O que era para ser uma simples expedição com alunos universitários resultou na coleta de uma nova espécie de anêmona em Ubatuba, litoral norte de São Paulo. Sérgio Nascimento Stampar, professor do Departamento de Ciências Biológicas da Unesp de Bauru, disse que a descoberta foi “quase um acidente”.
Conforme informações do R7, a anêmona-do-mar foi encontrada há dois anos, enquanto o grupo acompanhava um arrasto de camarões a cerca de 500 metros da costa.
A espécie foi achada sobre conchas de caramujos marinhos a uma profundidade de 5 a 20 metros. De acordo com o professor, a turma não imaginava se tratar de um exemplar novo. “E muito menos que seria uma família nova, algo muito raro de acontecer atualmente, em especial em um local tão povoado”.
A nova espécie, Antholoba fabiani, e a nova família, Antholobidae, foram registradas em 2024, por meio de um artigo científico na revista Marine Biodiversity. O nome da nova espécie homenageia Fabián Acuña, um dos poucos especialistas em anêmonas na América do Sul.
“Essa espécie poderia até mesmo ser extinta sem ser conhecida, pois muitos indivíduos devem ser coletados diariamente e provavelmente mortos em arrastos de camarão”, explicou o professor ao falar sobre a importância de novos estudos em biodiversidade.
Descoberta de nova espécie foi comprovada
O doutorando colombiano Jeferson Durán Fuentes, orientado por Stampar, constatou diferenças morfológicas na anêmona encontrada em São Paulo durante pesquisa no Laboratório de Evolução e Diversidade Aquática da Faculdade de Ciências da Unesp.
A nova espécie de anêmona possui coloração marrom na coluna e tentáculos brancos, além de uma parte do corpo, chamada disco oral, ter formato de copo, o que a diferencia de outros exemplares já conhecidos.
“Antholoba achates, uma espécie evolutivamente próxima, é reportada do Sul do Brasil até a Patagônia, Chile, Peru e Nova Zelândia. Pode ser encontrada em várias cores, como amarelo, avermelhado, branco, entre outras”, comparou Fuentes, um dos autores do artigo científico sobre a nova anêmona.
“Como as anêmonas apresentam grande variação morfológica, é comum que alguém afirme ter encontrado uma nova espécie, mas precisamos sempre de dados moleculares para confirmar”. Por conta disso, foram usados dados de DNA para atestar a descoberta.
Como a comprovação envolvia estudos de espécies que não ocorrem só no Brasil, foi necessário apoio internacional. A pesquisa para o artigo, que durou cerca de dois anos, contou com a colaboração de cientistas da Universidade Nacional de Mar del Plata, na Argentina, e da Ohio State University, nos EUA.
*Com informações do R7