O vizinho de Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, autor das explosões em Brasília, em frente aos prédios do STF (Supremo Tribunal Federal) e da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (13), contou à RBA TV como era a rotina do homem, no período em que viveu em Rio do Sul.
Francisco, conhecido como Tiü França, tinha 59 anos e morreu em frente ao Supremo Tribunal Federal ao detonar uma bomba. Ele trabalhava como chaveiro e morou em Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí. Francisco teria se mudado para Ceilândia, cidade satélite da capital federal, há quatro meses, desde que se separou da esposa.
Em 2020, ele chegou a se candidatar a vereador na cidade, mas recebeu apenas 98 votos e não foi eleito. Em publicações nas redes sociais, Francisco sugeria ataques com bombas contra políticos. O homem creditava na existência do QAnon (teoria de extrema-direita em que adeptos da esquerda são adoradores de Satanás, pedófilos e canibais).
Além disso, também publicava frequentes críticas aos ministros do STF, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos líderes da Câmara dos Deputados e Senado Federal. Em postagens recentes, ele escreveu que o dia 15 de novembro, feriado de Proclamação da República, seria “especial para iniciar uma revolução”.
Vizinho citou “rotina tranquila”
Na casa no bairro Budag, em Rio do Sul, Altair de Souza, vizinho da casa onde Francisco Wanderley Luiz morou, relatou que nunca imaginaria algo parecido. “Pessoa boa, não tinha estresse. Se tivesse, ele guardava pra ele. Nunca vi ele batendo, quebrando alguma coisa, nada. Toda vida normal”, disse.
O vizinho ainda relatou o susto ao descobrir o que tinha acontecido. De acordo com ele, Francisco teria dito que iria morar na praia por um tempo e ajudar um dos filhos que possui uma empresa no Litoral Norte de Santa Catarina. “Falou que ia ficar um pouco pra lá, porque o filho dele já estava dominando chaveiros, sabia fazer tudo, né? Aí ele foi tirar umas férias”.
Altair disse que quando os primeiros detalhes sobre as explosões em Brasília começaram a aparecer, ficou sem acreditar. “Eu tava dormindo, aí a polícia bateu lá, perguntando. Aí me falaram, mostraram pra mim no vídeo. Até então eu achei que ele tava em Itapema”.
Sequência das explosões em Brasília
Segundo o R7, o carro de Francisco, autor das explosões em Brasília, foi o primeiro a explodir, por volta de 19h30. Vídeos feitos por pessoas que estavam no anexo 4 da Câmara mostram o momento em que o carro pega fogo, e é possível ouvir estouros que parecem ser de fogos de artifício.
Na sequência, aconteceram as explosões em frente ao prédio do STF, perto da estátua ‘A Justiça’. Francisco Wanderley Luiz acionou ao menos duas bombas em um intervalo de 18 segundos. Os dois locais das explosões ficam a aproximadamente 450 metros um do outro.
Ainda, de acordo com o relato de testemunhas, a ação de Francisco terminou quando ele acionou a última bomba, a colocou na cabeça com um travesseiro e deitou no chão, até que aconteceu a explosão.
Polícia Federal fez operação na propriedade de autor
A PF (Polícia Federal) e Polícia Militar estiveram, na manhã desta quinta-feira (14), na propriedade de Francisco Wanderley Luiz, em Rio do Sul. Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (14), a PF explicou que foram apreendidos materiais explosivo e um celular.
Além disso, a Polícia Federal também contou que em vasculhas feitas na residência do autor, em Ceilândia, no Distrito Federal, ao abrir uma gaveta, houve uma explosão. Felizmente, a PF entrou na casa com um robô e não houve feridos.
Conforme o R7, a Polícia Civil do Distrito Federal e a Polícia Federal investigam o caso. A principal suspeita é de que Francisco seja o único envolvido nas explosões em Brasília.
Peritos da PF (Polícia Federal) vão reconstituir o cenário das explosões em Brasília, na praça dos Três Poderes. O método será o mesmo utilizado para a investigação dos ataques de 8 de janeiro, quando os mesmos prédios foram depredados.