O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, disse que há indícios de que o autor do atentado planejou tudo por um longo período: ‘Grau de lesividade muito grande’. PF trata explosões em Brasília como crime de terrorismo
A Polícia Federal está investigando os eventos na Praça dos Três Poderes, em Brasília, como crime de terrorismo.
Em uma entrevista, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, disse que há indícios de que o autor do atentado planejou tudo por um longo período e ressaltou o potencial destrutivo do material encontrado.
“Foram construídas de maneira artesanal, mas com um grau de lesividade muito grande, com vários agentes ali, com artefatos de fragmentação que simulam uma granada. Isso, de fato, poderia causar um dano ainda maior se houvesse o intento concluído dessa pessoa. Além disso, essa pessoa portava com ela um extintor de incêndio carregado de combustível, de gasolina, que simula também um lança-chamas. No porta-malas do veículo, vários fogos de artifício montados, estruturados, inclusive apoiados em tijolos para que fossem canalizados para uma única direção. E também esse trailer, que já foi alugado há alguns meses, não foi uma coisa bem recente, e que estava em um ponto estratégico, nas proximidades do STF, o que aponta para, de fato, um planejamento de médio, talvez de longo prazo”, diz Andrei Rodrigues.
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Andrei Rodrigues também falou que a PF vai investigar se Francisco participou dos atos golpistas de janeiro de 2023, quando estava em Brasília.
Francisco também esteve na capital no dia 24 de agosto, e participou de uma visita guiada no STF – Supremo Tribunal Federal. Na rede social, tem uma foto dele dentro do plenário da Corte, mas não há data exata de quando a foto foi tirada.
Na manhã de quarta-feira (13), imagens do circuito interno da Câmara dos Deputados mostram ele se identificando na segurança, passando pelos detectores de metais. Segundo a assessoria da Câmara, ele foi ao banheiro e não visitou gabinetes.
Vídeo mostra momento em que homem detona explosivos em frente ao STF
O diretor-geral da Polícia Federal disse que a investigação vai apontar se houve a participação de outras pessoas. A PF investiga as explosões como crime de terrorismo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Andrei Rodrigues disse que os policiais estão fazendo perícias, cruzando informações, reunindo postagens em redes sociais e colhendo depoimentos.
Uma das pessoas já ouvidas pela Polícia Federal foi a ex-mulher de Francisco Wanderley. Ela disse que tudo foi planejado única e exclusivamente por Francisco; que ele alugou a quitinete pela primeira vez em março ou abril de 2022, quando esteve em Brasília para “observar a movimentação”; e que já naquela época ele tinha a ideia de eliminar os ministros do STF; e que acredita sinceramente que não existem outras pessoas envolvidas, a não ser que, nesses três meses em que ele ficou em Brasília, tenha feito algum aliado.
Ainda na entrevista, Andrei citou uma declaração da ex-mulher de Francisco em que ela relata ameaças ao ministro do STF Alexandre de Moraes:
“O próprio áudio dessa senhora é muito categórico e há outras mensagens de redes sociais, inclusive enviadas para o próprio Supremo ameaçando a Corte como um todo. Ou seja, não só o ministro Alexandre de Moraes. Mas, especificamente nesse caso, a fala dessa senhora dizendo que o alvo dessa pessoa era, sim, o ministro Alexandre de Moraes”.
Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal
Jornal Nacional/ Reprodução
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