Vale a pena correr uma ultramaratona? No 24° episódio do podcast Vá Para a Corrida, o apresentador Henrique Zanotto recebeu o médico infectologista e ultramaratonista Diego Gomes Branco, acompanhado de sua esposa, Ângela Fonseca, que também é ultramaratonista e biomédica.
Durante o episódio, Diego compartilhou sua trajetória no universo da corrida e revelou como nasceu sua paixão pelas ultramaratonas, corridas de longa distância que desafiam os limites físicos e mentais.
“Eu já trabalhava como médico quando comecei a correr, em 2010. Comecei porque via pessoas correndo pela minha janela, sempre as mesmas, e elas pareciam muito felizes. Pensei: isso deve ser viciante, não é possível”, contou o médico.
Motivado a mudar de vida, Diego revelou que se sentia insatisfeito com seu estilo de vida sedentário. “Eu me olhava naquela situação e pensava: como posso orientar as pessoas a terem uma vida saudável se estou acima do peso, parado e infeliz?”
No mesmo ano, decidiu adotar a corrida como esporte. Ele começou com pequenos trechos, mas lembra: “Nos primeiros 100 metros, parecia que meu coração ia sair pela boca.”
O início nas ultramaratonas
Com o auxílio de assessorias esportivas e treinos específicos, em 2012 Diego completou suas duas primeiras maratonas, em São Paulo e Curitiba. Depois de participar de mais de 30 corridas de rua, decidiu se tornar ultramaratonista.
Diego ressalta que, para se tornar um atleta de alto nível, é essencial começar de forma gradual. Ele recomenda iniciar com corridas leves e de curta distância. Após essa fase inicial, a progressão deve incluir provas de 21 km (meia-maratonas) e, depois, avançar para maratonas completas (42 km).
“É preciso ir aos poucos. O sistema cardiovascular se adapta rapidamente, mas o corpo — tendões, articulações e ossos — demora mais. Essa progressão lenta é fundamental para fortalecer o físico e reduzir o risco de lesões”, explicou o médico.
Correr por 45 horas seguidas é possível?
Diego e Ângela participaram da Ultramaratona dos Anjos, um percurso de 170 km, com largada à noite em Alagoa e chegada em Passa Quatro, Minas Gerais. O casal completou a prova em 45 horas.
“Foi uma experiência inesquecível. A privação de sono, algo que já estou acostumado com os plantões no hospital, foi um grande diferencial para mim. Foram dois dias no meio da natureza”, relatou Diego.
Segundo o casal, as cidades que funcionam como Pontos de Controle (os chamados PCs) são essenciais durante a prova. Nesses locais, os atletas podem descansar, tomar banho, comer e se hidratar. No entanto, cada PC tem um horário limite, o que torna a estratégia de cada corredor crucial para concluir o percurso.
Alimentação e hidratação são indispensáveis para manter o ritmo. “O mínimo que você come já faz diferença para chegar até o fim. Nos PCs, fizemos macarrão, tomamos água com suplementos e medicamentos para aguentar. Essas coisas que normalmente não fazemos no dia a dia se tornam essenciais durante a prova”, explicou Ângela.
Na percepção de Diego “o clima muda o tempo todo: faz frio, esquenta, às vezes chove. O importante é estar sempre se alimentando e se hidratando. Ano passado comi até pizza. Tudo depende do que o seu corpo pede para repor energia.”
Diego e Ângela incentivam a prática das ultramaratonas, mas destacam a importância de um longo período de adaptação, treino consistente e fortalecimento do corpo para evitar lesões.