O motorista do Porsche amarelo que atropelou e matou o motociclista Pedro Kaique Ventura, em julho deste ano, dirigia a 102,3 km/h no momento da colisão, de acordo com o laudo técnico da Polícia Científica de São Paulo divulgado nesta quarta-feira (6). O acidente aconteceu na avenida Interlagos, em Santo Amaro, zona sul de São Paulo.
De acordo com a perícia, a velocidade do veículo no momento do impacto foi mais que o dobro da velocidade permitida na via, que é de 50 km/h. O motorista, Igor Ferreira Sauceda, havia declarado anteriormente à Polícia Civil que dirigia entre 60 e 70 km/h. No entanto, o laudo contradiz essa alegação, indicando que a velocidade estava bem acima do limite.
“Através da avaria registrada no momento exato da colisão, a unidade do PSM registrou uma velocidade de 102,375 km/h no momento do impacto,” aponta o laudo técnico-científico obtido pelo UOL.
O relatório foi solicitado pela Justiça de São Paulo após a juíza Isabel Bgalli Rodriguez manifestar preocupação com a demora na liberação do resultado da perícia, considerando que já se passavam cinco meses do acidente e o réu se encontrava preso.
Igor Sauceda é réu no caso e segue preso preventivamente
Igor Sauceda, dono do Porsche, já se tornou réu no caso e permanece detido. Ele está preso preventivamente em uma unidade prisional na Grande São Paulo. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou o pedido de habeas corpus de sua defesa, que tentava a libertação do motorista. A decisão foi tomada na última quarta-feira (30) pelo ministro Joel Ilan Paciornik. Com isso, Sauceda continuará preso por tempo indeterminado.
Em agosto, a Justiça já havia negado o pedido de liberdade do réu, e a defesa tentou suspender o prazo para resposta à acusação até que o laudo da Polícia Científica fosse concluído. Esse pedido foi aceito pela juíza responsável pelo caso.
Relembre o acidente
O caso teve grande repercussão após imagens de câmeras de segurança mostrarem que o motorista do Porsche perseguiu a moto de Pedro Kaique Ventura momentos antes do acidente. A motocicleta ficou completamente destruída após a colisão, e o Porsche apareceu atravessado na avenida. O motociclista, que não resistiu aos ferimentos, foi socorrido ao Hospital do Grajaú, mas faleceu logo depois.
A namorada de Igor Sauceda, que estava no banco do passageiro, também foi levada ao hospital, mas com ferimentos leves. Testemunhas relataram que o acidente teria ocorrido após uma briga de trânsito, com o Porsche se aproximando rapidamente da moto antes do impacto fatal. Após a colisão, populares abordaram o motorista, questionando-o sobre o ocorrido: “Você matou o cara da moto por causa do retrovisor do seu carro”, disseram, mas Igor negou que esse fosse o motivo do acidente.
Versão da defesa
O advogado de Igor Sauceda, Carlos Bobadilla, afirmou que o motorista estava voltando do trabalho no momento da colisão. Em declarações à imprensa, Bobadilla descreveu seu cliente como “um cara trabalhador, honesto, do bem”, e ressaltou que Igor nunca teve antecedentes criminais. O advogado também informou que o réu não estava sob efeito de álcool durante o acidente.
A defesa de Igor Sauceda ainda não se manifestou oficialmente sobre o laudo técnico divulgado pela Polícia Científica. O espaço permanece aberto para o posicionamento do advogado sobre as novas evidências apresentadas no caso.
Porsche lamenta morte e nega vínculo com motorista
“É com profundo pesar que a Porsche lamenta o acidente que vitimou Pedro Kaique Figueiredo. Apresentamos nossas mais sinceras condolências à sua família e amigos. A Porsche Brasil reafirma seu comprometimento com a segurança nas estradas e o respeito às normas estabelecidas no Código Nacional de Trânsito. A empresa não possui qualquer vínculo com o motorista envolvido no acidente. Investimos extensivamente em programas de treinamento de condução como forma de ampliar a segurança no uso dos automóveis. Além disso, oferecemos um portfólio de oportunidades para utilização dos veículos em ambientes seguros e controlados. Que a lembrança deste e de outros trágicos acontecimentos inspire a reflexão e a promoção de uma conduta mais segura e responsável”. Porsche, em nota enviada ao UOL