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Plano ‘Punhal Verde Amarelo’ previa uso de veneno e explosivos para matar Lula, Alckmin e Moraes


A Polícia Federal afirma que o general da reserva Mário Fernandes elaborou o plano em novembro de 2022, logo depois das eleições. Moraes era um dos alvos do plano de golpe
Reprodução/TV Globo
Os golpistas também planejaram usar veneno nos assassinatos.
A Polícia Federal afirma que o general da reserva Mário Fernandes elaborou o plano em novembro de 2022, logo depois das eleições.
Segundo a PF, os militares discutiram o plano na casa do general Braga Netto, que foi ministro da Casa Civil e da Defesa de Jair Bolsonaro, e candidato a vice na chapa dele, derrotada nas urnas.
A reunião foi em 12 de dezembro, três dias antes da data escolhida para os crimes.
Mas meses antes, em julho, numa reunião ministerial, com a presença de Bolsonaro, o general Fernandes já falava em golpismo, dizendo: “Adotar medidas alternativas.” E fez referência ao golpe militar de 1964.
“Realmente, nós precisamos ter um prazo para que isso aconteça e não, para que eles raciocinem que é importante avaliar essa possibilidade, mas, principalmente, para que uma alternativa seja tomada, como o senhor mesmo disse, antes que aconteça. No momento em que acontecer, quem vai… É meia quatro de novo? É uma junta de governo? É um governo militar? É um atraso de tudo o que se avançou no país? Porque isso vai acontecer. O país vai ser todo desarticulado. E eu não ‘tô’ falando dos nossos postos, não. ‘Tô’ falando do país como um todo, todo o planejamento estratégico.”
A PF encontrou uma mensagem de áudio enviada pelo general Mário Fernandes no dia 8 de dezembro daquele ano ao tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro.
O general indica ter conversado pessoalmente com o então presidente Bolsonaro.
Mario Fernandes diz: “Durante conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo. Na hora eu disse, ‘pô’ presidente, mas o quanto antes, a gente já perdeu tantas oportunidades”.
No dia 12 de dezembro, Lula foi diplomado presidente eleito em Brasília. Naquele mesmo dia, apoiadores radicais de Jair Bolsonaro promoveram atos de vandalismo na capital.
A PF diz que havia um verdadeiro planejamento com características terroristas.
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Em plano golpista, Lula era chamado de “Jeca” e Alckmin de “Joca”
E que o plano dos golpistas dispõe de “riqueza de detalhes, com indicações acerca do que seria necessário para a sua execução, e até mesmo descrevendo a possibilidade da ocorrência de diversas mortes, inclusive de eventuais militares envolvidos”.
Ainda segundo a PF, foram consideradas diversas condições de assassinato do ministro Alexandre de Moraes, com o uso de explosivo ou envenenamento em evento oficial público.
Já para a execução do presidente Lula, os golpistas levantaram a “possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais.”
Ainda segundo as investigações, os militares usavam codinomes para se referir aos alvos. O presidente Lula era o “Jeca”. Alckmin, o “Joca”. O ministro Alexandre de Moraes era chamado de “Professora”.
De acordo com a PF, o general Mário Fernandes imprimiu o planejamento do Punhal Verde e Amarelo no Palácio do Planalto e levou o documento para o Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência.
‘Copa 2022’
No dia 15 de dezembro de 2022, seis militares participaram de ação que tinha como alvo Alexandre de Moraes.
Para dificultar o rastreamento das atividades ilícitas, eles habilitaram linhas frias de telefonia móvel em nome de terceiros e criaram um grupo denominado “Copa 2022”.
Cada integrante do grupo recebeu um codinome associado a países: Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Japão e Gana.
Segundo a Polícia Federal,” as mensagens demonstram que os investigados estavam em campo, divididos em locais específicos para, possivelmente, prender o ministro Alexandre de Moraes.”
Às 8h33da noite do dia 15 de dezembro, um dos integrantes informou por mensagem estar no estacionamento de um restaurante no Parque da Cidade, em Brasília. Alexandre de Moraes percorre um trajeto próximo ao parque para voltar para casa.
“Tô na posição”, responde outro membro do grupo, identificado como Gana. Segundo a investigação, ele estava próximo ao apartamento funcional onde mora o ministro.
“Ok. Qual a conduta?”, pergunta a pessoa que estava no estacionamento.
“Aguarde”, diz um terceiro militar, apontado pela PF como líder do grupo.
Vinte e quatro minutos depois, um quarto integrante manda uma mensagem: “Tô perto da posição. Vai cancelar o jogo?”
O suposto líder do grupo, então, confirma o cancelamento da trama golpista.
“Abortar… Áustria… volta para local de desembarque…”.
Segundo a PF, o grupo cancelou a tentativa de capturar o ministro Alexandre de Moraes porque a sessão do Supremo daquele dia terminou mais cedo do que o previsto.
O plano redigido pelo general Mario Fernandes previa, também, a instituição de um Gabinete de Crise, após o golpe de Estado, composto em sua maioria por militares, sob o comando dos generais Augusto Heleno e Braga Netto.
O gabinete baixaria decretos para respaldar as ações de militares.
Segundo os investigadores, o plano previa a prisão de outros ministros do STF e de agentes públicos que cumprissem ordens judiciais do Supremo.
Ainda de acordo com a PF, não há dúvidas que os militares envolvidos no caso planejavam um golpe de Estado.
O presidente Lula e o vice Geraldo Alckmin não se pronunciaram. O ex-presidente Jair Bolsonaro não respondeu ao Jornal Nacional. A defesa do ex-ministro Braga Netto não quis se manifestar. A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos suspeitos presos.
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