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Estudo alerta para crescimento urbano desordenado e risco de deslizamentos


Um levantamento do Mapbiomas mostra o perigo das construções em áreas de risco nas capitais brasileiras. “Aqui era área de mangue. Essa área toda aí, tudo enchia. Onde é essa rua aqui, só era só água”, diz a doméstica Maria Isabel Araújo.
“Nos anos 1980, esse era um ambiente preservado, se percebia uma presença de uma vegetação nativa exuberante. Com a reconfiguração urbana dessa região, houve uma mudança principalmente com relação à reorganização social”, afirma Antônio Carlos Castro, doutor em engenharia ambiental.
A área urbana dobrou em quase quatro décadas
Jornal Nacional | g1
Nesse período, as capitais perderam 4,3 mil hectares de vegetação na área urbanizada: o equivalente a seis mil campos de futebol.
No topo da lista estão: Rio Branco, no Acre, e São Luís, no Maranhão. Os dados são do Mapbiomas, num projeto que mapeia e monitora o uso e a cobertura da terra no Brasil.
O estudo traz outro dado que mostra um Brasil urbano que cresce de forma desordenada e preocupante. A ocupação de áreas de encostas, com risco para deslizamentos, cresceu 3,3% nos últimos 38 anos. Atualmente são 16 milhões de brasileiros vivendo em locais como este, na periferia de São Luís. Gente que não teve possibilidade de escolhas.
São pessoas como Bento, que há mais de 30 anos buscou o alto dessa encosta para fincar moradia.
“É porque a gente não tem opção de construir onde não é uma área de risco, você tá entendendo. Aí a gente , pela condição financeira da gente, a gente consegue esses terrenos constrói uma casa esperando a melhoria vir da Prefeitura, do governo do Estado, mas, quando vem é pela metade”, afirma o motorista.
Julio Pedrassoli, um dos coordenadores do Mapbiomas, diz que além de evidenciar as desigualdades sociais, o estudo revela falta de gestão eficiente.
“Ocupações nas áreas de risco são reflexo da falta de planejamento local, em parte, já que os dados existem, planos municipais de redução de risco existem, a quantificação das áreas estão ocupando e quanto precisa gastar, existe; especialmente nas capitais como São Luís. Mas as decisões que nós estamos tomando com relação às nossas cidades estão indo na contramão disso”, diz Júlio, que é pesquisador da Universidade de Michigan nos Estados Unidos.
“Então, esse aumento da ocupação da área de riscos, da área de encosta reflete muito mais a forma como nós estamos deixando as cidades crescerem, os governantes, as políticas urbanas locais, e associada a mudanças climáticas é um dado muito preocupante no momento”, continua.
A Defesa Civil monitora 72 áreas de risco em São Luís – a maioria, em encostas.
“Aqui é um morro e tem vários lugar que tem área de risco que “desbarrera’ no inverno, quando chega o período da chuva que a terra fica mole aí ‘desbarrera'”, diz Bento.
O período chuvoso por aqui deve começar em dois meses, mas Marcelo permanece numa casa condenada pela Defesa Civil. Ele diz que não tem para onde ir.
“Às vezes dá até vontade de vir pra rua, pra não ficar dentro de casa”, conta João Marcelo Coimbra, carpinteiro.
“Existe uma resistência em sair e, muitas vezes, há uma questão de reocupação. Então, a Defesa Civil, ao longo desses anos todos, vem trabalhando, sim, essas situações em encostas”, diz Alessandro Nogueira, superintendente da defesa civil de São Luís.
“É um conjunto de medidas, tanto sociais, tanto econômicas quanto políticas que tem que ser tomadas, mas, na prática existem para aquelas situações que as pessoas já ocuparam, soluções de engenharia, por exemplo”, reforça Júlio Pedrassoli.
A Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos de São Luís (MA) afirmou que, desde de 2021, já executou mais de 40 ações de contenção e estabilização de encostas de áreas de risco.
A Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social disse que acompanha as famílias atingidas durante o período chuvoso e que, ao serem identificadas pela Defesa Civil, elas são acompanhadas pelos Centros de Referência da Assistência Social, o CRAS, para acesso a serviços e benefícios, como o aluguel social.
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