Camilla Britto viralizou ensinando chineses a dançar ritmo do “rock doido”, comuns nas festas de aparelhagens da região norte. Veja trajetória da dançarina profissional. Dançarina paraense Camilla Britto faz sucesso na China
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Camila Brito, uma jovem de 25 anos, superou grandes desafios e hoje brilha como dançarina na China, onde compartilha conteúdos sobre a cultura e o ritmo do Pará aos mais de 57 mil seguidores nas redes sociais.
Em um de seus vídeos mais recentes, Camilla chamou atenção por ensinar mulheres chinesas sobre a “tremidinha”, passo muito usado pelo ritmo do tecnomelody em festas de aparelhagens na região norte. O vídeo viralizou e já alcançou mais de 120 mil visualizações.
Veja as cenas abaixo:
Da periferia de Belém à China: dançarina destaca tecnomelody do Pará e faz sucesso na inte
O sucesso foi tanto que levou a dançarina profissional a compartilhar mais conteúdos sobre dança, feitos nas ruas de Xining, região norte da China, onde mora atualmente. Para ela, a dança é mais que um trabalho, é uma missão de representar suas raízes e inspirar outros jovens.
“Sinto muita falta do Pará todos os dias, do rock doido, da culinária e principalmente da minha família. Esses conteúdos me aproximam de casa e ajudam a difundir minha cultura”, afirma.
Uma trajetória de luta e sonhos
Nascida na periferia do Barreiro, na capital do Pará, em Belém, Camila cresceu em um ambiente de limitações financeiras, mas sempre viu na dança uma forma de escapar das dificuldades.
A trajetória na área começou através de aulas de danças gratuitas oferecidas a comunidades de baixa renda na capital paraense. A partir daí, Camilla se encontrou e hoje não se ver em outra profissão.
Dançarina paraense Camilla Britto compartilha inicio da carreira em Belém
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Eu sou filha de mãe solteira, preta e periférica. Desde muito cedo aprendi que, para conquistar algo, eu precisaria lutar muito mais”, relembrou a dançarina.
Com dedicação, ela se destacou no estado natal, participando do grupo de dançarinos de artistas, como Manu Bahtidao, DJ Lorran, Rebeca Lindsay, Felipe Cordeiro, Aretuza Lovi, Aparelhagem Crocodilo, Gang do Eletro, Keila Gentil, AR 15, Super Pop e outros.
Destaque em São Paulo e oportunidade em NK
A grande virada veio quando Camila decidiu arriscar e se mudou para São Paulo, onde enfrentou um recomeço sem qualquer contato no mundo da dança.
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No maior mercado de dança do Brasil, a paraense conseguiu conquistar bolsas nas renomadas escolas Millennium e DeptCult, em apenas um ano, foi selecionada para representar o Brasil em Nova York.
“Dançar na Times Square e no Central Park foi surreal. Eu estava lá representando minha cultura, ao lado de dançarinos que também eram do Norte e de origem indígena”, relembra.
Dançarina paraense Camilla Britto em Nova York
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Tomorrowland, Zé Felipe e Reality Show
Camila também dançou no Tomorrowland, considerado um dos maiores festivais de música eletrônica do mundo, além de integrar o balé do cantor Zé Felipe.
Ela explica que esses feitos foram frutos de audições e muita persistência: “Cada projeto que entrei foi por audição, sem indicações. Essa conquista foi algo que lutei com muita força para alcançar”.
Além disso, foi uma das selecionadas para um reality show que ocorreu em Porto Alegre com dançarinos de todo Brasil onde foi a única representante da região norte.
Novo lar na China e choque cultural
Após tantas experiências, Camila aceitou uma proposta de trabalho na China e, há quatro meses, está morando na Ásia Oriental.
Entre a correria do trabalho, ensaios, academia, alimentação e estudos, a paraense também se dedica a produção de conteúdo que a tem rendido muito sucesso.
Dançarina paraense Camilla Britto faz sucesso na China
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Outro ponto foi a adaptação ao país asiático que trouxe desafios, especialmente pelo padrão de beleza distinto, que a fez temer pela aprovação de seu visto.
“Aqui, tatuagens e a cor da minha pele chamam a atenção. Cheguei a ficar receosa, mas estou me adaptando aos olhares e até faço vídeos sobre isso”, diz.
A viralização e a representação cultural
A popularidade de Camila explodiu nas redes sociais ao compartilhar vídeos ensinando danças brasileiras para chinesas.
“Ver a nossa cultura atravessar fronteiras e contagiar o público daqui é um orgulho imenso. Eu quero continuar levando o Pará e a cultura brasileira cada vez mais longe”, afirma.
Apesar do sucesso, as críticas também são inevitáveis, recentemente alguns comentários sobre a dança periférica do Pará foram expostos em uma das publicações da paraense.
Situação que anteriormente já ocorreu com a cantora Gaby Amarantos que chegou a compartilhar nas redes sociais como as pessoas achavam que o ritmo do tecnomelody era “música de bandido”.
Futuro e saudade
Camila sonha em seguir representando sua cultura enquanto ajuda a família no Brasil. Para ela, cada conquista é uma forma de retribuir as lutas que viveu.
“Nada é fácil, mas eu sei que estou aqui para realizar não só meus sonhos, mas os da minha mãe e de todos que sempre acreditaram em mim”, finalizou.
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