O mercado financeiro projeta, desde o fim de outubro, que a inflação superará o teto de 4,5% do sistema de metas neste ano. Na semana passada, os analistas dos bancos estimaram que o IPCA somará 4,64% em 2024. inflação tem subido nos últimos meses, pressionada por fatores climáticos, pelos gastos públicos e pela alta do dólar.
Adriana Toffetti/Ato Press/Estadão Conteúdo
O governo elevou sua estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, de 4,25% para 4,4%, em 2024.
A informação consta no Boletim Macrofiscal, divulgado nesta segunda-feira (18) pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda.
Com isso, o governo não espera que a inflação supere o teto de 4,5% do sistema de metas neste ano, algo que o mercado financeiro já estima desde o fim de outubro.
Na semana passada, previsão divulgada hoje, o mercado elevou para 4,64% sua expectativa de inflação para 2024. Foi a sétima alta consecutiva.
Em outubro, o IPCA somou 0,56% e, 12 meses até o mês passado, o índice acumulou uma alta de 4,76%, acima do limite da meta. O objetivo só é considerado descumprido, porém, para anos fechados.
A meta central de inflação é de 3% neste ano – e será considerada formalmente cumprida se o índice oscilar entre 1,5% e 4,5% neste ano.
A política de controle da inflação é uma função do Banco Central, que atua por meio, principalmente, da fixação da taxa de juros.
Se as projeções de inflação estão em linha com as metas, pode baixar os juros. Se estão acima dos objetivos, eleva a taxa Selic. É o que vem acontecendo nas últimas reuniões.
Caso a meta de inflação não seja atingida, o BC terá de escrever e enviar uma carta pública ao ministro da Fazenda explicando os motivos.
O BC vem alertando há meses que a política de aumento de gastos públicos, definida pelo governo federal, sob a coordenação do Ministério da Fazenda, tem pressionado a inflação — obrigando o Copom a ter uma postura mais agressiva com a Selic.
O governo vem analisando há algumas semanas, com o objetivo de manter de pé o arcabouço fiscal, propostas de redução de gastos — ainda não anunciadas.
Além do aumento de despesas, outro fator que tem pressionado para cima a inflação neste ano são as questões climáticas, como a seca, por exemplo, que impactou a energia elétrica e os alimentos.
“Até o final do ano, deverá haver desaceleração nos preços de monitorados [serviços públicos cujas tarifas são reguladas ou autorizadas pelos governos], repercutindo, principalmente, mudanças esperadas nas bandeiras tarifárias de energia elétrica. Os preços livres, no entanto, devem seguir em aceleração, refletindo a dinâmica dos preços de itens mais voláteis, mais afetados pelo câmbio e clima”, informou o Ministério da Fazenda nesta segunda-feira.
🔎Porque isso importa? Quanto maior a inflação, menor é o poder de compra das pessoas, principalmente das que recebem salários menores. Isso porque os preços dos produtos aumentam, sem que o salário acompanhe esse crescimento.
Produto Interno Bruto
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda também elevou de 3,2% para 3,3% sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
💵O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é usado para medir o crescimento da economia.
“Mudanças marginais levaram à revisão na estimativa de crescimento, com destaque para o ligeiro aumento na expectativa de expansão do PIB no terceiro trimestre. Para os próximos dois trimestres, projeta-se crescimento da atividade, embora em ritmo inferior ao observado nos dois primeiros trimestres de 2024”, informou o Ministério da Fazenda.