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Testemunha relata diálogo de homem-bomba com outra pessoa antes do ataque ao STF

Imagens de segurança mostram autor do atentado entrando na Praça dos Três Poderes Divulgação

Uma testemunha ouvida pela Polícia Federal (PF) na sexta-feira (15) relatou ter ouvido uma conversa entre Francisco Wanderley Luiz, o homem-bomba responsável pelo ataque ao Supremo Tribunal Federal (STF), e outro homem na madrugada do dia 13 de outubro, data do atentado. O depoimento foi dado por Ailton Bezerra, um morador de rua de 56 anos, que afirmou ter ouvido o diálogo enquanto trabalhava no estacionamento IV da Câmara dos Deputados, onde Francisco havia deixado seu carro e alugado um trailer nas proximidades da Praça dos Três Poderes. A informação é do jornal O GLOBO.

De acordo com o relato de Bezerra, que costuma lavar carros no local, ele estava no estacionamento por volta da 0h30 quando viu Francisco chegar de carro. Minutos depois, ouviu uma conversa entre o homem-bomba e outro indivíduo, que não foi identificado. Segundo Bezerra, o diálogo ocorreu da seguinte forma:

“A porta está aberta”, disse o homem.”Vamos subir para cá”, respondeu Francisco, também conhecido como “gaúcho”, como relatou o morador de rua.

Bezerra não soube informar se os dois chegaram juntos ao local, mas afirmou que frequentemente via Francisco no estacionamento e o conhecia por já ter interagido com ele em outras ocasiões. Segundo ele, Francisco passou a noite no trailer estacionado no local, e, ao longo da madrugada, o som de conversas e movimentações foi ouvido por Bezerra.

No depoimento à PF, Bezerra afirmou que, na manhã do ataque, por volta das 8h15, imagens do circuito interno de câmeras mostraram Francisco acessando o Anexo IX da Câmara dos Deputados. De acordo com a assessoria da Câmara, Francisco teria ido ao banheiro e saído em seguida.

Bezerra ainda disse que viu Francisco de volta ao seu carro às 8h30, mas não percebeu mais ninguém com ele naquele momento. Mais tarde, por volta das 11h, o homem saiu novamente, retornando às 18h, quando pegou uma mochila dentro do veículo e se dirigiu à Praça dos Três Poderes, afirmando que iria a um evento.

Na tarde do dia do ataque, Bezerra viu Francisco se dirigindo à Praça dos Três Poderes, vestido com uma roupa verde estampada com corações. O morador de rua foi quem alertou sobre o incêndio no carro de Francisco após a explosão, enviando áudios para tentar avisá-lo. No entanto, não obteve resposta.

“Ali, ele não falava com ninguém. Ele só conversava com o pessoal dos quiosques, puxava conversa com eles”, disse Bezerra, se referindo aos comerciantes que atuam nas imediações do estacionamento da Câmara.

Bezerra também mencionou que já havia visto Francisco dormindo algumas vezes no trailer, e que o homem também alugava uma casa em Ceilândia, a cerca de 32 km do centro de Brasília, onde a Polícia Militar encontrou mais dois explosivos.

Investigação

A Polícia Federal está investigando se Francisco Wanderley Luiz agiu sozinho ou se teve ajuda de outras pessoas. A PF também apura se ele tinha apoio financeiro ou logístico, e se há possíveis conexões com grupos radicais ou movimentos golpistas que buscam desestabilizar o Estado democrático de direito, como os eventos de 8 de janeiro de 2023.

O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, comentou sobre a investigação na quinta-feira (14):

“A investigação dirá se essa pessoa agiu isoladamente, se houve apoio financeiro ou logístico”, afirmou Rodrigues.

Além de Ailton Bezerra, a PF ouviu outras testemunhas, como o dono de uma loja que vendeu fogos de artifício para Francisco uma semana antes do atentado. O comerciante revelou que Francisco gastou R$ 1,5 mil com os artefatos, sugerindo que ele havia se preparado com antecedência para o ataque. A PF também ouviu seguranças do STF que tiveram contato com Francisco antes de sua morte, após ele explodir uma bomba em sua própria cabeça.

A investigação continua com foco em identificar possíveis cúmplices e esclarecer a origem do financiamento e a logística envolvida na preparação do ataque.

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