Concórdia é a sede dos Jogos Abertos de Santa Catarina, mas a praia do Matadeiro, em Florianópolis, tornou-se o primeiro local a receber o surfe nos mais de 60 anos da mais tradicional competição esportiva do Estado, nesta sexta-feira (8). No reduto do sul da Ilha foi surfada a “onda fundamental” do esporte na disputa.
O surfe ainda é uma modalidade de apresentação, que não conta pontos para o ranking geral, mas os 11 municípios que se inscreveram coloriram o canto esquerdo do Matadeiro com suas bandeiras, uniformes e torcidas, enquanto na água as lycras das cores branca, azul, vermelha e amarela identificavam os 70 surfistas. Foram 48 homens e 22 mulheres que participaram desse marco na modalidade.
Presidente da Federação Catarinense de Surf (Fecasurf), Renato Mello celebrou a iniciativa de ter a modalidade na principal competição poliesportiva do Estado. Segundo ele, a estreia foi como uma nota 10 no mar.
“Esse é um momento histórico para toda a comunidade do surfe. Estávamos tentando há alguns anos colocar o surfe como modalidade de apresentação e conseguimos. Deu para convencer o Conselho Estadual do Desporto, Fesporte e o Governo do Estado da importância da modalidade estar dentro nos Jogos Abertos. Abrimos com o pé direito no Matadeiro, com altas ondas e céu azul”, comentou Mello, além do forte vento sul que ajudou na condição do mar.
Por sinal, conhecer bem as ondas do Matadeiro foi um diferencial para o finalista Lucas Haag. O jovem talento do surfe catarinense conseguiu o primeiro tubo da competição, mesmo curto, para já saber todos os ‘atalhos’ da praia.
“Peguei o primeiro tubo, sou local aqui da praia do Matadeiro e tenho um conhecimento aqui, acho que tô na frente da galera de outras cidades. O surfe no Jasc traz mais visibilidade, tenho outros amigos que participam dos Jogos em outros esportes e fico muito feliz em ver o surfe entrando no campeonato”, comentou.
Família boa de onda
Tainá Hinckel é uma das principais surfistas do Brasil na atualidade, foi nona colocada nos Jogos Olímpicos de Paris e tem no currículo o título de campeã brasileira profissional, isso com apenas 21 anos. A local da Guarda do Embaú esteve no Matadeiro para torcer pela equipe de Palhoça, que contou com a presença do irmão dela, o também surfista Wayan Hinckel, 10 anos mais velho.
“Foi muito legal poder assistir ele e estar de volta ao Matadeiro, lugar que gosto bastante, para torcer para o time da Guarda do Embaú. Comecei a surfar com seis anos e o meu irmão já surfava, ele foi um dos meus principais incentivadores, e é sempre bom acompanhá-lo e surfar junto”.
A família Hinckel é inteira ligada ao surfe. Além dos irmãos, o pai Carlos Kxot produz pranchas e surfa muito, segundo relato dos próprios filhos. Essa sinergia familiar tem se refletido no orgulho que o irmão mais velho Wayan tem com a irmã mais nova.
“Começou com meu pai, depois eu trilhei por um tempo, e aí veio ela atingindo objetivos maiores que tanto eu quanto ele atingimos é motivo de muito orgulho. Poder fazer parte disso tudo é muita emoção, um trabalho árduo, e a gente fica por trás para ajudá-la em tudo que precisa”, disse Wayan, que acabou não se classificando para as finais do Jasc.
Classificação final do surfe no Jasc
Masculino
- 1º – Luan Wood (Florianópolis) – 12,15
- 2º – Santiago Muniz (Bombinhas) – 11,15
- 3º – Lucas Haag (Florianópolis) – 10,90
- 4º – Léo Casal (Florianópolis) – 7,25
Feminino
- 1º – Maia Carpinelli (Garopaba) – 12,50
- 2º – Kiany Montoja (Florianópolis) – 9,70
- 3º – Potira Castaman (Florianópolis) – 8,65
- 4º – Maria Autuori (Palhoça) – 5,75