defender nossa luta, se não conhecermos a nossa história”, ressaltou Neidiane que é acadêmica de Sistema de Informação na Ufopa.
Anderson Santos, conhecido como Ganga, liderança comunitária de Aracuã do Meio, falou que durante o I Encontro foram trabalhadas questões sobre o mercado de carbono (RED+) e a preocupação das mudanças climáticas, uma realidade amazônica que tem impactado os territórios quilombolas que sofrem com a seca severa.
“Foram três dias de debate e a gente pensa neste encontro como um piloto para os demais trabalhos que serão realizados no território. No I Encontro nós pensamos em preparar os jovens e a comunidade para entender como funciona esse mercado do carbono para que a gente possa se posicionar ao assédio e, também, sobre as questões ambientais, como as mudanças climáticas”, citou Ganga.
Silvia Rocha, atua dentro do Coletivo de Mulheres Pretas Maria, no Quilombo Boa Vista Trombetas, que tem por objetivo trabalhar o empoderamento das mulheres e incentivá-las a ocuparem espaços e cargos de poder, por meio da rede de apoio afetivo e psicoemocional.
“No encontro, buscamos trabalhar o empoderamento dos jovens nos diferentes espaços. Ninguém consegue atuar na liderança se não conhece sua história e o coletivo vem para trazer as mulheres para o movimento, para que elas possam também ocupar estes espaços”.
Josimar dos Anjos Mendes, é morador da comunidade Paraná do Abui, cursa Sistema de Informação na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), campus Oriximiná, disse o encontro fortaleceu a valorização e o reconhecimento de quem somos e abriu a mentalidade dos jovens sobre assumir compromissos e fazer parte da construção coletiva.
A programação debateu ainda o tema da bioeconomia, a partir do conhecimento ancestral e das novas tecnologias, com base na atuação Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora) e do Programa Floresta de Valor do Imaflora, patrocinado pela Petrobrás.
Para dar continuidade aos trabalhos pós-evento, foi criado um grupo no whatsApp visando articular pautas de interesse da juventude quilombola. Após o encontro, os jovens retornaram aos seus territórios com o compromisso de conhecer a história dos seus territórios, comunidades e lideranças para que no futuro possam articular grupos de base comunitária pensando na formação e multiplicação de lideranças interessadas em ocupar espaços de visibilidade.
O Programa Florestas de Valor
O Programa Florestas de Valor do Imaflora, conta com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, desenvolve projetos que disseminam e fortalecem técnicas de produção sustentáveis na Amazônia brasileira. Fomenta a restauração florestal, estrutura cadeias da sociobiodiversidade e negócios comunitários, contribuindo com a fixação e manutenção de estoques de carbono, bem como com a geração de renda a partir de atividades sustentáveis para manter a floresta em pé e valorizar as populações tradicionais guardiãs do patrimônio socioambiental.
*Colaborou Martha Costa, do Imaflora
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