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Guaicurus tem 4 mil mulheres trabalhando; estudo revela perfil e demandas das prostitutas


360 profissionais do sexo foram entrevistadas em pesquisa da Puc Minas Um estudo da PUC Minas revelou o perfil e as demandas das prostitutas que trabalham na Rua Guaicurus, hipercentro de Belo Horizonte. O levantamento apontou que existem cerca quatro mil trabalhadoras sexuais em 24 hotéis com mulheres cis e trans. 360 profissionais responderam a um questionário que poderá servir de base para implementação, por exemplo, de políticas públicas e de saúde. Uma das principais lutas dessas mulheres diz respeito a direitos, como ressalta Márcia Mansur, coordenadora da pesquisa.
“O trabalho ajuda a dar visibilidade para o tema, a dar uma valorizada no trabalho sexual, a chamar as políticas públicas para realmente agir em torno da proteção dessas mulheres em termos de saúde, em termos de acesso às questões e direitos jurídicos, a questões ligadas à educação, ligadas à assistência social,” enfatiza.
A representante do Clã das Lobas, entidade que atua em favor delas, conhecida como Jade, reforça que é preciso pensar na prostituição como um trabalho qualquer. Quase 70% das prostitutas disseram ser a favor da regulamentação do trabalho sexual.
“Eu tenho garantia de direitos pela constituição. Eu quero que eles sejam reconhecidos. Não estou pedindo favor. Quem pensa na moradia da trabalhadora sexual, quem pensa na aposentadoria, questiona” .
Violência nos hotéis
A pesquisa mostrou que 74% das mulheres da Guaicurus já sofreram discriminação ou violência. 267 entrevistadas responderam que passaram por algum tipo de discriminação ou violência ao longo da vida. Quando perguntadas sobre as impressões da profissão, 190 disseram ter alguma dificuldade no exercício da função. Preconceito e estigma, ter de levar uma vida dupla, marginalização, vulnerabilidade social, solidão, insalubridade, falta de direitos trabalhistas foram as principais respostas.
Trabalhadora sexual na rua Guaicurus
Esley Rezende – TV Globo
O endereço conhecido pela boemia retratado no cinema, na literatura e na televisão, com sua obra mais famosa, a minissérie Hilda Furacão da TV Globo, surgiu com a capital Belo Horizonte, como explica a professora da Puc Minas Luciana Andrade, que publicou um artigo relacionado ao território da Guaicurus. A localidade pode ser dividida em marcos temporais. O primeiro deles, entre 1897, ano da fundação da cidade, e o final da década de 1920, marcado pela predominância da prostituição feminina, concentrada em cabarés localizados nas áreas baixas do centro e o último e atual, com a presença dos hotéis com mulheres majoritariamente.
“Desde o início da cidade elas estão naquele lugar,” finaliza.
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