O acidente nuclear de Chernobyl, em 1986, deixou uma zona de exclusão que cobre 2.800 km² no norte da Ucrânia. Com isso, o local se tornou um refúgio natural, atraindo pesquisadores e especialistas do mundo todo.
Rãs-verdes de Chernobyl surpreendem cientistas pelo nível de radiação
Até um tempo atrás, se acreditava que a radiação presente na área provocaria deformidades físicas e genéticas nos animais que vivem na região.
Mas, rãs-verde orientais, estão resistindo bem à exposição prolongada à radiação. Em uma pesquisa recente, publicada na revista Biology Letters, cientistas estudaram quase 200 rãs-verdes orientais que habitam a zona de radiação.
Todos os indivíduos tinham entre dois e nove anos, e foram monitorados para avaliar possíveis impactos da radiação em seus corpos e comportamentos.
Surpreendentemente, os pesquisadores descobriram que a exposição contínua à radiação não afetou de maneira significativa a longevidade ou os hormônios de estresse desses anfíbios.
Além disso, segundo o R7, não foi observada nenhuma relação entre a quantidade de radiação absorvida e a integridade dos telômeros marcadores biológicos ligados ao envelhecimento celular.
Esses resultados desafiam décadas de especulação científica sobre o impacto negativo que a radiação de Chernobyl poderia ter sobre a vida selvagem da região.
Ao contrário das descobertas realizadas em outras espécies, como roedores, que apresentaram uma redução drástica na expectativa de vida quando expostos à radiação, as rãs-verdes orientais parecem ter desenvolvido uma resiliência notável.
A pesquisa sugere que os níveis de radiação no local, agora muito reduzidos em relação aos primeiros anos após o desastre, podem não ser tão prejudiciais quanto se acreditava anteriormente.
Além de abrir novas perspectivas sobre a capacidade de adaptação de algumas espécies em ambientes extremos e desperta uma importante reflexão sobre como a vida selvagem reage a desastres nucleares.
As conclusões preliminares sugerem que a fauna de Chernobyl pode estar desenvolvendo mecanismos únicos de adaptação, um fenômeno que, se melhor compreendido, pode trazer novas percepções para a conservação de espécies em áreas contaminadas ao redor do mundo.