No dia do aniversário do parque mais famoso de Uberlândia, descubra qual a origem da água que cai 24 horas por dia. Veja também como a urbanização pode prejudicar o espaço de lazer e histórias inusitadas vividas por quem passou pela ‘bica’. Bica do Parque do Sabiá, em Uberlândia
Guilherme Gonçalves/g1
Todo morador de Uberlândia e muitos turistas que visitam o Parque do Sabiá com certeza já viram, conhecem e até passaram pela “bica” instalada na Avenida Anselmo Alves dos Santos, do lado de fora do complexo de lazer. A calha que jorra 24 horas por dia se tornou famosa e um ícone da cidade.
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E talvez, esses moradores e turistas tenham feito a mesma pergunta e não tenham obtido a resposta: de onde vem e para onde vai essa água?
No aniversário de 42 anos do Parque do Sabiá, comemorado nesta quinta-feira (7), o g1 responde à questão e mostra a importância do espaço para a hidrologia urbana e como a urbanização tem prejudicado o espaço. Veja também histórias de pessoas que passaram com o carro pela bica e viveram situação inusitada.
De onde vem e para onde vai
Provavelmente, a resposta mais rápida para a questão de onde vem a água é de que ela sai de uma nascente. A explicação está parcialmente certa, afinal, o Parque do Sabiá tem cinco nascentes espalhadas pelos 1.912.500 metros quadrados.
“Uma fica dentro do zoológico, uma fica próxima à rodovia, uma perto da lagoa, que é para onde a água corre, uma próxima a um dos campos, e a última próxima à piscina olímpica”, disse a arquiteta da Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel), responsável pela administração do parque, Karen Iwata.
No entanto, a resposta para a pergunta principal é um pouco mais complexa. Segundo a arquiteta, todas as nascentes seguem o curso natural, seja levando para a lagoa ou encontrando diretamente o leito do Córrego Jataí, canalizado logo abaixo da Avenida Anselmo Alves dos Santos.
“A água da bica não é de apenas uma nascente, mas sim, canalizada do lago do Parque. Dali, a água que cai da bica e não é usada vai para uma galeria subterrânea, que a joga para a Córrego Jataí, onde encontra a água de todas as nascentes”, explicou Iwata.
Bica do Parque do Sabiá jorra água 24 horas por dia
Guilherme Gonçalves/g1
E mesmo tendo parte da origem de nascentes, a água que sai da bica não é potável, sendo que o consumo humano não é recomendado e o uso bem específico.
“A água do lago, que vai para a bica, é proveniente das nascentes e da chuva e não é potável, pois não passa por nenhum tratamento. Ela serve apenas para fins de atividades que não necessitam de tratamento, como terraplanagem e irrigação, por exemplo”, afirmou a arquiteta.
Ainda de acordo com Karen Iwata, a bica nem sempre esteve onde está atualmente, sendo movida de lugar para melhorar o fluxo de pessoas e veículos no complexo de lazer.
“Até o começo dos anos 90, as pessoas e empresas pegavam a água dentro do parque. Com o passar do tempo e com o aumento do fluxo de pessoas, a água foi canalizada para onde ela está instalada, sem a necessidade de acessar a área interna do complexo”.
E se qualquer tipo de veículo pode simplesmente passar por baixo da bica, removendo sujeiras e impurezas, e a água seguirá até o Córrego Jataí, tudo ali pode estar contaminado? Não é bem assim.
Conforme a arquiteta, o espaço passa por manutenção constante. E antes que a água chegue ao leito do córrego, ela passa por uma galeria com sistemas de retenção.
“Temos parceria com a Secretaria de Meio Ambiente, que mantém o espaço da bica limpo, com sistemas parecidos com filtros, para evitar que grandes impurezas caiam no Córrego Jataí”, finalizou Karen Iwata.
Histórias inusitadas
E por jorrar água 24 horas por dia e de fácil acesso para quem passa pelo parque, a bica já proporcionou algumas situações inusitadas para moradores de Uberlândia e turistas.
Entre elas está a de uma nail designer, que preferiu não se identificar, e o marido dela, que ao passarem pela bica tiveram o carro invadido pela água. Veja o vídeo abaixo.
“Inventamos de fazer o que víamos todo mundo fazendo… lavar o carro na bica. O que me rendeu foi o carro cheio de água e um trauma básico”, disse em tom de brincadeira.
Segundo ela, a água entrou por baixo do carro e a situação ainda provocou uma pane elétrica no carro. Veja o vídeo abaixo.
“[O carro] teve que ficar dias aberto no sol. Ficou fedendo horrores. Não tivemos que arcar com consertos, pois voltou a funcionar depois que secou”.
E depois do trauma, o casal nunca mais passou pela bica.
“Nunca mais, Deus me livre. É uma daquelas coisas que acontecem e te faz entender quando a mãe fala que não somos todo mundo. Estamos com nosso sobrevivente desse alagamento até hoje”, finalizou.
Casal tem carro alagado ao passar pela bica do Parque do Sabiá, em Uberlândia
Outro que viveu situação parecida foi Kenisson Vittor.
“Eu e dois amigos estávamos passando pelo local, quando decidimos ‘lavar’ o carro e quando nos demos conta, a água já estava invadindo o carro. A gente caiu na risada e, graças a Deus, não aconteceu nada ao carro, tirando o odor e o trabalho de limpar depois”. afirmou.
De acordo com ele, não houve nenhum dano ao funcionamento do veículo.
“Segundo nos contaram, a água entrou pela entrada de ar do carro”, finalizou.
Amigos passam na bica do Parque do Sabiá e carro fica alagado
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